O universo da arte para crianças.

Desperate Man, de Vik Muniz. Divulgação.
Desperate Man, de Vik Muniz. Divulgação.
A exposição A Experiência da Arte – Série Arte para Crianças, que tem como objetivo apresentar o universo da arte de uma maneira diferenciada e inovadora prioritariamente às crianças. A mostra ocupa todos os espaços expositivos do CCBB e as duas áreas externas, de 24 de maio a 11 de agosto.O curador Evandro Salles afirma que as crianças, por estarem ainda com o aparato de linguagem em formação, portanto aberto e flexível, são o público ideal para a arte. E não se tentará explicar a arte dos adultos para as crianças. A idéia é que elas vivam diretamente a experiência estética. A curadoria também acredita que, por ser destinada ao público infantil, quebram-se barreiras de apreciação e usufruto por parte dos adultos, que se sentem sem amarras para apreciar e vivenciar o contato com a arte.

Salles convidou artistas brasileiros, como Vik Muniz, Ernesto Neto, Paula Trope, Eduardo Coimbra, Waltercio Caldas, Cildo Meireles e Wlademir Dias-Pino. A proposta funciona como um conjunto de sete exposições independentes umas das outras e que traçam um grande painel da arte contemporânea brasileira. Por meio de instalações, esculturas, fotografias, obras sonoras e poemas desenhos, se configura um leque de possibilidades e de cruzamentos de linguagens da arte contemporânea.

Malhas da Liberdade, de Cildo Meireles.
Malhas da Liberdade, de Cildo Meireles.

As obras foram criadas especialmente para a exposição. Ernesto Neto e Vik Muniz produziram obras inteiramente inéditas, totalmente desenhadas e produzidas para o projeto. Wlademir Dias-Pino fez uma adaptação de um de seus dois livros clássicos da vanguarda histórica brasileira – A Ave e Solida – para três dimensões. Cildo Meireles, Eduardo Coimbra, Waltercio Caldas e Paula Trope fizeram adaptações de trabalhos já realizados, mas em nova configuração, para o local proposto. A idéia central do projeto é estabelecer um processo expositivo que proporcione ao público vivenciar a experiência da arte como um acontecimento essencialmente poético, de natureza individual e intransferível, uma experiência única e reveladora.

O trabalho do artista Vik Muniz ocupará o recém-criado Pavilhão 2 do CCBB. O local será dividido em duas partes. Na primeira, o público poderá tomar contato com o processo criativo do artista através de um ateliê-estúdio fotográfico, que revelará ao espectador o método de elaboração de imagens de Vik Muniz e convidará o público a elaborar suas próprias imagens. O segundo acolherá uma série de trabalhos originais, além de obras executadas pelos visitantes.

Riogiboia é título da obra de Ernesto Neto que ocupará a Galeria 2. Inteiramente concebida para o local e totalmente inédita, uma grande escultura penetrável ocupa toda a Galeria 2, com o formato de uma cobra-labirinto, que promove muitas voltas pela sala. Seu piso é feito de madeira com incrustrações de pedra que fazem os desenhos típicos da pele das cobras e dos signos indígenas tradicionais. Suas paredes vão até o teto e são feitas de tule transpartente. O público será convidado a percorrer seu interior-labirinto no que constitui um trabalho de grande força lúdica. As paredes da sala serão dividas em 3 diferentes setores cobertos por fotografias impressas em tecido: uma parte fotos da Amazônia, o lado oposto fotos de uma grande metrópole como São Paulo, e entre as duas fotos de nuvens. A oposição Urbe-Floresta se apresenta como fonte de reflexão sobre os mitos culturais brasileiros, a necessidade de sua preservação e, ao mesmo tempo, sua projeção no universo urbano: a Cobra-Grande como metáfora da cidade grande labiríntica e sem fim.

A obra de Paula Trope ocupará o Espaço Externo 1 e a Galeria Multiuso. Em seu trabalho, a artista utiliza um sistema inventado na Renascença, chamado Câmara Escura, usado por muitos pintores para capturar e reproduzir imagens – e que veio a se tornar base da câmera fotográfica. Paula Trope vai apresentar uma grande câmara escura móvel giratória para acolher 12 pessoas a cada vez. O público é convidado a entrar em seu interior e operar o mecanismo de captura da imagem externa através de um pequeno orifício e conferir sua projeção na parede. A artista ainda convida o público a trazer imagens de sua história na cidade e gravar depoimentos sobre estas histórias. Assim, será criado um grande inventário de memórias e imagens de Brasília.

Maçãs Falsas, de Waltércio Caldas. Foto de paulo Costa.
Maçãs Falsas, de Waltércio Caldas. Foto: Paulo Costa.

O carioca Eduardo Coimbra apresentará seu trabalho no Espaço Externo 2, com um conjunto escultórico-arquitetônico formado por módulos na forma de cubos de três diferentes tamanhos. Esses módulos são empilhados e transformados em pequenos prédios-esculturas que podem ser escalados e utilizados de diversas maneiras pelos visitantes.

O térreo da Galeria 1 receberá um dos trabalhos mais reflexivos da mostra. Waltercio Caldas apresentará a série Falsa Maçã e a obra inédita Inflamáveis. Falsa Maçã é construída com seis enormes mesas de metal com áreas de vidro que ocupam grande parte da sala. Os vidros, que seguem uma complexa construção de vários níveis, possibilitam a reflexão-espelhamento de uma maçã falsa colocada que foi deixada sobre a mesa. A questão da imagem que joga com as noções de falso e verdadeiro, sua função e signo que intervém no sentido de real é o tema do trabalho. Inflamáveis, posto em outro ponto da sala, é um trabalho inédito de pequeno porte onde são trocadas as funções de signo da cor: o vermelho do fogo e o branco do neutro.

O importante poeta brasileiro Wlademir Dias-Pino, um dos fundadores dos movimentos de poesia construtivista no Brasil foi convidado para integrar a mostra. No subsolo da Galeria 1, ele transformou um de seus livros clássicos, A Ave, em instalação de parede, na qual o público poderá manipular palavras e os sistemas de leitura propostos pelo poeta. Usando o sistema de superfícies magnetizadas (ímãs) as palavras do poemas vão ser impressas e poderão ser colocadas livremente nas paredes seguindo as configurações de leitura aberta propostas pelo poeta. Esse trabalho vai proporcionar ao público infantil a elaboração de metáforas e compreensão em torno do fluxo poético entre significado e significante.

Para acolher a obra de Cildo Meireles será edificada uma construção temporária no pilotis do edifício principal do CCBB – Brasília. Serão apresentados dois trabalhos diferentes. O primeiro, RIOR, é uma proposta sonora criada pelo artista em 2012 e que acabou se transformando em longa-metragem, CD e instalação. A obra reúne o som gravado nos principais rios da enorme rede fluvial brasileira, do amazonas ao São Francisco. RIOR – Ouvir o Rio convida o público a pensar na água como elemento fundamental da vida no planeta. Serão instaladas redes onde o público poderá se deitar para ouvir o ruído das águas. A segunda obra de Cildo – Malhas da Liberdade – é formada por três estruturas de plástico que podem ser encaixadas de infinitas formas. Caberá a cada visitante manipular as estruturas que apesar de serem grandes oferecem inesperada liberdade de expressão.

CildoMeireles - Malhas da Liberdade - divulgação 2 (1)

Serviço: A Experiência da Arte
Local: CCBB
Data: De 24 de maio a 11 de agosto
Horários: de quarta a segunda, das 9 às 21 horas
Entrada franca
Classificação indicativa: Livre
Informações: (61) 3108-7600.