
Renato Acha
Embaixo de uma arquitetura de concreto à vista, a vista também dos caules de árvores da floresta brasileira de concreto, o glamour, vermelho como precisa e deve ser. Estamos na Embaixada da Itália na abertura do Capital Fashion Week.

Com uma temperatura típica dos trópicos, o bem humorado Embaixador da Itália, Gherardo La Francesca, anunciou que não iria desfilar a abriu o line up com o desfile da coleção Francesca Romana Diana.

Com um tom de anos 20, do dourado ao preto, numa languidez marcante nas faces das modelos, olhar enigmático e por vezes robotizado acentuavam as joias postas no total preto das roupas da coleção. Predominaram os maxicolares e peças em grandes formatos que por vezes davam a impressão de assumirem outras formas.

No desfile da coleção Gattinoni Couture “Cosmo-Renascimento” desenhada por Guillermo Mariotto, há meninas doces que habitam o universo que foge de ares medievais. Rendas remetem a um Renascimento que foi para a rua. Meninas que fugiram de um passado reincidente e contextualizam uma atmosfera contemporânea e surpreendentemente retrô.
São guerreiras, celtas, indianas, indígenas, europeias e brasileiras em uma breve mistura que vai dao espaço sideral à Renascença, com peças suaves e humanizadas. O mundo urbano ganha transparências hippie e tom angelical.
As cores pastéis e aquareladas invadem toda a coleção. Os acessórios são orgânicos e dialogam com sustentabilidade em recortes da natureza, onde até os minérios são expostos em suas brilhantes cores.
O passeio temporal do desfile parece que começa com uma suave alvorada, presente nos tons pastéis, passa para os tons mais frios, direciona o olhar para as águas e nuvens, prossegue em direção ao entardecer com cores vibrantes e quentes, indo para outro momento negro e transparente da noite como a luz da lua e em tons de minerais como cobre e prata.

Para fechar surgem crianças vestidas de branco, muitas delas, finalizam uma viagem com uma modelo negra vestida em uma peça, um vestido verde, pintado à mão sobre cédulas de dinheiro, cédulas europeias? Cores do euro? E uma cabeça cheia de PVC reciclável.
Guillermo Mariotto criou um vestido chamado Omaggio al Brasile. Trata-se de uma peça completamente pintada à mão e feita para encerrar o desfile. Brasilidade e natureza encerram o desfile com ar multiétnico e sustentável em uma nítida referência ao Momento Itália-Brasil.
Os anfitriões Gherardo e Antonella La Francesca.