A exposição “Cabeças Poéticas – Formas de Sanidade” abre hoje na Biblioteca Nacional.

    O artista plástico Humberto Brasil e o Centro de Convivência e Atenção Psicossocial Mansão Vida, apresentam de hoje a 7 de novembro, a exposição Cabeças Poéticas – Formas de Sanidade. A mostra é composta por 200 cabeças esculpidas em argila por alunos internos, familiares, estagiários e funcionários da clínica. A abertura acontece nesta quarta (27), às 18h, no térreo daBiblioteca Nacional de Brasília (BNB).

    Cabeças Poéticas – Formas de Sanidade é o resultado de uma nova concepção do tratamento psiquiátrico adotado pelo Centro Mansão Vida. A clínica é especializada no tratamento de pessoas portadoras de transtornos mentais, dependentes químicos e alcoólicos. A chegada do artista plástico Humberto Brasil à clínica reforçou a convicção nos princípios da arte humana e o projeto, que inicialmente era uma terapia, transformou-se em uma exposição de obras de produção individual e coletiva. Segundo o artista plástico, “trata-se de uma escultura coletiva com inúmeras representações do inconsciente. Projeções de sofrimento, angústia, carência, agressividade, afetividade, sensualidade, espiritualidade, mudança… É uma forma positiva de canalização de ‘energias contidas’.”

    Segundo trabalho de Humberto em ambiente de tratamento psiquiátrico, a oficina revelou talentos entre os pacientes. “O que percebo é que a oficina proporcionou um ganho na auto-estima dos pacientes e uma perspectiva nova diante da vida. Um profundo prazer inundou a Wal e a Rose: o valor da descoberta de algo específico dentro delas, que jamais imaginaram que tinham. Querem continuar o processo de criação fora da clínica“, revela o artista.

    Humberto Brasil, 45 anos, é artista plástico e filósofo formado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Tem como referência no trabalho artístico coletivo a experiência do trabalho com a escultora japonesa Akiko Fujita, que hoje vive no Japão e foi professora na Unicamp na década de 1980. O trabalho de Akiko inclui estruturas de grande porte que chagam a receber colaboração de milhares de pessoas, consumindo mais de uma centena de toneladas de argila. No campo da terapia psiquiátrica, a referência é Nise da Silveira, precursora no Brasil da luta contra a discriminação e o isolamento de pacientes psiquiátricos, da terapia ocupacional e criadora do Museu de Imagens do Inconsciente, no Rio de Janeiro. A terapia trabalha a concentração, a ansiedade, o processo de início e fim de um trabalho ou continuidade. Desenvolve a articulação dos movimentos dos dedos, das palmas, dos punhos e braços, a percepção dos volumes, das formas, do equilíbrio. “A argila por ser considerada um material ‘santo’. Trabalha circulação sanguínea, batimentos cardíacos, é material curativo e não oferece riscos químicos. É considerado neuroplástico, trabalhando novas conexões neuronais… É um verdadeiro ‘desneurotizante‘”, afirma Humberto.

    Serviço: Exposição Cabeças Poéticas – Formas de Sanidade.

    Abertura dia 27, às 18h.

    Visitação pública de 28 de outubro a 7 de novembro, de 2ª a 6ª feira, de 9h a 20h45 e aos sábados e domingos, de 9h a 17h45.

    Entrada franca.

    Contato: Humberto Brasil (3485-0360 ou 8482-2231).