Mostra traz fotomontagens produzidas por Athos Bulcão na década de 1950.

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A exposição Athos em preto e branco está em cartaz na AB Galeria, na sede da Fundação Athos Bulcão até dezembro. O artista trabalhou com técnicas tão distintas como pintura, desenhos, azulejos, relevos, esculturas e gravuras. O que muitos dos admiradores de suas obras públicas não sabem é que, durante a década de 1950, Athos flertou com a fotomontagem e o surrealismo e produziu uma série inusitada de colagens. Uma mostra com 26 dessas obras integra

O método do artista consistia em procurar e recortar imagens de revistas da época, colando-as em um fundo comum e fotografando a nova cena composta. Nesse jogo, fazia associações inusitadas entre cabeças, corpos, edifícios, animais e paisagens diversas, mas mantendo a lógica da imagem fotográfica, em relação à luz, tons, proporções e perspectiva. Valéria Cabral, secretária executiva da Fundação Athos Bulcão, chama a atenção do público a observar as obras com atenção. “Pelo tratamento dado à imagem, a fotografia parece normal, exceto pelo fato de que a cabeça não combina com o corpo, e os elementos ao redor, não combinam com o espaço”.

O resultado são imagens fantásticas, que combinam rostos de famosos, corpos nus, cavalos e hipopótamos, em espaços tão diversos como um salão de bailes, ruas ou plantações. Títulos como A invasão dos marcianos, O susto, Entardecer no Planalto ou A inundação de um sonho, reforçam o caráter poético e onírico das fotomontagens.

A Bailarina (1956). Acervo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
A Bailarina (1956). Acervo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

Os trabalhos foram desenvolvidos logo que Athos voltou de um período de estudos na Europa, e tentava encontrar sua identidade como artista. Muito inspirado pelo cinema de Sergei Eisenstein e do alemão Friedrich Murnau, ele afirma em entrevistas que essa produção representou um exercício de enquadramento, preparando habilidades que viria a aplicar em seus trabalhos futuros em arquitetura.

Pouco conhecida, a série de fotomontagens integra o acervo do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, que cedeu à Fundação Athos Bulcão o direito de realizar cópias para complementar o acervo da instituição. Segundo Valéria Cabral, as fotomontagens são um retrato fiel da inquietude do espírito artístico de Athos. “A exposição revela uma face menos conhecida do artista, mas ainda assim muito importante, pois o entendimento de sua obra requer a consciência das múltiplas faces de sua trajetória”, completa.

Escolas e grupos podem agendar visita mediada pelo e-mail fundathos@fundathos.org.br. A Fundação Athos Bulcão fica na CLS 404 Bloco D loja 01, Brasília – DF. Visitação da exposição: de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, e sábado, das 10h às 17h, até dezembro. Informações: (61) 3322-7801, www.fundathos.org.br. Entrada gratuita.

Sem Título. (sem data). Coleção particular.
Sem Título. (sem data). Coleção particular.

Exposição “Athos em Preto e Branco”
Visitação: Até dezembro de 2015, de segunda a sexta, das 9 às 18 horas, e sábado, das 10 às 17 horas
Informações: (61) 3322-7801
Escolas e grupos: agendar visita pelo e-mail fundathos@fundathos.org.br
www.fundathos.org.br
Entrada franca.

Fotos verticais: A Invasão dos Marcianos (1952). Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Foto: Arquivo.
A Morte de um toureiro. Acervo do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.