“Clássicos & Raros do Cinema Brasileiro II” no CCBB de 11 de maio a 6 de junho.

Entre os meses de abril e junho o projeto Clássicos & Raros do Cinema Brasileiro II dá continuidade à bem sucedida parceria estabelecida entre o Centro Cultural Branco do Brasil de São Paulo e a Cinemateca Brasileira que, em 2007, resultou no evento batizado originalmente Clássicos & Raros do Nosso Cinema. A nova edição, que será realizada em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro com entrada franca, propõe uma reflexão sobre a riqueza e variedade do cinema realizado no Brasil.

Paralelamente à exibição dos filmes, a série de encontros entre o público e os cineastas, artistas e técnicos que participaram das produções apresentadas contribui para uma visão mais nítida sobre o processo de criação cinematográfica. Os debates a serem realizados neste contexto e a conseqüente reflexão sobre a produção cinematográfica brasileira por eles gerada tendem a se refletir na qualidade da produção teórica sobre o assunto e a promover o intercâmbio entre os que consomem, os que pensam sobre e os que fazem o cinema brasileiro.

O mais antigo e raro filme brasileiro escolhido para a mostra Clássicos & Raros do Nosso Cinema II é o curta-metragem de animação MACACO FEIO… MACACO BONITO… (1929). Realizado no período silencioso, o filme revela o traço elegante e o humor sofisticado do artista, ilustrador, cartunista e cineasta carioca Luiz Seel. Simbolizando a ruptura com uma linha autoral mais clássica, a mostra inclui a versão original com viragens (processo laboratorial que transforma a imagem do filme preto e branco na cor desejada) coloridas da comédia anarco-tropicalista A MULHER DE TODOS (1969), a mais iconoclasta aventura cinematográfica de Rogério Sganzerla, com performances magistrais dos atores Helena Ignez e Jô Soares.

Outra prova de que o bom humor traz longevidade é CALA A BOCA, ETELVINA! (1958). Há 100 anos fazendo o brasileiro rir e refletir sobre seus preconceitos e dilemas, Dercy Gonçalves aparece em plena forma nesta comédia dirigida por Eurides Ramos. As mulheres realmente são destaque na segunda edição da mostra e seguem servindo de pretexto para boas confusões em uma raridade produzida na Boca do Lixo paulistana: NINFAS DIABÓLICAS (1978), filme de terror e mistério dirigido por John Doo. Outra produção rodada na Boca do Lixo que tem a mulher como protagonista é LILIAN M: RELATÓRIO CONFIDENCIAL (1975), drama de ambição mais autoral, clássico da filmografia do premiado cineasta Carlos Reichenbach. Em uma curadoria que destaca a presença feminina no cinema brasileiro, Nelson Rodrigues não poderia ser esquecido. Um verdadeiro clássico à espera de uma revisão mais criteriosa é a raríssima primeira versão de BONITINHA, MAS ORDINÁRIA (1963), dirigida por J. P. de Carvalho, com música de Carlos Lyra.

Dois dos gêneros mais populares do cinema brasileiro se encontram – e praticamente se misturam – em outro conjunto de títulos selecionados para a mostra: o filme policial e o melodrama. JUVENTUDE SEM AMANHÃ (1959) é uma relíquia do cinema carioca independente dos anos 50. Realizado em cooperativa por um grupo de jovens aspirantes a cineastas, é o primeiro filme brasileiro a denunciar o cotidiano e as práticas criminosas da chamada “juventude transviada” entre nós. A prostituição, um dos temas mais explorados pelo melodrama criminal, aparece em dois momentos históricos distintos, mostrando claramente a mudança de abordagem, por nossos cineastas, de uma das principais contradições da moral burguesa. São eles: PREÇO DE UM DESEJO (1952), dirigido por Aluízio T. de Carvalho, e DAMAS DO PRAZER (1979), argumento e roteiro de Ody Fraga, dirigido pelo experiente fotógrafo Antônio Meliande.

Saindo de uma linha mais dramática e enveredando para o filme de ação, a mostra apresenta o policial colorido O MATADOR PROFISSIONAL (1969), produzido, dirigido e protagonizado por Jece Valadão. No filme, cuja trilha sonora original foi composta pelo grande maestro Erlon Chaves, o ator-diretor Jece Valadão constrói seu personagem a partir da figura de Alain Delon em O samurai, filme francês de Jean-Pierre Melville. A figura do anti-herói também aparece no faroeste GREGÓRIO 38 (1969), produção classe B produzida, dirigida e protagonizada por Rubens da Silva Prado, ator e técnico auto-didata formado na “fábrica de cinejornais” de Primo Carbonari. GREGÓRIO 38 é o primeiro filme brasileiro a pegar carona no sucesso do western-spaghetti e, praticamente, inaugura um modelo de produção de fundo de quintal que mais tarde será chamado genericamente de “cinema da Boca do Lixo”.

Concluindo esse panorama sobre os títulos selecionados para a nova versão da mostra Clássicos & Raros do Nosso Cinema II está uma raridade quase totalmente desconhecida do público contemporâneo: a comédia musical É SIMONAL (1970), dirigida por Domingos Oliveira, que capta Wilson Simonal no auge de sua carreira e inclui cenas antológicas de apresentações do cantor no Maracanãzinho e na boate Sucata. de acordo com o filme.

Serviço

Local: Centro Cultural Banco do

Classificação indicativa: de acordo com o filme.
Entrada Franca – retirar senha a partir das 10h do dia do evento

De 11 de maio a 06 de junho no CCBB de Brasília

Endereço: SCES, Trecho 02, lote 22

Informações: (61) 3310-7087

 

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