É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários aporta no CCBB.

Dino Cazzola. Uma Filmografia de Brasília. Divulgação.

Depois de um intervalo de dois anos, o Festival É Tudo Verdade volta à Brasília e ocupa o cinema do CCCB de 10 a 15 de abril. O Festival Internacional de Documentários traz mostras competitivas, ciclos especiais, retrospectivas e debates, como o que ocorre na abertura do evento (9 de abril) para o público, com a participação de diretores que assinam obras da programação, de um convidado especial, o documentarista Vladimir Carvalho, e do fundador e diretor do festival, o crítico Amir Labaki.

A programação traz títulos premiados nas mostras competitivas de Rio e Janeiro e São Paulo, como  Planeta Caracol, do coreano Seung-Jun Yi. O premiado na seleção nacional foi Mr. Sganzerla – Os Signos da Luz, de Joel Pizzini. Mais três filmes integram a lista: Com Amor, Carolyn, das suecas Maria Ramstrom e Malin Korkeasalo, ½ Revolução, de Omar Shargawi e Karin El Hakim, da Dinamarca, e Dino Cazzola – Uma Filmografia de Brasília, de Andréa Prates e Cleisson Vidal, que participam do debate no dia de abertura do festival no CCBB Brasília.

Fotografias. Divulgação.

O Festival marca a estreia de alguns filmes nacionais, como Jorge Mautner – O Filho do Holocausto, de Pedro Bial e Heitor D’Alincourt, que abre o evento, Dino Cazzola – Uma Filmografia de Brasília, de Andréa Prates e Cleisson Vidal, e Jardins Lawnswood, do polonês Pawel Kuczynski.

A programação está dividida em Competição Internacional de Longas, Competição Brasileira de Longas, Retrospectiva Internacional, Retrospectiva Brasileira, Sessão de Abertura, mostra O Estado das Coisas e Programas Especiais.

Outros títulos também estão confirmados, como Carrière 250 metros, do mestre mexicano Juan Carlos Rulfo, exibido na categoria hors concours, e Jardins Lawnswood, da Polônia. A Retrospectiva Brasileira homenageia o documentarista Eduardo Coutinho. “Coutinho – O Caminho até “Cabra”” vai exibir a versão restaurada do  clássico Cabra Marcado para Morrer (1984).

Retrospectiva Internacional apresentará a obra de Andrés di Tella, cineasta argentino que já participou do festival com obras em competição e, em 2002, integrou o júri internacional. Inédita no Brasil, a mostra apresentará, em Brasília, três dos seis longas-metragens do diretor. “Andrés Di Tella vem desenvolvendo, no último quarto de século, uma obra delicada e complexa que, a um só tempo, indaga a própria identidade e o espírito da época, o engate entre os registros de ontem e os de hoje”, explica Amir Labaki. Entre os longas, destaca-se o inédito Golpes de Machado (Hachazos, 2011), que recupera a trajetória de Claudio Caldini, um cineasta experimental de atuação marcante nos anos 70 hoje recolhido em uma propriedade rural, num subúrbio de Buenos Aires. Di Tella foi também o criador e primeiro diretor do Bafici, o Festival Internacional de Cinema Independente de Buenos Aires.

Jorge Mautner - Filho do Holocausto. Diretor: Pedro Bial. Divulgação.

PROGRAMAÇÃO

09/04 SEGUNDA-FEIRA

20h00 – SESSÃO DE ABERTURA – LONGA JORGE MAUTNER – O FILHO DO HOLOCAUSTO, de Pedro Bial e Heitor D’Alincourt (RJ, 93 min) 2012.

