Pernambuco reina na premiação do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.

Marcello Gomes e equipes dos filmes pernambucanos.

Renato Acha

A noite de premiação do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro consagrou dois filmes pernambucanos que empataram na escolha do júri oficial para Melhor Longa de Ficção: Eles voltam, de Marcelo Lordello, e Era uma vez eu, Verônica, de Marcelo Gomes.
Marcello Lordello, diretor de "Eles Voltam".

O frevo deu o tom no palco, com direito à trilha sonora luxuosa e o rebuliço das equipes de ambos os filmes em clima de festa. “Aqui tem mais pernambucano do que na Feira de Caruaru”, declarou o diretor Marcelo Gomes, cujo filme ainda levou os prêmios de roteiro, fotografia, trilha sonora, ator coajuvante e melhor filme eleito pelo júri popular.

Eles Voltam também ganhou os prêmios de Melhor Atriz para Maria Luiza Tavares, Melhor Atriz Coadjuvante para Elayne Moura e Melhor Filme pelo Juri da Crítica (Abraccine).

Petra Costa, diretora de Elena.

Elena, de Petra Costa, levou as estatuetas de melhor direção, montagem, direção de arte e melhor documentário pela escolha do júri popular. “As questões mais íntimas são as questões mais universais,  e o filme fala do amor de uma irmã por outra irmã, da saudade, da morte, da perda e superação desta perda”, declarou a diretora.

Otto, documentário de Cao Guimarães ganhou como melhor documentário longa, fotografia e som.

Gabriela Amaral Almeida, diretora de "A Mão que Afaga".

Dentre os curtas de ficção, o destaque ficou por conta de A Mão que Afaga, de Gabriela Amaral Almeida, com a premiação de melhor atriz, roteiro, montagem e de melhor filme, segundo o júri popular. A diretora ainda ganhou o Prêmio Abracine como Melhor Curta do Festival e o Prêmio Aquisição Canal Brasil. “É meu terceiro filme e ter a aceitação desde o júri até a crítica é uma coisa muito bacana e um reconhecimento amplo”, celebrou Gabriela.

O diretor Fáuston da Silva e o ator Andrade Jr., de "Meu amigo Nietzsche". "Acho que agora consigo pagar meu empréstimo no BRB", declarou Fáuston, nitidamente emocionado.

A Mostra Brasília consagrou Meu amigo Nietzsche, de Faúston da Silva, com os troféus de melhor curta-metragem, direção, roteiro e filme pelo júri popular. Parece que existo, de Mario Salimon ganhou como melhor longa pelo júri e Sob o signo da poesia, de Neto Borges, o prêmio do júri popular.

Cacique Zumba. A Ditadura da Especulação.

Alguns manifestações marcaram a noite da premiação. A equipe de A Ditadura da Especulação, único filme de Brasília presente na Mostra Competitiva, protagonizou um momento tenso no palco, em meio a protestos contra a especulação imobiliária na cidade, mais precisamente no Setor Noroeste. “Mataram o cerrado e as capivaram morreram. Somos um povo que conhece o homem branco, a dor, a intolerância racial. Quando vamos sentir a liberdade de um dia feliz?”, bradou o cacique Zumba, fundador do Santuário dos Pajés, ovacionado pela plateia.

Marcelo Gomes, diretor de "Era uma vez eu, Verônica".

Marcelo Gomes, diretor de Era Uma Vez Eu, Verônica, ao receber o prêmio de melhor trilha sonora de filme de ficção para Era Uma Vez Eu Verônica, cutucou: “O Festival tem que ter um cuidado especial com o som”.

Sala Martins Penna lotada durante a Mostra Brasília.

Apesar de algumas falhas técnicas, o Festival foi bem sucedido ao concentrar as exibições em um só local. O público foi recorde, com exceção da noite de premiação. Foram mais de 25 mil pessoas que passaram pelo Teatro Nacional durante uma semana. A Mostra Brasília teve casa cheia, ao contrário do ano passado, em que se viam cinco pessoas em uma sala com capacidade para centenas de espectadores.

Performance.

O público aguarda um Cine Brasília completamente transformado e em condições adequadas para abrigar esta grande vitrine da sétima arte brasileira. Enquanto a casa do cinema está em reformas, o Teatro Nacional também se prepara para uma completa transformação, prevista para ter início em junho de 2013. Afinal 2014 se avizinha e a capital não vai se contentar somente com o foco esportivo. A cultura  é o berço de Brasília e tem um publico ávido por atrações e espaços de qualidade.

 
Samuel Magalhães (Petrobras) e Hamilton Pereira (Secretário de Cultura do DF) momentos antes da premiação.

Confira a lista de vencedores do 45º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro:

Longa-metragem

Filme (R$ 250 mil): Eles voltam, de Marcelo Lordello, e Era uma vez eu, Verônica, de Marcelo Gomes

Direção (R$ 20 mil): Daniel Aragão (Boa sorte, meu amor)

Ator (R$ 5 mil): Enrique Diaz (Noites de reis)

Atriz (R$ 5 mil): Maria Luíza Tavares (Eles voltam)

Ator coadjuvante (R$ 3 mil): W. J. Solha (Era uma vez eu, Verônica)

Atriz coadjuvante (R$ 3 mil): Elayne Moura (Eles voltam)

Roteiro (R$ 5 mil): Marcelo Gomes (Era uma vez eu, Verônica)

Fotografia (R$ 5 mil): Mauro Pinheiro Jr. (Era uma vez eu, Verônica)

Direção de arte (R$ 5 mil): Gatto Larsen e Rubens Barbot (Esse amor que nos consome)

