Abraham Palatnik ganha mostra retrospectiva.

Foto: Vicente de Mello.
Foto: Vicente de Mello.

Abraham Palatnik sempre teve uma trajetória peculiar que alia o fazer artístico e sua história de vida por um viés que trilha um caminho alternativo. Filho de judeus russos, nasceu em Natal (RN), em 1928.

Com quatro anos de idade, mudou-se para a cidade de Tel Aviv em Israel e, entre 1942 e 1945, frequentou a Escola Técnica de Montefiori, onde se especializou em motores de explosão, fato que trouxe o conhecimento que o tornariam um dos pioneiros da arte tecnológica no mundo.

Ao estudar psicologia da forma e cibernética, se vê diante de um leque criativo que o fez transcender as linguagens da pintura, desenho, gravura ou escultura. Os estudos que desenvolveu sobre luz e movimento deram origem aos Aparelhos Cinecromáticos e aos Objetos Cinéticos.

Abraham Palatnik - Aparelho cinecromático 2SE-18, 1955-200. Foto: Edouard Fraipont.
Aparelho cinecromático 2SE-18, 1955-200. Foto: Edouard Fraipont.

O início da carreira foi marcado pela pintura figurativa, com paisagens, pessoas e natureza morta. A carreira passou por uma reviravolta por ocasião de sua visita ao Hospital Psiquiátrico Dom Pedro II, no Engenho de Dentro, Rio de Janeiro, quando entrou em contato com obras dos pacientes esquizofrênicos. A inspiração que vinda dos lugares mais profundos do inconsciente despertou seu desejo por fazer algo novo.

Todo este rico universo pode ser visto na exposição Abraham Palatnik, em cartaz no CCBB, de 23 de abril a 14 de julho de 2013. Trata-se da estreia nacional da retrospectiva do artista, com aproximadamente 90 obras. A curadoria é de Pieter Tjabbes e Felipe Scovino.

Abraham Palatnik - Objeto Cinético, 2000 foto2 Edouard_Fraipont (1)

Depois do episódio do hospital psiquiátrico a arte ganhou novos contornos para Palatnik. “Eu achava que era um artista formado, então resolvi começar de novo. A disciplina escolar já não me servia para mais nada”, conta o artista pioneiro da Arte Cinética, onde o movimento, a luz e as leis da física se fundem para criar obras pulsantes, como o interior de um Aparelho Cinecromático, uma espécie de superfície que tem a luz como matéria prima.

A ideia de se trabalhar com a luz surgiu porque frequentemente era obrigado a utilizar velas quando faltava eletricidade em seu estúdio. “Logo depois comprei umas lâmpadas, comecei a ver as sombras e a luz vencendo obstáculos. E a atividade foi se desenvolvendo. Isso me deu muita energia para prosseguir. Fiz um ‘trambolho’ enorme com lâmpadas colocadas em cilindros que giravam. Usava celofane colorido para mascarar algumas partes do cilindro, como também conseguia realizar movimentos horizontais e verticais”, relata o artista.

W-222, 2008. Foto: Vicente de Mello.
W-222, 2008. Foto: Vicente de Mello.

Serviço: Abraham Palatnik

Local: Galeria I – CCBB (Setor de Clubes Sul, Trecho 2, Lote 22)

Data: De 23 de abril a 14 de julho/ Terça a domingo, das 9h às 21h

Entrada franca

Classificação Livre.