Gê Orthof e Cecília Bona na Alfinete Galeria de Arte.

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A exposição individual noturno ] [ soturno de Gê Orthof, ocupa a Alfinete Galeria de Arte de 29 de março a 26 de abril. O artista criou uma instalação com o uso de materiais como madeira balsa, papel, fios, postal antigo, miniatura, texto, cílios postiços e luz. A obra site specific foi criada “com a potência de um alfinete”, brinca o artista ao se referir ao nome da galeria.

“Meu processo é muito espiralado, temas antigos são contaminados por novos recortes, acho que todos nós, todos mesmo, não apenas os artistas, realizamos esse movimento em torno das questões centrais da vida de cada um.” Explica Gê Orthof.

noturno soturno orthof3Foto de Gê Orthof 3

 

noturno ] [ soturno revisita temas constantes sua obra como o íntimo, o sono (morte), o sonho (vida) e o mistério do fluxo de eternas bifurcações possíveis das escolhas de cada um. “Comecei com a busca de entendimento entre as proximidades e diferenças entre as duas palavras, que havia anotado numa caderneta junto com os dois sinais: ] noturno [ e [ soturno]. As colcheias em aberto para o noturno, como paisagem da imaginação e em fechado, para o soturno, para o íntimo mais profundo, daquilo que não nomeamos, mas sabemos de sua presença.” Detalha Gê sobre o título.

O público vai contornar a instalação, que atravessa o comprimento da galeria com uma luz tênue e forma uma ponte pênsil entre uma frágil morada e um postal inserido em uma pequena caixa de acrílico vermelha, iluminada por dentro. A obra se fundamenta em um poema-texto longamente depurado pelo artista:

um é só

quando em nenhuma morada

encontra

um nome que a rodeie

] noturno [

volto

eu vulto

visto a sombra

que esqueceste

[ soturno ]

Foto de Gê Orthof 2

 

Marília Panitz, curadora de noturno ] [ soturno traça seu olhar sobre o trabalho de Gê Orthof, em um trecho do texto de apresentação:

“A arquitetura (e a engenharia) de Gê Orthof nos convida a uma imersão-deslocamento. Ao transpor a porta da galeria, o que sabemos do tempo e das relações espaciais cai por terra. O que está posto na delicada estrutura de balsa, papel e palavras é que não há nada mais solitário do que deixar-se levar pela provocação imaginária, lá onde a narrativa não aparece na lógica de Cronos-Saturno, mas por fragmentos, vestígios presentes daquilo que se supõe estar entre os cílios e o postal, entre o passado e o devir.”

A intervenção “Sobejo” de Cecília Bona, que ocupa a fachada da Alfinete Galeria de Arte, explora a luz e sombra como linguagem. A obra figura dentre uma série de trabalhos da artista, que nos últimos três anos investiga a luz enquanto fenômeno natural e poético.

A instalação proposta para a fachada da galeria evidencia um embate entre luz e sombra, próprio do mundo da pintura, ao promover uma inversão de suas experiências. À noite, a artista apresenta formas geométricas e coloridas feitas de luz em conflito com suas impossíveis sombras. Durante o dia, ironicamente, as marcas de sombras são a única evidência de uma luz outrora existente, mesmo que não visível ou presente.

Foto de Gê Orthof

Serviço: “noturno ] [ soturno” de Gê Orthof (Galeria)
“Sobejo” de Cecília Bona (Fachada)
Local: Alfinete Galeria (CLN 116 bloco B loja 61)
Abertura: 29 de março (sábado), às 17:00
Visitação: De 29 de março a 26 de abril
De quarta a sexta, das 15:00 às 17:30 e das 18:30 às 21:00
Sábado das 15:00 às 20:00
Entrada franca
Informações: 9981-2295.

Fotos: Gê Orthof.