As Dzi Croquettes são homenageadas em Vogueball gratuito no sábado.

1º de dezembro.

Divulgação.

O Dzi Vogueball movimenta a Casa de Cultura da América Latina (SCS) no sábado (1º de dezembro). No dia internacional de luta contra a Aids, o evento integra a programação da Urbana: o Corpo e a Criação da Liberdade, organizada pelo Instituto LGBT+, Casa de Cultura da América Latina e Secretaria de Cultura do Distrito Federal.

Em tempos de ameaças fascistas, o Dzi Vogueball homenageia as Dzi Croquettes, buscando nas suas purpurinas a força para resistir, reexistir e brilhar nesses dias sombrios. Os Vogueballs ou Bailes Vogue reúnem ingredientes da noite, da cultura clubber, das passarelas de moda e da coreografia de “Vogue”, hit de Madonna.

Categorias:

Runway All in Red
“Markito, o costureiro das estrelas”

Amigo dos Dzi Croquettes e responsável por alguns figurinos do grupo, Markito foi a primeira vítima pública da epidemia da Aids, dando rosto ao pânico moral e ao estigma que recaíram sobre a comunidade LGBT+ com a alcunha “Câncer Gay”.
Ele foi um dos mais famosos estilistas da era disco, chegando a produzir e vender mensalmente 300 vestidos de alta-costura. No Brasil vestiu Simone, Sonia Braga, Gal Costa, Vanusa, Christiane Torloni e Marília Pêra. Em águas internacionais, suas roupas cobriram os corpos de Diana Ross, Grace Jones e Bianca Jagger. Elaborou 150 vestidos para a cena final do filme “Rio Babilônia” do cineasta Neville D’Almeida. Paetês eram a marca registrada de Markito. A estigmatização homofóbica promovida pela mídia foi tão grande, que muitas pessoas queimavam seus vestidos depois de sua morte.
Contudo, nenhuma chama é capaz de apagar a vida criadora de Markito. Ponha seu melhor figurino vermelho. Vamos saudar e celebrar a vida de Markito em um dia tão importante e especial como 1 de dezembro que marca o Dia Mundial de Luta contra a Aids!

Sex Siren Tag Team
Bolero “Dois pra lá e dois pra cá”

Wagner Ribeiro, a mãe das Dzi Croquettes, e Lennie Dale, o pai, coreografaram um romântico bolero ao som de Elis Regina, que mais tarde seria extraordinariamente encenado por Cláudio Gaya e Claudio Tovar.
Os Cláudios levavam a paixão e o intenso amor um pelo outro para o palco, extasiando o público e o marcando com a sua linda conexão em cena.
Dance um bolero sensual com sua dupla nessa batalha e mostre ao mundo que seu amor será maior do que qualquer barreira!

Drag Performance
Dzi Croquette: “Nem homem, nem mulher: Gente!”

Dzi família, Dzi Croquettes. O grupo teatral mais subversivo e revolucionário que a ditadura conheceu. Dzi Croquettes afrontavam o opressor através do escracho, da ridicularização e do sarcasmo, dando origem e popularizando o que mais tarde ficaria conhecido como besteirol. Andróginos, além do masculino e feminino, as Dzi Croquettes traziam em seus espetáculos uma sexualidade dúbia que abalava as estruturas sexuais e as expectativas de gênero do público.
Inovador, chocante, criativo, sexual e atraente: com vocês, DZI CROQUETTES!
Dê vida ao melhor de Dzi Croquettes e lembre-se: LIFE IS A CABARET!

Virgin OTA
“Roda viva: a Arte contra a Censura”

Roda Viva é o nome de um dos instrumentos de tortura utilizados pela ditadura militar. Era uma roda que girava para carregar uma bateria usada para dar choques nas pessoas durante interrogatórios. Ela era girada até emitir um apito, avisando que estava carregada e pronta para o choque.
Também é o nome de uma das mais importantes peças de teatro década de 60. Roda viva estreou no início de 1968, sob a direção da bicha-mor do teatro brasileiro Zé Celso. Durante a segunda temporada da peça, membros do CCC (Comando de Caça a Comunistas) espancaram as atrizes e atores, deixando-as nuas no meio da rua. As atrizes e atores chegaram a reencenar a peça, mas com a violência reincidente do CCC, foram forçados a encerrar as exibições de Roda Viva. A música homônima, escrita pelo Chico Buarque, autor da peça, diz: “A gente quer ter voz ativa / No nosso destino mandar / Mas eis que chega a roda-vida / E carrega o destino pra lá”
Roda viva tornou-se um símbolo da resistência e reexistência da arte contra a Censura. Se eles eles movem a roda (da história) em direção da violência, nós a giramos em direção da arte, da liberdade e da criação.
Você pode estar andando pela primeira vez na batalha hoje, mas a resistência contra entidades monstruosas como a CCC, corre em suas veias. Suba na pista e reencene Roda Viva, usando seu corpo como arma contra a censura.
Fomos resistência, somos resistência e seremos reexistência.
Ditadura nunca mais!

Hands Performance
“A Embaixada de Marte

No bairro de Santa Teresa na Zona Central do Rio de Janeiro, estava a Embaixada de Marte. Esse era o nome da casa onde residia a família Dzi Croquettes e também o nome da marca de roupas cuidadosamente confeccionadas à mão por Wagner Ribeiro, a mãe. O que define uma embaixada marciana? O artesanato minucioso que não parece ter sido feito por mãos terráqueas ou a presença de criaturas interplanetárias revolucionárias que se auto-denominam Dzi Croquettes?
Cansada do humano, do ordinário, do comum? Traga sua melhor roupa marciana, invista na potência das suas mãos artesãs e mostre a vida extraordinária que existe em você.

Old vs. New
“Bicha não morre, vira purpurina”

Dzi Croquettes convocou uma nova era, inspirou diferentes gerações e mudou as artes e o teatro brasileiro. Seus membros tornaram-se eternos, fazendo de sua arte alimento para as gerações seguintes.
A comunidade LGBT+ tem um ensinamento antigo: nenhum de nós morre, nós nos transformamos em purpurina. Continuamos a brilhar, contaminar e inspirar. Nunca se morre em comunidade. Dzi Croquettes vive em nosso corpo, nossa pinta, nossa arte, nossa alegria.
Que seu brilho invada a pista nessa batalha, seja old ou new, somos todas purpurina!

Vogue Femme Soft & Dramatics
“Ato Institucional N˚5: o Desbunde contra a Ditadura

Em 13 de dezembro de 1968, os militares fecham o Congresso e decretam o Ato Institucional N. 5, que concede ao regime militar poderes totalitários sobre as liberdades civis. A censura atinge brutalmente a produção artística do povo brasileiro. Aqueles que viveram as censuras consequentes do AI-5 seguiram de cabeça erguida e contornando aqueles tristes militares que mal sabiam que estavam sendo glamurosamente contornados para a exibição de peças subversivas mas que aparentemente aos olhos dos opressores eram apenas um bando de viados.
Pois que venha o deboche direcionado aos militares! Vista sua melhor calça camuflada e vem ensinar como é que se caçoa do opressor!

Todas as categorias foram pensadas com base no documentário do Dzi Croquettes (2010), dirigido por Tatiana Issa e Raphael Alvarez.

Dzi Vogueball – Uma homenagem a Dzi Croquettes
1º de dezembro (sábado) de 18:30 a 00:00
Casa da Cultura da América Latina (SCS – Quadra 4 – Edifício Anápolis)
Entrada franca.