Saúde reúne artistas renomados em mostra.

Fabio Magalhães
Fábio Magalhães. Divulgação.

A mostra “À Sua Saúde” está em exibição no Museu Nacional da República, de 20 de fevereiro a 30 de março e reúne um time de feras das artes visuais, que utiliza a temática da saúde como poética de alguns de seus trabalhos. A arte muitas vezes aproxima questões artísticas, estéticas e conceituais ao cotidiano, em todas as instâncias: o corpo, a mente, a ética, o processo de cura, enfim a saúde humana. A exposição vai apresentar a história da saúde no Brasil de forma lúdica e interativa.

As curadoras Daiana Castilho Dias e Polyanna Morgana dividiram a mostra em dois núcleos: Histórico e Contemporâneo. O Núcleo Histórico está dividido em três eixos temáticos: Cura Xamânica, Cura Tradicional e a Cura pela Fé. O passeio se inicia pela primeira botica do Brasil, montada em tamanho natural, a partir de desenho histórico de Debret, com a área “Cheiros do Pará”, que poderão ser experimentados pelos visitantes.

A parte dedicada à Cura Xamânica conta a história dos fitoterápicos em outra grande instalação interativa: sacos de chás de vários tamanhos estarão pendurados no teto e acessíveis a quem desejar saber mais sobre cada erva e suas propriedades. Na Cura pela Fé, a sala dos milagres, dos ex-votos, com os oratórios do vídeoartista Eder Santos, que surpreendem o público misturando ficção e realidade.

Citricos naturais! - Vicente de Mello
Citricos naturais! de Vicente de Mello.

Ambientes criados para relatar a Revolta da Vacina, um dos mais pitorescos eventos da história do país, protagonizada pelo sanitarista Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro, em 1904, e a quarentena imposta aos viajantes que chegavam ao país pelos portos de Salvador e Rio de Janeiro, promovem uma volta ao tempo. A instalação de um porto cenográfico, com o som do mar, os objetos de época e o registro de artistas que acompanhavam os viajantes, entre os quais, Debret, Rugendas e mais recentemente Marc Ferrez, além de quatro animações, colocam o público no meio dos acontecimentos.

O entendimento de saúde em um sentindo mais amplo do termo, que integra a relação entre natureza e ser humano, está presente na poética de muitos artistas plásticos. A importância da saúde na vida da sociedade á apontada pela arte contemporânea como forma de reação às injustiças sociais e também como alerta para que todos pensem de que maneira podem contribuir para cuidar de si e do outro. As esculturas de Louise DD, que tratam dos antidepressivos, são um bom exemplo. A artista, que sofre de depressão, fez nela própria uma tatuagem, “tarja preta”. Já o Bispo do Rosário criou um universo lúdico de bordados, assemblages, estandartes e objetos durante os mais obscuros períodos da psiquiatria, driblando os mecanismos de poder do manicômio na época dos eletrochoques e lobotomias. À sua Saúde apresentará 22 trabalhos do artista, dois dos quais inéditos.

Refrescante! - Vicente de Mello
Refrescante! de Vicente de Mello.

O Núcleo Contemporâneo da exposição contém obras dos seguintes artistas: Adriana Varejão, Artur Bispo do Rosário, Cao Guimarães, Cildo Meireles, Fabio Magalhães, Gustavo Magalhães, Hugo Fortes e Sissi Fonseca, Jac Leiner, José Eduardo, Louise D.D, Milton Marques, Nazaré Pacheco, Paulo Bruscky, Raquel Nava, Rodrigo Braga e Vicente de Mello.

Elegia Mineira, de Adriana Varejão. Foto: Vicente de Mello.
Elegia Mineira, de Adriana Varejão. Foto: Vicente de Mello.

Adriana Varejão se apropria de ícones da civilização europeia e denuncia a violência da colonização: neste caso, subverte o mobiliário barroco e cria cadeiras feitas de carne seca, na obra “Elegia Mineira”. Fábio Magalhães usa imagens do próprio corpo como matéria prima de suas pinturas; Paulo Bruscky e Jac Lerner utilizam imagens médicas para desenvolver obras cujo conceito está ancorado numa outra forma de compreensão do corpo.

Os trabalhos de Rodrigo Braga, que recuperam uma medicina quase ritualística (um retorno ao olhar místico de cura para a natureza), se encontram com o humor seco de Raquel Nava, cujas fotografias constroem situações inusitadas entre elementos da natureza e objetos de limpeza. A obra RIO OIR, de Cildo Meireles, tem como foco as fronteiras aquáticas. Tanto no jogo de palavras proposto pelo palíndromo que compõem o nome da obra, quanto no objeto de arte em si, há uma relação direta de mapeamento das fronteiras dos rios brasileiros com um interesse puramente poético, de criação de uma paisagem sonora, que amplia a do conceito de paisagem já iniciada nos trabalhos de Rodrigo Braga e Raquel Nava.

Yin Yang de Vicente de Mello.

Yin Yang de Vicente de Mello.

Serviço: À Sua Saúde
Local: Museu Nacional Honestino Guimarães (Complexo Cultural da República – Setor Cultural Sul, lote 2)
Visitação: de 20 de fevereiro a 30 de março
Horário de visitação: Terça-feira a domingo, das 9h às 18h30
Entrada Franca

Informações: (61) 3325-5220 e 3325-6410