O projeto Blitzkrieg fez show histórico em memória aos Ramones e Misfits.

Texto e Fotos de Renato Acha.
Michael Graves em vocal personalíssimo. Foto de Renato Acha.

O Blitzkrieg, projeto que reúne ex integrantes do Misfits e Ramones, fez um show incrível na última sexta (5 de novembro), no Arena Futebol Clube e reuniu um público de fãs de diversas gerações que dançou e cantou hits das duas bandas em uma apresentação que reuniu cerca de quinhentas pessoas que pularam e fizeram coro para músicas memoráveis na história do rock mundial.

A abertura da apresentação ficou por contas das bandas locais, Gonorantz e The Squintz. Quando Blitzkrieg adentrou o palco o êxtase foi geral e eles já começaram tocando clássicos como “Rockaway Beach”, “Teenage Lobotomy”, “Psycho Therapy” e “Do you wanna dance”, que entre outras, fizeram a galera arrepiar em um transe coletivo.

Imagine que ainda houve espaço para as conhecidas “Poison Heart”, “Pet Semetary” e “Sedated”. No bis, o vocalista Michael Graves impôs sua bela voz ao interpretar composições do Misfits, como “Scream”, “Saturday Night” e “Descending Angel” em versão acústica. Depois a banda inteira retornou e tocou mais oito músicas em um setlist que contabilizou trinta e duas faixas que deixaram Brasília ainda mais roqueira.

O Acha Brasília esteve presente na coletiva de imprensa que aconteceu pouco antes do show e transcreve algumas palavras de Michael Graves e de Marky Ramone. Ambos foram muito simpáticos ao responder perguntas de diversos jornalistas. Aqui se apresentam apenas algumas feitas pela UnBTV e pelo Acha Brasília.

Michael, vocalista do Blitzkrieg (ex Misfits) falou sobre sua primeira vez no país:

Michael – “Estou realizando um grande sonho de estar no Brasil pela primeira vez. A impressão que tinha era completamente diferente. Não pude vir no show do Misfits que aconteceu aqui e houve um rumor de eu tinha medo de latinos e de pegar doença de alguém, mas isto tudo é um grande equívoco, apenas houve uma outra pessoa que me substituiu”.

UnBTV – Qual dos seus discos você gostou mais de fazer nas bandas das quais participou?

Michael – “É uma pergunta difícil, é como perguntar qual filho seu filho predileto. O meu disco favorito é o ‘Famous Monsters’ do Misfits porque no começo eu realmente ainda estava meio inseguro tentando encarar meu jeito de cantar e neste álbum já me sentia mais confiante, como um cantor de verdade. No final do disco me senti bem orgulhoso.

O meu álbum solo predileto foi o ‘Illusions’, porque eu colaborei com Damian Echols. Criamos músicas e letras juntas e houve muitos problemas nesta época. Fazer algo belo após isto é realmente um momento marcante da minha carreira”.

UnBTV – O Misfits era caracterizado pelas maquiagens de caveiras, você ainda faz estas pinturas?

Eu não coloco a maquiagem há cerca de dois anos. Se eu vou a convenções ou encontros para dar autógrafos, eu geralmente me maquio, mas eu não coloco esta maquiagem no palco há um bom tempo. Mas o personagem vai retornar ao palco com certeza“.

Acha – Como a linguagem da performance influencia em suas apresentações atuais, pois não há maquiagem em si, mas acho que a performance está presente de alguma forma. A maquiagem muda muito seu comportamento ou é algo interno?

Eu acho que não ter maquiagem mudou minha performance pois me sinto menos maníaco. Quando pinto a caveira no rosto é um personagem diferente, muito mais psicótico e maníaco. Não usar maquiagem traz menos loucura e quando não me maquio pareço menos com um animal louco.

Neste momento quero mostrar mais o meu lado de performance técnica e física. Acho que a maquiagem tinha mais um efeito mental em mim, não achei que iria parar de usar maquiagem. Tinha medo de ao sair do palco as pessoas me rejeitarem, foi muito difícil me livrar dela. Olhando agora, fico muito grato de ter a oportunidade de ter feito isto. Wow, ótima pergunta“.

Marky Ramone. Foto de Renato Acha.

O baterista Marky Ramone menciona seu contato com bandas brasileiras, fala do projeto Blitzkrieg e sua relação com os Ramones, além de mencionar seu programa de rádio em que promove novas bandas da cena punk.

