Oziel fala sobre a 2ª LajeGallery, que acontece neste sábado.

Fotos: Divulgação.

Renato Acha

A segunda edição da LajeGallery ocorre neste sábado (28 de abril) a partir das 17 horas na SCLRN 716 – Bloco E – Entrada 18 e reúne 21 artistas e coletivos que apresentam obras em um espaço que se contrapõe à galerias e museus e provoca uma reflexão sobre o papel da arte, sua difusão e comercialização.

A proposição de um espaço alternativo desvincula os criadores de instituições e dos meandros tradicionais, que muitas vezes até atrapalham a chegada do produto artístico ao consumidor final, o público, que terá uma oportunidade única de viver uma experiência diferenciada no contexto das artes visuais em Brasília, onde artistas e admiradores da arte se unem em um intercâmbio informal e proveitoso.

 

Oziel Primo Araújo aka Oziel teve a ideia há cerca de um ano e conta mais detalhes sobre a LajeGallery ao Acha Brasília:

Acha – Como e quando surgiu o LajeGallery?

Oziel – “Agora em abril completa um ano que fiz a primeira LajeGallery. Na verdade a ideia de ocupar a laje do prédio onde moro para fazer uma galeria surgiu na forma de uma indivivual que gostaria de fazer para mostrar um novo trabalho. Queria um lugar fácil de ocupar, sem edital, sem burocracia, daí subi na laje para ver o sol se pondo e tive a ideia de fazer a exposição.

Mas depois desisti e conversando com Milton Marques, chegamos a conclusão que seria legal chamar vários artistas e fazer uma exposiçao coletiva mesmo. A gente também pensou em negociar os trabalhos dos artistas por um preço menor do mercado, porque conhecia umas duas ou três pessoas que estavam interessadas em comprar arte contemporânea. Este também é o objetivo da LajeGallery”.

 

Acha – Como funciona a reunião dos artistas?

Oziel – “A gente chama uns amigos artistas, os amigos artistas chamam outros amigos artistas, apareceram pessoas querendo participar enviando e-mails, e assim por diante…. Agora também gosto da ideia de trabalhar com pessoas que querem construir outros lugares para colocar suas ideias, que estão incomodadas com a política dos lugares tradicionais e estão fora deles, então essas pessoas precisam construir outros lugares para suas ideias, logo a LajeGallery é um lugar”.

 

Acha – Qual a importância de se agrupar artistas em prol de uma ação única, com a força de um coletivo?

Oziel – “Temos uma reunião de artistas um tanto quanto irônica nesta segunda edição. Temos Di Calvalcante, que é totalmente institucionalizado, e tambám Nelson Leirner, misturados com artistas  que estão começando e outros importantes e conhecidos da cidade. É tudo misturado mesmo e vejo que é isso que traz a qualidade pro evento.

Um outro exemplo desse tipo de evento era a mostra de video ÚltimaQuarta, que fazia e da qual fui muito criticado por realizar. Tinha video de tudo quanto é linguagem e qualidade, e no final a gente tinha um público enorme nas edições e as pessoas viam qualidade no evento e na mistura das linguagens”.

Oziel e o performer José Eduardo Garcia de Moraes.

Oziel ainda sugere a leitura de um manifesto em que descreve a ideia da galeria:

“Em Brasília vivemos uma cidade cada vez mais institucional, robotizada, onde para conseguir habitar temos que ser os mesmos, ter o mesmo perfil e todos desejando as mesmas coisas. Aqui os impostos, o aluguel, o burocrático nos impedem de novas possibilidades de sobrevivência, e o estado está incumbido e responsável por organizar e adestrar os nossos desejos.

Aqui o que nos abre as portas para o ‘mundo’ é participar das gangues institucionais para o estilo de ser/carimbo. E essa arquitetura metódica? Ela abre uma rachadura…!! Para uma outra ocupação, uma ocupação do precário, portanto para invenção. E o irônico é ação inventiva, sendo as vozes: ferramentas/marretas que nos restam como cartaz branco para gritar contra a civilidade/barbárie. Aqui nesta laje talvez seja uma volta ao primitivo que o futuro nos indica, um exercício para outra vivência, onde teremos que nos arrastar, mendigar, nos zerar e rebolar para outras experiências”.

Serviço: 2ª LajeGallery

Data: 28 de abril de 2012 (sábado) a partir de 17 horas

Local: LajeGallery (SCLRN 716 – Bloco E – Entrada 18)

Acesso Livre

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