O espetáculo “Caranguejo Overdrive” ganha temporada na Caixa Cultural.

De 13 a 23 de julho.

Foto: Elisa Mendes.

O espetáculo Caranguejo Overdrive tem temporada no Teatro da Caixa Cultural de 13 a 23 de julho. O protagonista de Caranguejo Overdrive é Cosme, ex-catador de caranguejos no mangue carioca da metade do século XIX. Convocado para integrar as forças brasileiras na Guerra do Paraguai, enlouquece no campo de batalha. De volta ao Rio, encontra uma cidade em transformação. A peça traz os traços de linguagem que caracterizam o trabalho muito original d’Aquela Cia. – dispositivos hipertextuais e a relação com a cultura pop contemporânea.

Ele, Cosme, é um homem, um caranguejo, um soldado ou um operário. Mergulhado na guerra, sofre um colapso; de volta à cidade onde nasceu, encontra um Rio de Janeiro em convulsões urbanísticas – uma cidade, para ele, irreconhecível e com sabor de exílio. Cosme, dispensado por ter enlouquecido em batalha retorna, nos anos 1870, ao Rio. Procura o Mangue (a parte da cidade então chamada Rocio Pequeno, hoje a Praça 11) e se emprega na construção do canal que representou a primeira grande obra de saneamento do Rio. Mais uma vez, é presa de uma nova crise; abandona tudo, vaga pela noite, mergulha no delírio. Apanhado por uma tempestade dessas tão conhecidas dos cariocas, torna-se enfim um caranguejo.

Duas referências se impõem na proposta de Caranguejo Overdrive – primeira, o Manguebeat de Chico Science, uma fusão de música eletrônica e tambores de maracatu. Novamente a música em cena compõe a performance, com Felipe Storino (guitarra e direção musical) à frente. Todas canções/trilhas são originais e criam dialogado com a performance dos atores.

A segunda é o trabalho do geógrafo Josué de Castro, em sua dura poética, serve-se do mote: “A lama dos mangues de Recife, fervilhando de caranguejos e povoada de seres humanos feitos de carne de caranguejo, pensando e sentindo como caranguejo. São seres anfíbios – habitantes da terra e da água, meio-homens e meio-bichos. Alimentados na infância com caldo de caranguejo – este leite de lama -, se faziam irmãos de leite dos caranguejos. […] A impressão que eu tinha era a de que os habitantes dos mangues – homens e caranguejos nascidos à beira do rio – à medida que iam crescendo, iam cada vez se atolando mais na lama” (A Descoberta da Fome – Prefácio ao livro Homens e Caranguejos, Lisboa 1966).

No elenco, a experiente Carolina Virguez – vivendo a prostituta paraguaia e a cientista – contracena com Eduardo Speron, Matheus Macena, Fellipe Marques e Alex Nader.

Foto: Júlio Melo.

Serviço: Espetáculo “Caranguejo Overdrive”
Local: Teatro da Caixa Cultural (SBS Quadra 4 Lotes 3/4 – Edifício anexo à Matriz da Caixa)
Temporada: De 13 a 23 de julho
Dias e horários: Quinta, sexta e sábado, às 20 horas, e domingo, às 19 horas
Duração: 70 minutos
Ingressos: R$ 20,00 e 10,00 (meia-entrada para estudantes, professores, maiores de 60 anos, funcionários e clientes Caixa e doadores de agasalho).
Bilheteria: De terça a sexta e domingo, das 13h às 21h, e sábado, das 9h às 21h.
Informações: (61) 3206-6456
Classificação indicativa: 16 anos
Lotação: 100 lugares.