Trilha sonora (R$ 5 mil): Karina Buhr e Tomaz Alves Souza (Era uma vez eu, Verônica)

Som (R$ 5 mil): Guga S. Rocha, Phelipe Cabeça e Pablo Lopes (Boa sorte, meu amor)

Montagem (R$ 5 mil): Ricardo Prette (Esse amor que nos consome)

Menção especial do júri: ator Carlo Mossy (Boa sorte, meu amor)

Curta-metragem

Filme (R$ 20 mil): Vestido de Laerte, de Cláudia Priscilla e Pedro Marques

Direção (R$ 5 mil): Eduardo Morotó, Marcelo Martins Santiago e Renan Brandão (Eu nunca deveria ter voltado)

Ator (R$ 3 mil): Everaldo Pontes (Eu nunca deveria ter voltado)

Atriz (R$ 3 mil): Luciana Paes (A mão que afaga)

Roteiro (R$ 3 mil): Gabriela Amaral Almeida (A mão que afaga)

Fotografia (R$ 3 mil): Pedro Sotero (Canção para minha irmã)

Direção de arte (R$ 3 mil): Fernanda Denner (Vestido de Laerte)

Trilha sonora (R$ 3 mil): Pedro Gracindo e Victor Lourenço (Eu nunca deveria ter voltado)

Som (R$ 3 mil): Felippe Shultz e Rodrigo Maia (Eu nunca deveria ter voltado)

Montagem (R$ 3 mil): Marco Duca (A mão que afaga)

Curta-metragem de animação (R$ 20 mil): Valkiria, de Luiz Henrique Marques

DOCUMENTÁRIO

Longa-metragem

Filme R$100 mil: Otto, de Cão Guimarães

Direção R$ 20 mil: Petra Costa (Elena)

Fotografia R$ 5 mil: Cao Guimarães e Florência Martínez (Otto)

Direção de arte R$ 5 mil: Elena

Trilha sonora R$ 5 mil: O Grivo (Otto)

Som R$ 5 mil: O Grivo (Otto)

Montagem R$ 5 mil: Marília Moraes e Tina Baz (Helena)

Prêmio especial do júri: Um filme para Dirceu, de Ana Johann

Curta-metragem

Filme R$ 20 mil: A guerra dos gibis, de Thiago B. Mendonça e Rafael Terpins

Direção R$ 5 mil: Liliana Sulzbath (A cidade)

Fotografia R$ 3 mil: Francisco Alemão Ribeiro (A cidade)

Direção de arte R$ 3 mil: Natália Vaz (A guerra dos gibis)

Trilha sonora R$ 3 mil: Bid (A guerra dos gibis)

Som R$ 3 mil: Cléber Neutzling (A cidade)

Montagem R$ 3 mil: Eduardo Ferrano (A onda traz, o vento leva)

JÚRI POPULAR

Longa-metragem de ficção (R$ 20 mil): Era uma vez eu, Verônica, de Marcelo Gomes

Longa-metragem documentário (R$ 15 mil): Elena, de Petra Costa

Curta-metragem de ficção (R$ 10 mil): A mão que afaga, de Gabriela Amaral Almeida

Curta-metragem documentário (R$ 10 mil): A ditadura da especulação, de Zé Furtado

Curta-metragem de animação (R$ 10 mil): O gigante, de Luís da Matta Almeida

PRÊMIO DA CRÍTICA

Longa-metragem: Eles voltam, de Marcelo Lordello

Curta-metragem: A mão que afaga, de Gabriela Amaral Almeida

PRÊMIO SARUÊ

Conferido pela equipe de cultura do jornal Correio Braziliense

Personagens e realizadores do documentário Doméstica

MOSTRA BRASÍLIA

Troféu Câmara Legislativa do Distrito Federal para filmes locais

Longa-metragem (R$ 80 mil): Parece que existo, de Mário Salimon

Curta-metragem (R$ 30 mil): Meu amigo Nietzsche, de Fauston da Silva

Direção (R$ 6 mil): Fauston da Silva (Meu amigo Nietzsche)

Ator (R$ 6 mil): Bruno Torres (Sagrado coração)

Atriz (R$ 6 mil): Gleide Firmino (A caroneira)

Roteiro (R$ 6 mil): Fauston da Silva e Tatianne da Silva (Meu amigo Nietzsche)

Fotografia (R$ 6 mil): Vagner Jabour (Vida kalunga)

Montagem (R$ 6 mil): Edson Fogaça (A jangada de raiz)

Direção de arte (R$ 6 mil): Andrey Hermuche (A caroneira)

Edição de som (R$ 6 mil): Dirceu Lustosa (Vida kalunga)

Captação de som direto (R$ 6 mil): José Bennington (Zé do pedal)

Melhor trilha sonora (R$ 6 mil): Cláudio Macdowell (Parece que existo)

Júri popular

Longa-metragem (R$ 20 mil): Sob o signo da poesia, de Neto Borges

Curta-metragem (R$ 10 mil): Meu amigo Nietzsche, de Fauston da Silva

OUTROS PRÊMIOS

Prêmio Aquisição Canal Brasil (R$ 15 mil): A mão que afaga, de Gabriela Amaral Almeida

Prêmio Marco Antônio Guimarães (troféu Candango): Olho nu, de Joel Pizzini

Prêmio Conterrâneos: Entorno da beleza, de Dácia Ibiapina

Prêmio ABCV: Carlos Delpino e Gustavo Miguel

Prêmio Vagalume para longa: Era uma vez eu, Verônica, de Marcelo Gomes

Prêmio Vagalume para curta: A mão que afaga, de Gabriela Amaral Almeida.