CCBB se transforma em galeria aberta com a mostra “Daquilo que me Habita”.

Tom Lisboa. Fotomirando. Divulgação.

Renato Acha

O CCBB se reafirma como uma grande galeria a céu aberto e apresenta oito intervenções que vão ocupar a área externa do Centro Cultural durante a realização da mostra Daquilo que me Habita, com curadoria de Maíra Endo e Samantha Moreira.

As curadoras propuseram novas possibilidades arquitetônicas onde os artistas foram convidados a pensar macro relações, os ciclos sustentáveis, os ciclos imperfeitos, as formas de convivência, a afetividade, o habitar no sentido mais amplo, o corpo e suas interfaces com o mundo.

A relação entre fruidor, espaço e obra se firma tendo como fundamento a sustentabilidade. Reflexões sobre as relações entre corpo e espaço, corpo e cidade, corpo e natureza, corpo e universo, corpo e corpo são ingredientes presentes na exposição que provoca diferentes possibilidades de percepção.

Os artistas criaram obras site specific, ou seja, trabalhos pensados para ocupar determinados espaços previamente determinados, o que proporciona experiências que trabalham no campo da emoção e imaginação.

O nono artista ficou responsável pela criação da identidade visual do projeto e site, assim como o catálogo ao final da exposição, com documentação dos trabalhos, making of, textos da curadoria, produção e montagem, além de textos de cada artista.

A mostra ainda prevê a realização de workshops e ação educativa. Os oito artistas participantes oferecerão workshops abertos ao público interessado (crianças, jovens e adultos). Todos eles participaram da elaboração da ação educativa e seu material por meio de uma prática orientada para processos participativos, vivenciais. Cada intervenção e possíveis propostas foram apresentadas pelos próprios artistas à equipe de monitores em um processo colaborativo. Os workshops acontecerão no CCBB Brasília e em outros espaços da cidade, entre os dias 21 e 24 de março.

Para a abertura da exposição a proposta é a realização de um piquenique na tarde de sábado, no CCBB.

Artistas e Projetos:

CARLA BARTH (Porto Alegre)
Circulares
Local: pintura nos blocos caminho do restaurante circular
A artista propõe uma narrativa visual a partir de elementos e personagens que já habitam seu imaginário como elementos da natureza e referência ao mundo dos quadrinhos com inspiração surrealista, explorando o alto contraste preto e branco em uma imagem gráfica, levando em consideração a escala arquitetônica das estruturas e o fluxo de pessoas no local.
http://www.carlabarth.com

Eduardo Srur. Acampamento dos Anjos. Divulgação.

EDUARDO SRUR (São Paulo)
Acampamento dos Anjos
Local: Fachada do prédio do CCBB (frente)
Intervenção composta de barracas de camping instaladas verticalmente em edifícios e construções. Esta obra foi inspirada pelo salmo “O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem e os livra”. A percepção de anjos acampados em locais suspensos e a ideia de proteção do espaço permeiam o conceito do trabalho. Durante a noite, a iluminação no interior das barracas transforma visualmente a instalação.
www.eduardosrur.com.br

CABEÇA NUVEM – Igor Vidor e Guilherme Teixeira (São Paulo)

Circuito Nº1: para estar aqui
Local: distribuídos no gramado – após a arena – próximo ao acesso
Circuito nº1 consiste em uma pista de obstáculos semelhantes a aquelas usadas em escolas, nas aulas de educação física, playgrounds, em treinamentos militares ou em programas populares de Tv. Levando em conta os procedimentos artísticos, a dupla pensa em como realizar situações nas quais a prática corporal esteja associada a um reflexão intelectual, poética.
http://georgealbuquerque.com
http://igorvidor.wordpress.com

