“Amazônia, ciclos de modernidade” conta a história da região por meio da arte.

Berna Reale. Da série Quando todos calam. Fotografia. 2009.

Renato Acha

A história da Amazônia é contada a partir de sua produção artística. Esta é a proposta do curador Paulo Herkenhoff na exposição Amazônia – ciclos da modernidade – em cartaz no CCBB a partir de 14 de agosto. O recorte curatorial privilegiou ideias e linguagens fluidas ao reafirmar a estreita relação que arte e antropologia adquirem quando se trata de abordar este rico e ameaçado patrimônio. A linha do tempo se inicia no século XVIII e perpassa os períodos do Iluminismo, Ciclo da Borracha, Modernismo e Contemporaneidade, em um panorama que pretende descrever um universo amplo e complexo.

O Pavilhão de Vidro recebe uma enorme árvore criada por artesãos de Parintins, repleta de animais, arbustos do açaí e do guaraná. Sob sua copa, o programa educativo desenvolverá temas como ecologia. A instalação é ao mesmo tempo cenário e fundamento para se aliar arte popular à literatura amazônica, com obras referenciais, como Macunaíma, de Mário de Andrade, Cobra Norato, de Raul Bopp, e Martim Cererê, de Cassiano Ricardo.
Rodrigo Braga. Mentira Repetida. Vídeo. 2011

A Galeria do térreo recria uma aventura na floresta, onde o visitante será recebido numa sala escurecida  que abriga um vídeo em que o índio Ymá Nhandehetama descreve realidade indígena hoje no Brasil. O espaço também abriga obras de artistas de diversas gerações, como Flávio-Shiró, Maria Martins, Rodrigo Braga, Emmanuel Nassar, Sebastião Salgado e Berna Reale, que abordam, sob diferentes linguagens e olhares, as riquezas e mazelas da região.

Em tempos remotos, a Amazônia conviveu fortemente com a catequese e a antropofagia. Um dos motivos para que a curadoria dedicasse um núcleo que relaciona obras históricas com arte contemporânea. O sermão do Padre Antonio Vieira, um ostensório, uma gravura do Padre Vieira, um mapa do século XVII, um desenho original de Antônio Landi e a obra “Sermoens“ de Armando Queiroz figuram ao lado de obras recentes, como a pintura “Em Segredo” de Adriana Varejão e a escultura “Razão e Loucura” de Cildo Meireles. Neste espaço, o público ainda poderá assistir ao filme “Mater Dolorosain memorian. Da criação e sobrevivência das formas“ de Roberto Evangelista, artista de Manaus.
Adriana Varejão - Contigente - 2008.

A mostra reúne cerca de cem obras do acervo da Fundação Biblioteca Nacional, mapas raros, desenhos originais de Alexandre Rodrigues Ferreira e Antonio Landi, maquetes do Museu Naval e obras de Adriana Varejão e Marcone Moreira. Revolta histórica do Pará, a Cabanagem é lembrada pelos vídeos “Mar Dulce Barroco” e “252” de Armando Queiroz, pelas pinturas do Museu de Arte de Belém e da obra “Facas de meu pai” da artista Lise Lobato, do Marajó.

Elza Lima. Sem título. Fotografia emoldurada.
A fotografia tem amplo espaço em cliques de diferentes gerações, de Felipe Augusto Fidanza, Pierre Verger, Marcel Gautherot aos contemporâneos como Luiz Braga, Elza Lima e Walda Marques. O núcleo do Ciclo da Borracha adentra questões que confrontam progresso e derrocada ambiental e social. Já em outro espaço, o visitante volta os olhos para a modernidade, influenciada pelo evolucionismo e por teorias da nova ciência e da Antropologia desenvolvida na Amazônia.

A seguir, a modernidade e o modernismo se dialogam por meio de obras de artistas e intelectuais como Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Vicente do Rego Monteiro, Giussepe Righini, Teodoro Braga, Raul Bopp, Cassiano Ricardo, entre outros. Por fim, o núcleo da Contemporaneidade apresenta uma ampla gama de linguagens que mostram a inserção da região no mundo contemporâneo. O público vai conferir pintura, fotografias e objetos, vídeos de artistas, slide shows e vídeos com depoimentos de escritores e intelectuais.

O banner da fachada do CCBB é criação de Emmanuel Nassar. Lá também será o espaço que receberá obra site specific de Éder Oliveira, jovem artista do Pará que se destaca por sua pintura mural.

A mostra Amazônia – ciclos de modernidade é o resultado de um tour de force que reuniu obras de acervos de importantes instituições brasileiras, tais como Fundação Biblioteca Nacional, Museu Paraense Emilio Goeldi, Museu de Arte de Belém, Museu Histórico do Pará, Museu da Universidade Federal do Pará, Casa das 11 Janelas, Fundação Elias Mansour do Governo do Acre, Palácios do Governo de São Paulo, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Museu Naval, Museu do Índio, Instituto Moreira Sales, Fundação Roberto Marinho e coleções particulares.
Divulgação.

Serviço: Amazônia, ciclos de modernidade
Data: De 14 de agosto a 23 de setembro de 2012

De terça a domingo, das 9 às 21 horas

Local: CCBB (SCES Trecho 2, conjunto 22 – Brasília/DF)

Tel: 61 3108-7600

E-mail: ccbbdf@bb.com.br

site: www.bb.com.br/cultura | www.twitter.com/ccbb_df

Entrada franca

Classificação indicativa: livre

O CCBB disponibiliza ônibus gratuito, identificado com a marca do Centro Cultural. O transporte funciona de terça a domingo, saindo do Teatro Nacional a partir das 11 horas.