CCBB recebe o espetáculo gratuito “Arandu – Lendas Amazônicas”.

De 29 de novembro a 1 de dezembro.

Foto: Adilson Dias.

O espetáculo Arandu – Lendas Amazônicas estreia no Cinema do CCBB de 29 de novembro a 1 de dezembro, com entrada franca. Lendas indígenas em forma de dramaturgia com direção e concepção de Adilson Dias, um menino que viveu em situação de rua na década de 1990 e que foi amparado pela arte quando morava nas ruas da Candelária (RJ) e passava pelo CCBB RJ para tomar água.

O trabalho de pesquisa durou um ano e meio e o diretor e autor carioca de 38 anos mergulhou fundo no universo das lendas amazônicas. No palco, uma índia vivida pela atriz macapaense Lúcia Morais conta histórias da grande floresta em uma viagem imaginária pela nossa ancestralidade indígena.

Durante 40 minutos os espectadores (adultos e crianças) assistirão a quatro histórias: “Lenda do dia e da noite”, que fala de uma tribo que vivia em agonia por que não havia noite, só havia dia, “Lenda da vitória régia”, a história da guerreira Naiá, “A Lenda da Fruta Amarela”, que conta a história de um novo fruto que aparece na floresta, e “A lenda do açaí”, sobre a crise de alimentos que assolava uma tribo indígena. A ideia principal é transpor o público, através de um passeio poético, para as lendas amazônicas, a um Brasil ancestral que traz na narrativa oral o veículo de perpetuação da cultura. De acordo com Adilson Dias, o espetáculo é uma contação de histórias adaptadas para a dramaturgia, bem lúdico e intimista. “Penso em trazer a plateia para viajar no mundo mágico das lendas amazônicas. Eu espero que o público se sinta como se estivesse na beira de um rio ouvindo histórias, do jeito que Lucia me contou que sua avó fazia quando ela era criança”. No dia 29 (sexta-feira) haverá bate-papo com o diretor após a sessão.

“Arandu” é interpretado pela atriz Macapaense Lucia Morais que se inspirou na própria infância ribeirinha no interior de Macapá para compor a personagem – Lucia ouvia histórias contadas por sua avó na beira do rio quando era criança. “Conheci Lucia pelo Facebook, me apaixonei pelo trabalho dela com contação de histórias e a proliferação da leitura. Começamos a conversar sobre levar aquilo para o teatro e assim foi nascendo o espetáculo nas nossas cabeças”, diz Adilson.

Foto: Jackeline Nigri.

No dialeto tupi-guarani, Arandu significa um misto de sabedoria e conhecimento. E foi a curiosidade por informações que levou Adilson a pesquisar sobre as lendas que permeiam a região amazônica. Lendo o livro “A Queda do Céu” de Davi Kopenawa e Bruce Albert, descobriu muito mais sobre a cultura indígena para compor o espetáculo. Um outro fato que o fez penetrar, mesmo que inconscientemente, nesta seara foi que sua mãe, já falecida, era uma índia. “Minha mãe era índia, curandeira e não sabia ler e escrever. Uma figura indígena na aparência e nos hábitos, então todos a chamavam de Dona Índia”, conta.

O projeto abre uma reflexão sobre a importância das tradições orais na formação da cultura brasileira. Há milênios os índios contam histórias (lendas) para explicar sua existência no mundo ou para passar conhecimento e informação. Seja utilizando os fenômenos naturais e a própria natureza como exemplo. Com o passar do tempo as lendas tornaram-se folclore, mas ainda se revelam um amplo universo de pesquisa e contemplação artística.

O espetáculo marca a volta de Adilson Dias ao CCBB de uma forma positiva, 25 anos depois. Aquele garoto de rua que ficava pelos arredores da Candelária e passava pelo centro cultural para matar a sede, também aproveitava para respirar cultura. “Eu me sinto lisonjeado em poder excursionar com o espetáculo “Arandu – Lendas Amazônicas” entre os Centros Culturais Banco do Brasil destas capitais brasileiras. Eu também acredito ser o resultado vivo do poder transformador da cultura existente dentro desses espaços. Foi a cultura que mudou a minha vida. Fico imaginando quantas pessoas já passaram por esses CCBBs e de alguma forma se encontraram com a cultura. Espero que o público goste do espetáculo “Arandu” e mergulhe conosco neste colorido universo indígena”, diz.

Foto: Jackeline Nigri.

Arandu – Lendas Amazônicas
Cinema do CCBB (SCES, Trecho 02, lote 22)
De 29 de novembro a 1 de dezembro
Horários: 15h e 19h (sexta), 15h e 17h (sábado e domingo), bate-papo após a sessão de sexta-feira, 29/11.
Entrada franca (Senhas distribuídas 1 hora antes na bilheteria)
Capacidade: 70 lugares
Classificação etária: Livre
Duração: 40 minutos
Telefone: (61) 3108-7600 / ccbbdf@bb.com.br
Funcionamento: de terça a domingo, das 9h às 21 horas.