O espetáculo “A Autópsia de um beija-flor” estreia no CCBB com entrada franca.

De 16 a 29 de dezembro.

Fotos: Alexandre Magno.
Fotos: Alexandre Magno.

A história recente registra nomes como Edward Snowden (o analista norte-americano que revelou a existência de um sistema de vigilância global da NSA – Agência de Segurança Nacional dos EUA) e WikiLeaks (organização que divulga informações confidenciais vazadas de governos e empresas sobre corrupção, violações de direitos humanos, crimes de guerra) que confirmam a existência de uma grande aldeia global – prognosticada por Marshall McLuhan nos idos da década de 1960 – em que todos os movimentos são monitorados. Não estamos sozinhos, todos sabem disso. Vive-se sob o olhar do outro, interessado no outro, vigiando o outro.

Foi a partir dessa reflexão que o dramaturgo argentino Santiago Serrano construiu a narrativa de A Autópsia de um beija-flor, texto inédito que chega agora ao palco do CCBB, através do talento da Cia Plágio de Teatro. Com estreia prevista para 16 de dezembro, o espetáculo fará três semanas de temporada, com entrada franca.

A Autopsia de um beija-flor marca a nova parceria de Santiago Serrano com a Cia Plágio de Teatro, que já rendeu o premiado espetáculo Noctiluzes. Sob a direção de Sérgio Sartório, que divide a cena com André Deca, estará uma encenação que trata de tema relevante a todos os países da América Latina, que viveram e sofreram uma ditadura. Apesar de não abordar a ditadura como tema central, a peça mostra os resultados, que ainda colhemos, desses regimes. De maneira poética, filosófica, com humor ácido e suspense, o espetáculo levanta uma reflexão sobre o momento atual no mundo, onde os interesses pessoais estão acima dos públicos e onde a intolerância, o respeito ao próximo, a liberdade de expressão e a invasão de privacidade se banalizaram.

O espetáculo reúne uma equipe premiada, a começar pelos dois atores, Sérgio Sartório (que detém quatro prêmios de melhor ator em cinema e teatro) e André Deca (prêmios de melhor ator em festivais de cinema como Gramado e Brasília), além do cenógrafo e figurinista Roustang Carrilho (Prêmio SESC em 2012) e o sonoplasta Tomás Seferin (prêmios no festival Riocenacontemporânea e SESC). Todos eles estarão juntos a serviço da consagrada dramaturgia de Santiago Serrano, que já teve vários textos encenados no Brasil, com grande repercussão, como Dinossauros, Fronteiras, Eldorado, A Revolta e Noctiluzes.

A trama narra a estória de um novato e um experiente, companheiros num trabalho que consiste em obter informações sobre a intimidade alheia, por encomenda. São voyeurs em nome de um contratante. Mas eles também são observados, por um mundo cheio de curiosos.

Texto enxuto e profundo, A Autópsia de um beija-flor se inspira na metodologia dos governos ditatoriais, fundamentada em situações de perseguição, espionagem de estado sobre personalidades, intelectuais e, neste caso, de um funcionário público e de uma esposa infiel, sua amante, a peça coloca em cena situações visíveis de polaridades. O espião é também espionado.

A Autópsia de um beija-flor reflete sobre os aspectos sócio-políticos, mas também sobre questões individuais relacionadas a uma palavra esquecida: “Ética”. Em um mundo onde o limite entre o bem e o mal está cada vez mais confuso, a peça transita nesse tênue limite.

a-autopsia-de-um-beija-flor-foto-alexandre-magno-2

Serviço: A autópsia do beija-flor
Local: CCBB (SCES Trecho 2)
Data: 16, 17, 18, 19, 21, 22, 23, 26 de dezembro, às 20h e dias 28 e 29 de dezembro, às 18h30 e 20h
Obs: Sessões com tradução em Libras e Áudio-descrição: dias 26, às 20h, e dias 28 e 29, às 18h30 e 20h
Entrada franca
Classificação indicativa: 14 anos
Informações: (61) 3108.7630.