Concurso de Design Masisa premiou designers na Casa Cor Brasília.

Texto e Fotos de Renato Acha.

Sheila Podestá (Casa Cor), Solon Cassal (Masisa) e Moema Leão (Casa Cor). Foto de Renato Acha.

A Casa Cor Brasília recebeu os melhores projetos da América Latina para a final internacional do Concurso de Design Masisa, realizado na quinta (28 de outubro). A cidade foi escolhida para sediar a premiação porque comemora cinquenta anos ao lado da Masisa.

Os concorrentes tinham o mote “Projete o móvel mais inovador e sustentável e conquiste seu espaço no mundo do design”. Mais de 500 estudantes de toda a América latina inscreveram seus projetos e os cinco finalistas foram selecionados por um júri especializado composto por Amilton Arruda (designer e coordenador de pós graduação do IED Brasil – Istituto Europeo di Design), Bernardo Senna (designer), Ivens Fontoura (designer e professor da PUC – Paraná) e Ignácio Gonzalez (Diretor de Marketing e Comunicação da Masisa Chile).

A partir da escolha dos finalistas, protótipos foram desenvolvidos com material cedido pela Masisa com o apoio de indústrias de móveis e das lojas Placacentro.

Os cinco finalistas foram:

Lucileni C. RibeiroLisseth R. Vega Figueredo (UDC – União Dinâmica de Faculdades Cataratas – Brasil) com o projeto “Mobiliário Infantil – Mobille”;

Gisela Mónica Funes (Universidad de Mendoza – Argentina) com o projeto “Sillón Dumbo”;

Isabel Tapia e Gustavo Concha ( DuocUC – Chile) com o projeto “EME”;

César Daniel Murillo (Universidad de Monterrey – México) com o projeto “Natural Kid Table”;

Eduardo Chacón ( Universidad de Los Andes – Venezuela) com o projeto “Pupy-Kids”.

O representante internacional da Masisa, Ignacio Gonzalez, conversou com o Acha Brasília sobre o concurso:

Ignacio Gonzalez. Foto de Renato Acha.

Acha – Como surgiu a ideia de fazer o concurso vinculado ao Casa Cor com o tema da sustentabilidade?

Ignacio – “Ambos os temas estão muito ligados ao que é a Masisa. Em uma parte o tema do design está no coração do nosso negócio e por outro lado a sustentabilidade faz parte da nossa forma de fazer negócios. Nós operamos com base no princípio do triplo resultado que abrange resultados econômicos, ambientais e sociais. A sustentabilidade é um tema fundamental para a Masisa há muitos anos.

Ambos os conceitos no mundo do design, que é o ponto principal deste concurso, casou perfeitamente com um ambiente como o Casa Cor e com todo o realce que é necessário“.

Acha – A Masisa participa em vários espaços da Casa Cor. Como surgiu a parceria?

Ignacio – “Já estamos fazendo isto há alguns anos em diferentes países, não somente no Casa Cor Brasília. Estamos nas principais mostras de arquitetura e design da América, na Argentina, no Casa Cor Peru que está prestes a acontecer. No Chile vamos ter o Casa Cor pela primeira vez no próximo ano. Já tem mais de 15 anos que a Masisa possui esta aliança com os arquitetos e designers no desenvolvimento de produtos e projetos emblemáticos para o mundo do design“.

Acha – Quais os planos para 2011 em relação à Brasília?

Ignacio – “Vamos seguir e intensificar nossa participação e o desenvolvimento de produtos voltados para os diferentes mercados . A Masisa tem um potencial de crescimento no Brasil maior do que em outros países e buscamos crescer aqui na cidade, pois há muito espaço para isto“.

José Merege, designer e consultor da área moveleira falou sobre sua atuação no CNPC e na área do design, bem como sobre o tema da sustentabilidade:

Ivens Fontoura, José Merege e Amilton Arruda. Foto de Renato Acha.

Acha – Qual a sua atuação na área do design?

José – “Trabalho no CNPC (Conselho Nacional de Políticas Culturais) e estamos fazendo várias reuniões. Penso que as políticas culturais vão muito bem. É o primeiro ano que a área de design participa e estamos montando o grupo que vai formar o colegiado de design pois nós temos só a representação, que é o Fred Vancan (RJ) que é o titulas da área e eu sou o suplente dele no Conselho . Várias novas áreas foram incluídas, como arquitetura, museus e moda.

Queremos incentivar mais o design no DF, principalmente, pois nós temos bons cursos mas não há muita atuação na área do design de produto,  há muito mais design gráfico. Eu dou aulas também no IESB na área de design de interiores“.

Acha – Qual sua opinião sobre a sustentabilidade como tema do evento?

José – “O tema está muito como mote marqueteiro, eu vejo pouca ação efetiva. Eu acho que muitos vendem uma idéia de sustentabilidade sem necessariamente ser uma coisa sustentável, mas muito mais no intuito comercial. Ao se fazer uma análise por alto dos produtos expostos, percebe-se um desperdício enorme, porque, por exemplo, não há um planejamento de um corte adequado. Você tem vários materiais que poderiam substituir o MDF, por exemplo, mas que por desconhecimento do profissional, ele acaba optando pelo termo da moda, é o produto sustentável, quando ele poderia ser sustentável em sua forma de atuação, durante a produção“.

O Acha Brasília gostou muito do projeto EME, de Isabel Tapia e Gustavo Concha. Conversamos antes da premiação e opinei que eles seriam os vencedores. Eles riram muito mas a intuição foi confirmada após o anúncio dos vencedores.

Projeto EME. Foto de Renato Acha.

Acha – Fale sobre o projeto EME. Qual foi a sua inspiração?

O produto foi pensado para pessoas normais. Ele se encaixa e se desarma como módulos que podem ser montados de diversas maneiras e se adaptam ao espaço de acordo com a quantidade de módulos que possui.

A inspiração veio da letra M e a idéia da estante surgiu por conta do estilo de vida. Vivemos em Viña Del Mar, que é uma cidade onde temos que nos mudar de casa constantemente. Você pode carregar tudo debaixo do braço, é bem leve, feito de MDF de 12 milímetros impermeabilizado para se proteger da água“.

Acha – Como surgiu a participação no prêmio?

A Masisa convocou o Instituto onde estudamos, o DUOC UC. Foi um concurso trabalhado durante as aulas“.

Acha –  Interessante que na hora em que observei o trabalho de vocês percebi uma forte ligação com a geometria, o concretismo e o minimalismo,  que tem tudo a ver com Niemeyer, então penso que existe uma identificação mútua. Como vocês vêem a cidade?

É verdade. Hoje pela manhã fizemos um city tour pelas obras mais importantes de Niemeyer. Achamos incrível a ordem da cidade que foi construída em tão pouco tempo. Uma cidade tão nova e tudo funciona tão bem“.

Acha – De qual obra do Niemeyer vocês mais gostaram?

A Catedral é belíssima, tem lindas curvas e nos encanta a geometria. Os espaços são tão amplos aqui. Gostamos muito do enorme lustre da Igreja Dom Bosco, com todos aqueles vitrais azuis. É um espaço muito diferente se visto por dentro e por fora“.

Gustavo Concha e Isabel Tapia. Foto de Renato Acha.