A sátira com políticos, militares, religiosos, músicos e membros da realeza se deu por suas mãos que retrataram figuras roliças, corpulentas e estáticas que o tornaram conhecido mundialmente.
Brasília recebe a mostra Dores da Colômbia na Galeria Principal da Caixa Cultural, de 16 de março a 1º de maio, onde uma nova faceta de Botero se desvela sem perder seu forte traço identitário, elemento que utiliza para chamar a atenção para episódios como os atentados que afligiram a Colômbia nos anos 1980 e 1990.
Seu humor se torna “um testemunho da irracional história colombiana”, como ele mesmo define no papel de comentarista social e político de seu tempo, ao apresentar sua verve dramática e visceral em denúncias de assassinatos, perseguições e torturas.
“Devo dizer que a sensação que experimentei, ao pintar esses quadros, não é o mesmo prazer que sinto pintando normalmente o mundo que eu pinto. É outro sentimento. O simples fato de propor, como um artista, encontrar uma imagem simbólica que reflete o grande drama da Colômbia, significa um estado mental que não é agradável, mas sim doloroso”, desabafou.
“Meu país tem duas faces. Colômbia é esse mundo amável que eu pinto sempre, mas também tem o rosto terrível da violência. Então, em algum momento, tenho que mostrar a outra face da Colômbia”, revelou ao ilustrar de maneira única os atentados à bomba e a transformação das casas, da população, das paisagens e costumes de seu país natal.
Natália Bonilla, representante do Museu Nacional da Colômbia revelou mais detalhes sobre a exposição para o Acha Brasília:
“Esta mostra foi criada inicialmente para integrar o acervo do Museu, mas por sua força já viajou por diversos países e queríamos muito trazê-la para o Brasil novamente. Ela já esteve no Memorial da América Latina em 2007 com um grande número de visitantes, mas a idéia sempre foi de expandir mais”.
Isto realmente deve acontecer, pois sua passagem pelo Brasil se inicia pela capital e segue para Curitiba, Rio de Janeiro e Salvador, em uma excelente oportunidade tanto de tornar o trabalho de Fernando Botero ainda mais conhecido, quanto de ampliar a conscientização sobre a violência no mundo contemporâneo, por meio da linguagem visual, com o auxílio do programa educativo, que prevê agendamento de visitas orientadas para escolas públicas e particulares.
Sobre a série Dores da Colômbia, Natália destaca:
“As obras de Botero presentes nesta mostra trazem acontecimentos bem reais. Quando você vê os desenhos e pinturas, você pára para pensar: Ó meu Deus, estes são fatos que realmente aconteceram e ninguém faz nada!
Infelizmente não podemos esquecer o que ocorreu e continua a se repetir. No anos 90, a violência se manifestou enormemente na Colômbia, mas isto não significa que ela não acontece até os dias de hoje, do nosso lado. São tempos difíceis e as pessoas se acostumam com isto, pois assistem na TV o tempo todo e mesmo assim não fazem nada para mudar. Botero atenta para esta a realidade por meio de sua arte e vai surpreender o público, que não deve esperar somente por suas tradicionais figuras gordas”.
Serviço: Exposição “Dores da Colômbia”
Curadoria: Museu Nacional da Colômbia
Local: CAIXA Cultural Brasília – Galeria Principal (SBS, Quadra 4, lote ¾)
Abertura para convidados e imprensa: 15 de março de 2011, das 19h às 22h
Visitação: 16 de março a 1º de maio de 2011
Horário: de terça-feira a domingo, das 9h às 21h
Telefones: (61) 3206-9448 / 3206-9450
Agendamento de visitas monitoradas: (61) 3206-9892 (de terça-feira a sexta-feira, das 9h às 12h e das 14h às 21h)
Classificação etária: livre
Patrocínio: Caixa Econômica Federal e Governo Federal
Entrada franca
Acesso para portadores de necessidades especiais.