ISABEL CACCIA (Argentina)
Proyecto Cancán
Local: Árvores entre os dois cilindros – Teatro e Galeria 2
A intervenção inclui uma performance que propõe a troca de uma peça íntima por uma pintura de unhas enquanto se manifesta um diálogo mão a mão sobre os desejos pessoais. O material coletado será incluído em uma coleção de meias-calça pertencente a experiências anteriores. As meias rompem-se e perdem sua identidade objetual, logo são estendidas entre as árvores onde se constrói de modo coletivo uma trama pública sem limites definidos.
http://proyectocancan.blogspot.com/

LIA CHAIA (São Paulo)
Esqueleto Aéreo
Local: Teto do vão livre (entre restaurante e bilheteria do CCBB)
A instalação foi projetada especificamente para o teto do vão livre do CCBB de Brasília, uma vez que este lugar apresenta-se aberto. Esqueleto Aéreo é construída por centenas de bandeiras recortadas nos padrões dos diferentes ossos do corpo humano e estendidas em varais dependurados no teto. A idéia da fragmentação do corpo humano está associada à fragmentação das diferentes unidades de bandeiras. O observador deverá elevar o olhar num movimento de ascensão, para perceber a leveza do ar.www.liachaia.com

MATIAS MONTEIRO (Distrito Federal)
Todos os lugares me ajudam a esquecer
Local: gramado ao lado direito da rampa de acesso ao teatro e galeria 2.
A proposta configura o deslocamento de um elemento pertencente a um determinado espaço e sua inserção em um novo contexto. A placa, como sinalização, indica e significa um lugar ou a função que ele exerce. A realocação da placa que sinaliza o espaço-atribuição “Museu de Arte de Brasília” no CCBB anula esse papel indicação, fazendo da placa um elemento de evocação (de um importante equipamento cultural da cidade) e de vocação (como uma aptidão a ser desempenhada). Acima de tudo, trata-se de uma relação nostálgica, um evento memorioso (impertinente como as lembranças tendem a ser) que se inscreve no espaço. Não somos apenas nós que habitamos determinados locais, mas existem lugares que nos habitam, que nos convocam e interpelam aonde quer que estejamos. Somos, portanto, frutos desse olhar cativo e cúmplices de nossos espaços ausentes.
http://matiasmonteiro.blogspot.com

STUDIO PUBLIC COLLECTIVE – Julie Guiches, Benoit Lorent, Marise Cardoso (Bélgica, França, Espanha, Brasil)
Installation in-situ
Local: Vidro do Restaurante
Studio Public realiza instalação especificamente para ocupar o espaço do CCBB após alguns dias de convívio no Distrito Federal. Uma enorme montagem fotográfica trazendo a arquitetura e vegetação de Brasília e subúrbios será plotada sobre o vidro do restaurante do CCBB – que fica no vão livre do edifício. A montagem brinca com escalas, reflexos e com a circulação dos visitantes.
http://www.studio-public.org/STUDIO-PUBLIC.ORG/HOME.html

TOM LISBOA (Curitiba)
Mirando(a)
Local: Árvores entre o estacionamento e a entrada no CCBB
A intervenção apresenta fotos de pássaros que foram “capturadas” da internet, emolduradas e recolocadas na natureza. Inspirada pelo filme Eu, Você e Todos Nós, de Miranda July, Mirando(a) divide com esta obra cinematográfica pelo menos um conceito: a criação de estratégias para que possamos aceitar certas artificialidades como se fossem naturais.
www.sinTOMnizado.com.br/mirando

IVAN GRILO (Campinas)

Identidade Visual, site e catálogo do projeto.
www.ivangrilo.art.br

WORKSHOPS
(locais e horários estão sendo definidos. Acontecerão no CCBB, UnB e Pier do Lago Paranoá)

As polaroides (in)visíveis e o descondicionamento do olhar
TOM LISBOA
Desde de 2005, Tom Lisboa desenvolve seu projeto de intervenção urbana chamado polaroides (in)visíveis em várias cidades do Brasil e do exterior. Só que estas polaroides são fotografias feitas sem câmera. Confeccionadas em papel sulfite amarelo, elas trazem, no lugar da imagem, um texto que dá instruções sobre o que deve ser visto. Assim, de forma lúdica, o leitor/espectador embarca numa espécie de jogo em que é preciso explorar visualmente o espaço ao redor para encontrar a imagem da polaroid.
Obs: não é necessário levar máquina fotográfica
Local: a definir
Data/ horário: a definir
Publico alvo: interessados acima de 18 anos
Número de participantes: 25

