Cena Contemporânea celebra 25 anos de Teatro e Dança em edição online

De 1º a 11 de dezembro.

Idio Chichava. Último Berro. Foto: Mariano Silva.

O Teatro se tornou uma das linguagens artísticas que mais teve se reinventar durante a pandemia. Com o fechamento de salas, a telepresença se tornou a via de comunicação principal entre artistas e plateias. Atores e diretores tiveram que encarar os desafios de trabalhar com imagens e textos à distância. Mesmo com desvantagens, o formato digital abriu espaço para o público assistir espetáculos de dentro de casa no mundo inteiro. Assentos não mais limitam a quantidade de espectadores, o que é muito bom para a ampliação do alcance das obras.

O Cena Contemporânea – Festival Internacional de Teatro de Brasília está de olho nos novos formatos de veiculação e realiza sua primeira edição digital de 1º e 11 de dezembro. Trata-se da primeira parte da 21ª edição, que ganha seu segundo ato de 25 de maio a 6 de junho de 2021.

Anarchy. Foto: Stephane Tasse.

O festival comemora 25 anos com foco nas perspectivas das artes cênicas para o futuro, com curadoria de Carmem Moretzsohn e Mariana Soares. A programação vai mesclar propostas possíveis de serem realizadas ao vivo e outras criadas para o ambiente virtual, priorizando propostas locais e ibero-americanas. 

O primeiro módulo tem exibição gratuita via www.cenacontemporanea.com.br. Cada espetáculo poderá ser visto por mais três dias depois de sua estreia, em qualquer horário, no canal YouTube do festival – com raras exceções que serão indicadas no site. Basta clicar no link e assistir.

A realização é da Cena Promoções Culturais, com patrocínio do Banco do Brasil e do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal. Apoio da Funarte e Iberescena, Embaixada da França, Embaixada da Espanha, com a colaboração da Embaixada da Argentina, Goethe-Institut, entidades da sociedade civil e dos próprios artistas.

The Silent Burn Project”. Akra Khan Company,

Para 2020, o Cena Contemporânea preparou uma edição que aposta em propostas inovadoras. Para este primeiro módulo, foram selecionados trabalhos de diversas linguagens e diferentes formatos produzidos na França, Espanha, Inglaterra, México, Estados Unidos, Moçambique e Alemanha, além de projetos de diferentes estados brasileiros e propostas de artistas e grupos do Distrito Federal. São obras híbridas, que transitam entre a videoarte, intervenções virtuais por aplicativos, teatro virtual, enfim, obras transmídia. Algumas foram especialmente concebidas para o ambiente digital. Outras apresentam registros de espetáculos que encantaram o público em teatros mundo afora. Na programação estão trabalhos como “The Silent Burn Project”, da Akram Khan Company, da Inglaterra, numa versão exclusivamente feita para o Cena 2020. Esta que é uma das mais importantes companhias de dança da Europa criou um trabalho especial para celebrar seus 20 anos.

Hibridismo. Cocoon Dance.

E há ainda espetáculos como “Hibridismo”, da companhia alemã Cocoondance, “Clã_Destin@: uma viagem cênico-cibernética”, da companhia Clowns de Shakespeare, de Natal/RN ou “Juntoseseparados 5”, da brasiliense Anti Status Quo Companhia de Dança, que serão apresentados em tempo real, via streaming. Além das exibições, o festival ainda contará com atividades pedagógicas e encontros online.  

Começa a ficar tarde. Idio Chichava.

Neste ano, o Cena Contemporânea visita sua memória, convidando cúmplices de sua trajetória para revisitá-la criativamente, oferecendo ao público um mosaico de recordações afetivas e criativas, que atravessa as obras selecionadas. Registros de espetáculos e depoimentos de artistas que estiveram no festival nos diversos anos anteriores serão exibidos em vídeos curtos antes da programação diária. 

Birdie. Foto: Ariane Cuminale.

