Asteroide AP612 estreia no Galpão Salomé

8, 9, 15, 22, 23, 29 e 30 de abril.

Fotos: Humberto Araújo.

Piloto, ilustrador e escritor francês, Exupéry (1900-1944) foi o criador da obra imortal e fenômeno editorial O Pequeno Príncipe. A obra, que encontra ecos no contexto político em que foi escrita, inspirou o diretor e dramaturgo Roberto Dagô a criar o inédito espetáculo Asteroide AP612. A produção irá estrear em abril na capital federal e conta com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC-DF).

A peça terá temporada aberta ao público nos dias 8, 9, 15, 22, 23, 29 e 30 de abril, sempre aos sábados, às 20 horas, e aos domingos, às 19 horas, no Galpão Salomé (Asa Norte). Haverá também sessões gratuitas para escolas.

Em cena e em performance solo, a atriz Ana Flávia Garcia alerta para a beleza e a importância da simplicidade. Ela mostra que pequenas ações cotidianas e gestos como o afeto, o cuidado e a empatia, ou mesmo a arte, são atitudes políticas essenciais, ainda que pareçam invisíveis.

“O espetáculo nasce desse desejo de cuidado e de atenção ao que é invisível. É um gesto de alerta para o presente, mas também de esperança quanto ao que podemos plantar para o futuro e nos corações”, explica o diretor e dramaturgo Roberto Dagô, que se baseou no universo poético de Exupéry para refletir sobre o Fascismo e o adulto contemporâneo.

Segundo o diretor, esta obra literária de 1943 não apenas é um retrato crítico-poético do adulto neurótico – o chamado “gente grande” no livro –, como também uma metáfora de um mundo ameaçado por regimes totalitários. “’O essencial é invisível aos olhos’, diz a raposa ao Pequeno Príncipe. Acredito que, com esta frase, Exupéry não apenas nos pede para estarmos atentos à delicadeza e fragilidade do que há de melhor dentro e fora de nós, mas ele também alerta para o quanto o que há de pior pode parecer inofensivo a princípio. Este dilema nos inspirou a criar o universo fantástico de Asteroide AP612”.

“O livro foi escrito no período em que Exupéry, que também era piloto militar, migrou para os Estados Unidos para ajudar a convencer o país a se juntar na luta contra o nazismo, luta pela qual morreu em 1944 quando seu avião foi atingido por soldado alemão. No livro, figuras como os baobás, que ameaçam destruir o pequeno asteroide do Pequeno Príncipe, são alusões aos ideais nazistas que se multiplicavam pela Europa”, acrescenta.

O espetáculo parte da premissa de que a subjetividade fascista é um modo de existir excessivamente “adultescido”. Tendo esta hipótese como ponto de partida, a peça transita entre a dança, o teatro e o audiovisual para tramar um conto cósmico ora pequeno demais, ora grande demais, onde o universo é eternamente insuficiente para caber o Outro. O nome do espetáculo faz alusão ao lar do Pequeno Príncipe, um corpo celeste excessivamente pequeno para ser planeta, e ao imaginário apocalíptico em torno dos asteroides, personagens cósmicos que ameaçam a vida na Terra. A respeito do nome da obra, os criadores brincam: “Nomeamos nosso próprio asteroide”.

A estrutura cenográfica do espetáculo é inspirada na arquitetura, função e simbologia de planetários. “A ideia é promover a imersão do público dentro do universo da figura central (Ana Flávia Garcia), um pequeno-grande corpo celeste que atravessa o espaço envolvido pela imensidão e pelo desconhecido”, detalha Dagô. Tendo como recurso uma atitude de imaginação radical para problematizar macro e micropolíticas, a obra convida delicadamente a estarmos sempre atentos às sementes de baobá não apenas no outro, mas também em nós, afinal ninguém está nunca a salvo de sentir-se o centro do universo.

Espetáculo Asteroide AP612
8, 9, 15, 22, 23, 29 e 30 de abril
Sábados, às 20 horas, e aos domingos, às 19 horas
Galpão Salomé (St. de Habitações Coletivas e Geminadas Norte 713 BL E LT 4 – Asa Norte)
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada)
Ingressos disponíveis no site Sympla
Lotação limitada a 35 pessoas por sessão.
Não recomendado para menores de 14 anos.