Práticas artísticas – Exercícios a partir dos jogos históricos surrealistas
CARLA BARTH
A partir de um referencial histórico que tem ligação com o trabalho de Carla Barth, no workshop a artista retoma os jogos coletivos criados pelo movimento surrealista francês de 1925, que tem como base o trabalho em grupo, a espontaneidade, o lúdico e o intuitivo.
Propõe trabalhar na linha do desenho com recorte e fotocópias em duas etapas: a primeira coletiva (rompendo a autoria) e a segunda individual (buscando a autoria). Ao final da oficina uma breve explanação do contexto histórico no qual foram criadas essas práticas para entender o espírito da época.
Local: a definir
Data / horário: a definir
Publico alvo: artistas e professores da área de humanas.
Número de participantes: 15

Eco de Prana
ISABEL CACCIA
Eco de Prana é o nome do projeto que a artista desenvolve como residência com eixo permacultural. É um espaço onde se encontram as periferias da cidade de Miramar (Buenos Aires), cuja construção colaborativa se faz durante a convivência criativa. Neste workshop, ela busca gerar uma situação similar onde a convivência estabelecida durante 4 horas seja o espaço construtivo de uma obra criada com a efetiva participação de cada inscrito. Propõe-se refletir/atuar sobre uma existência integral em liberdade. Enriquecer a obra individual com novos sentidos, mobilizar o diálogo entre participantes em uma construção coletivo e potencializar a imaginação e ativar processos criativos.
Local: a definir
Data / horário: a definir
Público alvo: artistas e interessados com mais de 18 anos
Número de participantes: 15

Por uma estética museal
MATIAS MONTEIRO
O museu, para além de um fenômeno histórico e social, constitui também um fenômeno estético moderno. Nesse encontro, proporemos uma reflexão conceitual que examine o museu não apenas como instituição política e educativa, mas como um exercício poético e afetivo do olhar.
Local: a definir
Data / horário – a definir
Publico alvo: maiores de 18 anos
Número de participantes: 25

Instalação
LIA CHAIA
Durante o encontro de 4 horas com os participantes serão apresentadas algumas questões relacionadas com a instalação, de maneira a caracterizar uma das principais linguagens da arte contemporânea. Neste sentido, serão analisadas as múltiplas possibilidades da concepção e realização que fundamentam a instalação, considerando um único fluxo que vai do corpo passando pela paisagem até a arquitetura. O workshop pretende propiciar ao participante o entendimento do significado da instalação, no seus aspectos históricos e teóricos. Paralelamente, incentivar a prática, com a produção de maquete de um provável projeto de uma instalação.
Local: a definir
Data / horário: a definir
Publico alvo: artistas e professores da área de humanas.
Número de participantes: 15

EDUARDO SRUR – a definir
Reflexão em torno do Play (Rouba Bandeira)
CABEÇA NUVEM – GUILHERME TEIXEIRA E IGOR VIDOR
Apresentação de pesquisa e reflexão sobre o termo “Play” (jogar, brincar, tocar, interpretar) , junto com ações poéticas no próprio espaço do trabalho montado no CCBB. Segundo momento grande jogo/brincaderia “Rouba Bandeira”.
Local: a definir
Data / horário: a definir
Público Alvo: A partir de 18 anos, professores de arte, pedagogia e universitários.
Nº de participantes: 60

Serviço: Daquilo que me habita
Data: 24 de março a 13 de maio de 2012

Visitação de terça a domingo de 9 às 21 horas
Local: Centro Cultural Banco do Brasil (SCES, Trecho 2, Conjunto 22)
Informações: 3108-7021.

Entrada Franca.

Foto: Projeto de Carla Barth. Divulgação.