O artista e curador Rudá Babau fala sobre a mostra “Drops” que inaugura a Galeria Index no CEASA

De 11 de dezembro de 2021 a 20 de fevereiro de 2022.

Rodolpho Parigi. Rodolpho, 2021. Óleo sobre Linho. Foto: Estúdio em Obra.

A Index inova mais uma vez em suas incursões nas artes visuais em espaços repletos de memórias. Criada por Marcos Manente e Mônica Tachotte e inaugurada no fim de 2020 no Edifício Morro Vermelho, a Galeria Index já marcou seu percurso no Setor Comercial Sul, Museu Nacional da República e Galeria Risofloras, com mostras e programas que estabelecem pontes entre artistas, curadores e fruidores.

Erika Verzutti. Astronauta com Sorvete, 2015-2020. Óleo e cera sobre bronze. Foto: Estúdio em Obra.

A flecha que mira na arte para novos públicos e ocupa espaços urbanos diversificados ganha um novo alvo: um galpão no CEASA, que abre as portas com a mostra “Drops“, em exibição de 11 de dezembro de 2021 a 20 de fevereiro de 2022.

Rudá Babau uniu artistas visuais locais e importantes nomes do cenário artístico do Brasil. O Acha Brasília conversou com o artista e curador:

Gokula Stoffel. Demonete, 2021. Óleo sobre biscuit. Foto: Bruno Leão.

Acha – Como surgiu a ideia de ocupar este lugar inusitado?

Rudá Babau – “É natural ocupar espaços que estão nulos e vazios. Existe um infinito em cada um deles. Ainda mais em um ambiente tão diverso quanto um ponto de convergência tão cotidiano.

Os dois sócios da galeria têm raízes no CEASA. É um momento de revisitar isso de uma maneira nova. Brasília tem muitos vazios. Não precisamos ocupar tudo o tempo todo. Mas são espaços de trânsito. Corpo e ideia.”

Poli Pieratti. Série Família Água, 2017. Desenho analógico digital Lápis de cor e software (imagens digitais). Foto: Bruno Leão.

Acha – Qual foi o recorte curatorial?

Rudá Babau – “Nos últimos dois anos, vivemos um afastamento de corpos e a contemplação se condensou nos registros e nos relatos. Sentimos falta do charme da matéria. A exposição é um pequeno recorte de pensamentos sobre o limiar entre essas duas instâncias.”

Lina Cruvinel. Canto da lavanderia da Anabel, 2021. Óleo sobre tela. Fotografia: Bruno Leão.

Acha – Como é ser artista e curador ao mesmo tempo?

Rudá Babau – “Sempre tem uma coisa que rola mais. Neste caso a coisa foi mudando. É um gradiente. Aconteceu por conta de uma infinidade de pequenas escolhas.”

Alberto Lamback. Sem Título (Flores), 2021. Óleo e acrílica sobre tela. Foto: Divulgação.

Acha – E como você montou esse time que une nomes de dentro e fora do DF?

Rudá Babau – “Eu tinha mais conexões em São Paulo e Rio de Janeiro mesmo sendo candango de terceira geração. Faz um ano que estou aqui conhecendo os artistas da região. Então no meu caso, depois de 14 anos morando em SP, o esforço foi de entender melhor a produção que orbita Brasília.”

Luiza Crosman. LANDSAT2, 2019. Aquarela, nanquim, adesivo sobre papel de algodão. Foto: Bruno Leão.

“Drops” vem como uma resposta aos movimentos atuais de virtualização, uma verdadeira ode ao real cuja narrativa repensa a materialidade, tanto por meio de obras físicas que tratam de registros, vestígios e documentação, quanto através dos próprios drops de NFTs de Blockchains, ou seja, os lançamentos de obras de arte virtuais, ativos digitais únicos, na base de dados onde são armazenadas com segurança para possíveis transações comerciais.

Participam os artistas: Alberto Lamback (Paris/Fr, 1985), Amanda Devulsky (Brasília/DF, 1991), Erika Verzutti (São Paulo/SP, 1971), Gokula Stoffel (Porto Alegre/RS, 1988), Lina Cruvinel (Goiânia/GO, 1997), Ludmilla Alves (Brasília/DF, 1987), Luiz Roque (Cachoeira do Sul/RS, 1979), Luiza Crosman (Rio de Janeiro/RJ, 1987), Lucas-K (Belo Horizonte/MG, 1997), Odaraya Mello (Rio de Janeiro/RJ, 1993), Olga Carolina (São Paulo, 1998), Paula Scavazzini (S. José dos Campos/SP, 1990), Pedro França (Rio de Janeiro/RJ, 1984) e Rudá Babau (Brasília/DF, 1983), Poli Pieratti (Brasília/DF, 1987), Rodolpho Parigi (São Paulo/SP, 1977), Rodrigo de Almeida Cruz (Taguatinga/DF, 1989) e Thomaz Rosa (São Caetano do Sul/SP, 1989).

Para além do belo texto curatorial (que não vou revelar aqui para incentivar a visita presencial), a Galeria Index CEASA e a mostra “Drops” lançam uma provocação que repensa os tradicionais lugares consagrados à arte, reafirma o desbravamento inato à ocupação do DF e reflete sobre o mercado e as feiras de arte de maneira sobretudo cirúrgica pela metalinguagem in loco.

Rodrigo de Almeida Cruz. Tabuleiro (série Durações), 2017-20. Óleo sobre tela anotação em ficha pautada feita com grafite e vestígios de tinta óleo apresentada em display de acrílico. Foto: Divulgação.

Galeria Index CEASA
SIA SUL, Trecho 10 – Pavilhão B – 10 B. Box
Visitação: De 11 de dezembro de 2021 a 20 de fevereiro de 2022
De terça a sábado, das 9 às 15 horas
Obrigatório o uso de máscara.