Renato Acha
O “Abraçaço” de Caetano Veloso reuniu cerca de três mil pessoas no Ópera Hall na sexta (5). Os fãs do baiano foram recebidos com a canção A Bossa Nova É Foda, que esquentou a plateia para um show intenso, coroado pela Banda Cê, formada pelos músicos Pedro Sá (guitarra), Ricardo Dias Gomes (baixo e teclado) e Marcelo Callado (bateria), que trouxeram uma pegada rocker rejuvenescedora e atemporal.
O público era formado por pessoas de todas as idades, que cantaram canções, como Lindeza, Quando o Galo Cantou e Abraçaço, em um momento que criou uma imagem de Caetano qual uma deidade repleta de braços, uma metáfora sobre o show e álbum construídos em oito mãos.
“Tudo mega bom, giga bom, tera bom” anunciou a festa da letra de Parabéns. O set list trouxe ainda Homem, Um Comunista, Triste Bahia, Odeio, Escapulário, Funk Melódico, Alguém Cantando e Quero ser justo. No final, voltou no tempo e cantou os clássicos Eclipse Oculto, Mãe, De Noite na Cama, Império da Lei e Reconvexo. O bis foi coroado com Um Índio, Luz de Tieta e Outro.
Foi uma festa em que Caetano deu tons joviais a sua poesia nem sempre doce, em uma apresentação afiada, com méritos para a precisão da Banda Cê, em um conjunto que reafirmou o experimentalismo sonoro como comprovadamente bem sucedido.
O cenário, idealizado em conjunto com Hélio Eichbauer, homenageia o grande artista russo Kazimir Malevich, representado em grandes cavaletes com reproduções de obras de sua fase suprematista, cujo quadro “Quadrado negro sobre fundo branco” completa cem anos em 2013.