![](http://www.achabrasilia.com/wp-content/uploads/2022/02/Azulejoes-de-Adriana-Varejao-Foto-Sergio-Guerini.jpg)
A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, apresenta Adriana Varejão: Suturas, fissuras, ruínas [Adriana Varejão: Sutures, Fissures, Ruins] exposição panorâmica de Adriana Varejão (Rio de Janeiro, 1964). A mostra é a mais abrangente já realizada sobre o trabalho de Varejão, reunindo, pela primeira vez, um conjunto significativo de mais de 60 obras, desde 1985 até 2022.
O diretor-geral da Pinacoteca de São Paulo, Jochen Volz, assina a curadoria da exposição. A seleção dos trabalhos propõe uma narrativa da obra de Varejão, uma das artistas brasileiras mais potentes da atualidade, que evidencia a diversidade e a complexidade de sua produção.
![](http://www.achabrasilia.com/wp-content/uploads/2022/02/O-iluminado-de-Adriana-Varejao.jpg)
Sua obra põe em pauta o exame reiterado e radical da história visual, das tradições iconográficas europeias e das convenções e códigos materiais do fazer artístico ocidental. Desde suas primeiras pinturas barrocas, a superfície da tela nunca é mero suporte; ao contrário, é um elemento essencial da mensagem da pintura. O corte, a rachadura, o talho e a fissura são elementos recorrentes nos trabalhos da artista desde 1992. Varejão não tem medo da ruptura e da experimentação.
![](http://www.achabrasilia.com/wp-content/uploads/2022/02/Mapa-de-Lopo-Homen-II-1922-2004-Foto-Jaime-Acioli-1024x758.jpg)
A exposição evidencia essas características e o corpo de obras ocupa 7 salas da Pinacoteca assim como o Octógono. A curadoria inclui desde as primeiras produções, da década de 80, quando Adriana ainda estudava na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, como as pinturas A praia, O fundo do mar e, O Universo, todas de 1985, e chega até as recentes pinturas tridimensionais de grande escala da série Ruínas de charque.
Para o Octógono, espaço central da Pinacoteca, serão apresentados 5 trabalhos dessa série. Dois inéditos que foram produzidos especialmente para esta exibição: Moedor (2021) e Ruina 22 (2022). Um terceiro destaque deste conjunto é Ruína Brasilis (2021), generosamente doado pela artista para a coleção da Pinacoteca de São Paulo e esteve em sua última exposição em Nova York no ano passado.
![](http://www.achabrasilia.com/wp-content/uploads/2022/02/Acougue-Song-de-Adriana-Varejao-2.jpg)
Importante destacar que muitas das obras desta mostra tiveram pouca ou quase nenhuma visibilidade no Brasil, ganhando rumos internacionais quase que imediatamente após a sua realização. É o caso de Azulejos (1988), primeiro trabalho em que Varejão usa como referência um painel de azulejaria portuguesa, encontrado no claustro do Convento de São Francisco, em Salvador.
A tela, que pertence a uma coleção europeia, antecede os seus famosos “azulejos” que acabaram se tornando um fio condutor para tantas outras peças, aparecendo como suporte, geometria ou objeto pictórico. Dada a importância desta matéria em sua trajetória, uma das salas da exposição está dedicada as pinturas influenciadas pela azulejaria portuguesa, entre outras a instalação Azulejões (2000) com 27 telas de 100x100cm cada.
![](http://www.achabrasilia.com/wp-content/uploads/2022/02/Azulejo-de-cozinha-com-cacas-variadas-de-Adriana-Varejao-1024x891.jpg)
“O que para mim é latente nesta mostra é a maneira como Adriana Varejão trabalha com a pintura pois, desde o início, ela segue uma direção que vai além da bidimensionalidade da tela, usa elementos que rompem a matéria; são frestas, cortes, vazamentos que descortinam uma situação e dão um novo significado, como por exemplo as “vísceras” e “carnes” que se derramam em muitos dos seus trabalhos”, afirma Jochen Volz.
Dentre as que mais exemplificam essa expansão física da obra para o espaço, são as da série das 3 grandes Línguas, produzidas em 1998, que serão exibidas lado a lado pela primeira vez: Língua com padrão em X, Língua com padrão de flor e Língua com padrão sinuoso.
![](http://www.achabrasilia.com/wp-content/uploads/2022/02/Estudo-sobre-o-Tiradentes-de-Pedro-Americo-de-Adriana-Varejao.jpg)
Na exposição, as três Línguas são apresentadas ao lado das pinturas Comida (1992), Azulejaria de cozinha com caças variadas (1995) e Azulejaria de cozinha com peixes (1995), entre outras. Num diálogo potente, o espectador se vê lançado entre o suporte, o fundo e as figuras das pinturas.
Em um dos períodos de relevo da mostra, entre 1992 e 1997, Varejão se dedicou ao que podemos chamar de uma série de ficções históricas, emprestando novos significados visuais a mapas, paisagens e interiores do passado colonial. Pode-se considerar que essas obras constituem a fase mais figurativa da trajetória da artista. Uma sala da exposição está dedicada a este conjunto de obras, entre elas se destaca a pintura Autorretratos coloniais (1993) e, nela, a artista se apropria das tipologias de representação das “pinturas de castas” da América Espanhola para falar de assuntos relacionados à violência da classificação racial.
![](http://www.achabrasilia.com/wp-content/uploads/2022/02/Adriana-Varejao-Foto-Vicente-de-Mello.jpg)
Adriana Varejão: Suturas, fissuras, ruínas
De 26 de março a 1 de agosto de 2022
Edifício Pinacoteca Luz (Praça da Luz 2, São Paulo, SP , 1º andar e Octógono)
De quarta a segunda, das 10h às 18h
Ingressos no site da Pinacoteca: R$20 (inteira), R$10 (meia-entrada).
Gratuito para crianças até 10 anos e pessoas acima de 60 anos.
Sábado, gratuito para todas as pessoas.