UnBTV – Você já fez uma turnê No Brasil com músicos brasileiros. Como você conheceu estes músicos e como foi a turnê?

Marky – “Eles são fãs dos Ramones e gosto do jeito como eles tocam e achei que eles fariam um bom trabalho comigo, nós ensaiamos e realmente gostamos do que fizemos então fizemos um setlist e soou muito bom. Foi uma excelente turnê com os Tequilla Babies e havia uma banda que queria que eu fizesse fazer um set ao vivo. Eram os Raimundos que também eram fãs dos Ramones. Foi fácil e esta é minha relação com alguns músicos brasileiros. Desde os Ramones desenvolvemos amizades que continuam até hoje“.

Acha – Brasília é conhecida como cidade do rock e você acabou de mencionar os Raimundos. Você conhece alguma banda local ou no país que admira ou que já tenha ouvido antes?

Marky – “Eu gosto dos Tequilla Babies e dos Raimundos, com quem trabalhei. Mas estou aberto para músicas novas. Para isto, pois tenho um programa de rádio nos Estados Unidos, e há muitas novas bandas que sugiro que as pessoas ouçam, como Riverboat Gamblers, há uma banda em Londres chamada The Gallows, eles são muito bons, tem o The Loved Ones. Há muitas bandas punks realmente boas disponíveis das quais eu me dou conta. Há bandas punks no Japão, aqui, na Argentina, México, Inglaterra. Há muitas bandas e é muito difícil seguir todo mundo“.

UnBTV – Este projeto do Blitzkrieg é apenas de covers do Ramones ou vocês tem músicas próprias?

Marky – “Há uma geração jovem de fãs dos Ramones que não os viram e acho as músicas muito boas para não serem tocadas e é isto que eu faço neste ponto. Tenho capacidade de fazer isto, e acho os outros integrantes dos Ramones morreram muito cedo e rápido. Nós juntamos velhos e novos fãs. Tocamos também ‘Wonderful World’, e há uma música nova escrita por Michael chamada ‘When we were Angels’. Eventualmente eu e Michael voltamos ao estúdio e gravamos novos singles. Mas, basicamente são as 32 músicas dos Ramones“.

Liliá Liliequist e Maria Luiza Lyra. Foto de Renato Acha.

A artista e designer da marca Punk PoneyLiliá Liliequist, descreveu o show via mail:

O show do Marky Ramone Blitzkrieg foi sem dúvida o melhor show do ano em Brasília! Nem acreditei q eles estavam vindo pra cá fazer um show no Arena (?) Duas lendas do punk rock vivas, juntas e em Brasília!??!!

Bem que o show podia ter sido em outro lugar, algo mais intimista, sujo, com uma vibe meio CBGB, bem punk. Um tanto difícil porque não existe um lugar desse tipo, nessa cidade. Uma pena! De qualquer forma, o som é o que importa e isso foi perfeito!!

Sou uma fanática pelo estilo e tudo o q ele representa na história da arte, literatura, moda, cinema. O famoso slogan ‘Do it yourself’. Adoro as músicas e conheço as bandas e lugares históricos da trajetória do punk.

Foram aproximadamente 32 músicas pra punkrocker nenhum botar defeito, no melhor estilo 1, 2, 3 Hey Ho Let’s go!! Lindo! A energia que o Marky passa arrasando naquela batera é incrível. O cara manda muito e não mostra sinal nenhum q vai parar!!

Foram 32 músicas paulera, ao bom estilo punk com direito a biss e Graves cantando Misfits no melhor estilo bossa nova, um banquinho e violão! Lindo! Um pouco chato pra quem não conhecia Misfitis ou era fã. Marky e Graves conseguem manter o legado do Ramones vivo, e isso é incrivel!! Assisti ao show da frente perto da roda de pogo e confesso, levei umas boas cotoveladas, mas tudo em prol do punk!

O Michael é um capítulo a parte pra mim, sendo fã de Misfits, adorei vê-lo de perto principalmente contando músicas clássicas dos Misfits como ‘Dig up her bones’, minha preferida!

Vida longa ao Punk Rock e que outras bandas desse calibre aterrisem em terras candangas!

Ehhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh****

Que Brasília continue intrinsecamente ligada ao rock e outros ritmos neste ano incrível em que recebeu diversas bandas que fazem parte da trilha sonora das nossas vidas.