Dentre os parceiros do Cena, o grupo Lagartijas Tiradas al Sol, do México, que já participou de duas edições anteriores do festival, preparou especialmente para essa edição online o espetáculo “Cada vez que alguém diz isso não é teatro, se apaga uma estrela”, com uma profunda reflexão sobre a pandemia vista pelo teatro e do teatro repensado pela pandemia. Já o grupo espanhol Agrupación Señor Serrano, outro que já passou duas vezes pelo Cena, traz o belo e pungente “Birdie”, que se inspira no clássico filme “Os Pássaros”, de Hitchcock para refletir sobre a situação dos imigrantes na Europa.

Paul Lazar e Bebe Miller em Cage Shuffle. Foto: Kathryn D Studios.

Um dos destaques promete ser “Cage Shuffle : a digital duet” (Cage Aleatório: um dueto digital), obra recentíssima dos norte-americanos Paul Lazar e Bebe Miller, dois ícones da dança contemporânea dos Estados Unidos. Os dois apresentam performance criada para a plataforma digital a partir de uma partitura de John Cage que propõe a encenação de pequenas histórias de um minuto cada. Coreografia de Annie-B Parson, diretora da Big Dance Theater. Ainda do universo da dança, a programação apresenta atrações como “Anarchy – L’Harmonie du désordre” (Anarquia – A Harmonia da Desordem), um forte trabalho inspirado no hip hop da companhia francesa Chute Libre, e “Parasite” (Parasita), da também francesa Sandrine Lescourant, à frente da Cie Kilaï, que reflete sobre a diversidade e o outro. Além do moçambicano Idio Chichava, que traz “Último Berro – Corpo em Estado de Emergência” e “Começa a Ficar Tarde”, dois trabalhos que querem falar da urgência do corpo do intérprete num país que está sendo assolado pela violência de extremistas ou daquela que é fruto da pobreza.

Parasite. Cie Kilaï. Foto: Rabgui.

Do Brasil, o Cena 2020 contará com trabalhos inéditos como “Processo Julius Caesar”, um registro do processo de criação do novo espetáculo da Companhia dos Atores, do Rio de Janeiro, previsto para estrear em janeiro de 2021; “Aquilo que não podem demolir enquanto eu puder falar”, obra dirigida por Francis Wilker, que trata da matéria fantasma dos espaços; a estreia de “La Codista_BR”, adaptação para o Brasil de texto original escrito pela holandesa Marleen Scholten, com direção de César Augusto, e o lançamento do canal Bebelume, o primeiro do Brasil dedicado aos bebês de 0 a 5 anos de idade, exibindo oito episódios da série “Grão Jeté”, com direção de Clarice Cardell. O festival ainda vai exibir sete mini-performances especialmente criadas para o Cena pelos coletivos de Brasília que integram a Rede GARRA – Grupos de Artistas em Rede Associada. 

Oficina com Idio Chichava.

Estão programados encontros e oficinas que propõem um mergulho nas técnicas, estéticas e informações das diversas áreas das artes cênicas e também em processos de criação de artistas convidados. O artista multidisciplinar argentino Matías Umpierrez vai ministrar a oficina “Clínica de Obsessão”, que propõe a reflexão sobre a obra dos artistas participantes e sua passagem para outros dispositivos. E na oficina “Uploading the Rhythm”, Idio Chichava promete trabalhar a fisicalidade e a imaginação até o limite, mantendo contato com influências das danças tradicionais moçambicanas. Por se tratarem de processos imersivos, as oficinas possuem vagas limitadas e inscrição prévia para a participação.

Felipe Oládélè.

Já os Encontros do Cena – Espaço Internacional de Intercâmbio e Cooperação Cultural, atividade regular do festival, agora em sua 10ª edição, propõe uma reflexão aprofundada sobre a criação artística, estimulando o diálogo entre criadores, redes, festivais e instituições, em tempos de incertezas e insegurança para todo o setor das artes cênicas. Serão discutidos temas como a criação em tempos de virtualidade, o desafio que se apresenta para a curadoria dos festivais, o papel da arte como espaço de reflexão no futuro pós-pandêmico e as expressões poéticas do corpo negro e sua representação na arte contemporânea.

Márcia Regina. Buraco. Cia ViÇeras. Foto: Camila Oliveira.