10/04 TERÇA-FEIRA

15h00 – COMPETIÇÃO INTERNACIONAL – longas – Com Amor, Carolyn – Suécia, 70min, digital

17h00 – RETROSPECTIVA INTERNACIONAL: ANDRÉS DI TELLA / Montoneros, Uma História – Argentina, 90min, digital

19h00 COMPETIÇÃO BRASILEIRA – LONGAS – Dino Cazzola – Uma Filmografia de Brasília – Brasil, 71min, digital

Sessão Seguida de Debate com Andréa Prates, Cleisson Vidal, Dino Cazzola e Vladimir Carvalho. Mediação de Amir Labaki

11/04 QUARTA-FEIRA

15h00 – RETROSPECTIVA INTERNACIONAL: ANDRÉS DI TELLA – Fotografias – Argentina, 110min, digital

17h00 – COMPETIÇÃO INTERNACIONAL – LONGAS – 1/2 Revolução – Dinamarca, 72min, digital

19h00 – SESSÃO DE ABERTURA – RJ /Jorge Mautner – O Filho do Holocausto – Brasil, 93min, digital

21h00 – VENCEDOR COMPETIÇÃO BRASILEIRA LONGAS – Mr. Sganzerla – Os Signos da Luz, de Joel Pizzini, 96min, HD

12/04 QUINTA-FEIRA

15h00 – MOSTRA O ESTADO DAS COISAS / Jardins Lawnswood – Polônia, 51min, digital

17h00 – RETROSPECTIVA INTERNACIONAL: ANDRÉS DI TELLA – Golpes de Machado – Argentina, 80min, digital

18h50 – RETROSPECTIVA BRASILEIRA – COUTINHO: O CAMINHO ATÉ “CABRA”/ Cabra Marcado para Morrer – Brasil, 119min, digital

21h00 – VENCEDOR COMPETIÇÃO INTERNACIONAL LONGAS – Planeta Caracol, de Seung-Jun Yi, 89min, HD

13/04 SEXTA-FEIRA

15h00 – RETROSPECTIVA INTERNACIONAL: ANDRÉS DI TELLA – Fotografias – Argentina, 110min, digital

17h00 – PROGRAMAS ESPECIAIS / Carrière 250 Metros – México, 88min, digital

19h00 MOSTRA O ESTADO DAS COISAS / Jardins Lawnswood – Polônia, 51min, digital

21h00 COMPETIÇÃO INTERNACIONAL – LONGAS / Com Amor, Carolyn – Suécia, 70min, digital

14/04 SÁBADO

15h00 – RETROSPECTIVA INTERNACIONAL: ANDRÉS DI TELLA / Montoneros, Uma História – Argentina, 90 min, digital

17h00 – COMPETIÇÃO INTERNACIONAL – LONGAS /1/2 Revolução – Dinamarca, 72min, digital

18h50 RETROSPECTIVA BRASILEIRA – COUTINHO: O CAMINHO ATÉ “CABRA”/ Cabra Marcado para Morrer – Brasil, 119min, digital

21h00 SESSÃO DE ABERTURA – RJ / OPENING SCREENING – RJ / Jorge Mautner – O Filho do Holocausto – Brasil, 93min, digital

15/04 DOMINGO

15h00 – VENCEDOR COMPETIÇÃO INTERNACIONAL LONGAS – Planeta Caracol – Coréia do Sul, 89 min, HD

17h00 – VENCEDOR COMPETIÇÃO BRASILEIRA LONGAS – Os Signos da Luz – Brasil, 96 min, HD

19h00 – RETROSPECTIVA INTERNACIONAL: ANDRÉS DI TELLA – Golpes de Machado – Argentina, 80 min, digital

21h00 – PROGRAMAS ESPECIAIS /Carrière 250 Metros – México, 88 min, digital

SINOPSES

SESSÃO DE ABERTURA

JORGE MAUTNER – O FILHO DO HOLOCAUSTO, de Pedro Bial e Heitor D’Alincourt (RJ, 93 min) 2012.

Filho de refugiados europeus, escritor e poeta precoce, Jorge Mautner revê sua trajetória, marcante na música popular brasileira contemporânea. O filme se constrói a partir de seu depoimento, da entrevista de familiares e amigos e da execução de suas canções, ao lado de Nelson Jacobina, Caetano Veloso e Gilberto Gil, entre outros.