Programação:

TERÇA, DIA 01/12

21h30 

  • Abertura – Cena 25 anos – 10 min
  • Cada vez que alguém diz isso não é teatro se apaga uma estrela – Lagartijas Tiradas al Sol – México – 15 min – Livre
  • The Silent Burn Project (Projeto O Silêncio Queima) – Akram Khan Company – Inglaterra – 45 min – Livre

QUARTA, DIA 02/12

21h30

AntaGônicosCeleiro das AntasRede Garra DF03 min – 12 anos

Birdie – Agrupación Señor Serrano – Espanha – 60 min – 12 anos

QUINTA, DIA 03/12

21h30 

La Codista_BR – César Augusto, Pedro Uchoa e Monique Vaillé – RJ – 35 min – Livre

Performances Rede Garra – Obras Reunidas – DF25 min – 12 anos

SEXTA, DIA 04/12

21h30 

Buraco – Cia VíÇeras – Rede Garra – DF – 4 min – 12 anos

Anarchy – L’Harmonie du Désordre (Anarquia – A Harmonia da Desordem) –  Espanha – 57 min – Livre

SÁBADO, DIA 05/12

11h00

Grão Jeté – Canal Bebelume – DF – 30 min – Teatro para bebês de 0 a 5 anos 

17h00

Hibridity (Hibridismo) Cocoondance – Alemanha – 60 min – Livre

19h00 e 21h00

Clã_Destin@: uma viagem cênico-cibernética – Os Clowns de Shakespeare – RN – 60 min – 14 anos

21h30

Papiamento – Projeto Atlânticos – Felipe Oládélè e António Tavares – Rio de Janeiro/Cabo Verde – 13 min – Livre

Aquilo que não podem demolir enquanto eu puder falar – Francis Wilker – DF30 min – Livre

DOMINGO, DIA 06/12

19h00 e 21h00

Clã_Destin@: uma viagem cênico-cibernética – Os Clowns de Shakespeare – RN – 60 min – 14 anos

19h30

Baque – Andaime Cia de Teatro – Rede Garra – DF – 3 min – Livre

Cage Shuffle: a digital duet (Cage Aleatório: um dueto digital) – Paul Lazar e Bebe Miller – NY/EUA – 30 min – Livre

Bebelume. Foto: Juliana Caribé.

SEGUNDA, DIA 07/12

19h00 e 21h00

Clã_Destin@: uma viagem cênico-cibernética – Os Clowns de Shakespeare – RN – 60 min – 14 anos

21h30

MP3 – A Missão – Grupo Tripé – Rede Garra – DF – 4 min – Livre

Juntoseseparados 5 – Anti Status Quo Cia de Dança – DF – 35 min – Livre

TERÇA, DIA 08/12

21h30

comofazerabsolutamentenada.mov – Grupo Liquidificador – Rede Garra – DF – 4 min – Livre

Parasite (Parasita) – cie Kilaï – França – 51 min – Livre

QUARTA, DIA 09/12

21h30

Joana – Grupo Embaraça – Rede Garra – DF – 5 min – 12 anos

Começa a ficar tarde e Último Berro – Corpo em estado de emergência – Ídio Chichava – Moçambique – 43 min – Livre

QUINTA, DIA 10/12

21h30

Drops Telecotidiano – Os Novos Candangos – Rede Garra – 3 min – 12 anos

Poema/Confinado – Agrupação Teatral Amacaca – Hugo Rodas – DF – 45 min – 12 anos

SEXTA, DIA 11/12

21h30

Processo Julius Caesar – Companhia dos Atores – RJ – 25 min – Livre

Estudo #1 para díptico: Ué, eu ecoa ocê’ ué eu? – Cibele Forjaz  e Celso Sim – SP – 15 min – 16 anos

Cada vez que alguém diz isso não é teatro se apaga uma estrela – Lagartijas Tiradas al Sol – México – 15 min – Livre

Micheli Santini. Aquilo que não podem demolir. Teatro do Concreto.

21º Cena Contemporânea – Festival Internacional de Teatro de Brasília – Módulo Online
1º a 11 de dezembro de 2020
No www.cenacontemporanea.com.br e canal do YouTube do Cena
Horários e classificação indicativa: Ver programação.