 

VENCEDOR COMPETIÇÃO INTERNACIONAL DE LONGAS

PLANETA CARACOL (Planet of Snail), de Seung-Jun Yi (Coréia do Sul, 89 min) 2011

Desde a infância, quando perdeu a visão e a audição, Young-Chan tem vivido num mundo de escuridão, silêncio e solidão. Mas isso muda quando ele conhece Soon-Hoo, moça de estatura reduzida, com quem se casa e passa a compartilhar uma simbiótica vida a dois. Comunicando-se através do toque dos dedos, os dois descobrem sensações como abraçar árvores, cheirar frutos e descer íngremes montanhas nevadas de trenó. Soon-Ho também o ajuda a participar de concursos literários e na montagem de peças teatrais que ele escreve em braile. Uma preocupação para ela é o fato de que Young-Chan deverá desenvolver mais sua independência, quando ela tiver que se ausentar para um tratamento de saúde.

COMPETIÇÃO INTERNACIONAL DE LONGAS

½ REVOLUÇÃO (1/2 Revolution)de Omar Shargawi e Karin El Hakim (Dinamarca, 72 min) 2011. Um grupo de amigos testemunham os primeiros protestos na Praça Tahrir, no Cairo, para o afastamento do ditador Hosni Mubarak, há 30 anos no poder. Entre eles, os diretores deste filme, o egípcio Karim El Hakim e o dinamarquês de origem palestina OmarShargawi.

COM AMOR, CAROLYN (Love Always, Carolyn), de Maria Ramstrom e Malin Korkeasalo (Suécia, 70 min) 2011.

Mulher de Neal Cassady e amante de Jack Kerouac, Carolyn Cassady viveu a sua longa vida lidando com o dúbio legado da convivência íntima com dois dos maiores ícones da geração beat. Kerouac transformou-os em personagens de “On TheRoad”. Agora é a vez de Carolyn contar sua história.

VENCEDOR DA COMPETIÇÃO BRASILEIRA DE LONGAS

MR. SGANZERLA – OS SIGNOS DA LUZdir. Joel Pizzini (Brasil, 96 min), 2011

Filme-ensaio que recria o ideário do cineasta Rogério Sganzerla por meio dos signos recorrentes em sua obra: Orson Welles, Noel Rosa, Jimi Hendrix e Oswald de Andrade, que são consideradas as matrizes de seu pensamento. O método de criação, a musicalidade do olhar, o estilo inovador na montagem, o duo com a atriz e companheira Helena Ignez que revolucionou a “mise en scène” no cinema, a parceria com Júlio Bressane na produtora Belair e a atitude iconoclasta do autor atravessam o filme numa linguagem que se contamina com a dicção vertiginosa do artista. Narrado em primeira pessoa, a partir de imagens raras e situações encenadas hoje com personagens-chave de sua filmografia.

COMPETIÇÃO BRASILEIRA DE LONGAS

DINO CAZZOLA – UMA FILMOGRAFIA DE BRASÍLIA, dir. Andréa Prates e Cleisson Vidal (SP, 71 min) 2012. Do extenso registro documental de Brasília desde sua construção feito pelo cinegrafista e produtor italiano Dino Cazzola, preservou-se apenas um acervo de cerca de 300 horas. Por meio da releitura desse material, revisita-se a criação e a história da capital federal.

RETROSPECTIVA INTERNACIONAL: ANDRÉS DI TELLA

FOTOGRAFIAS (Photographs), de Andrés Di Tella (Argentina, 110 min). 2007 Para desvendar a história de sua mãe, nascida na Índia, o diretor argentino empreende uma viagem às suas origens. Na própria Argentina, ele acha pistas sobre o passado de sua mãe. Na Índia, o diretor tenta preencher as lacunas da identidade de ambos.

GOLPES DE MACHADO (Blows of the Ax), de Andrés Di Tella (Argentina, 80 min). 2011 Desde 2004, Claudio Caldini trabalhacomo caseiro numa propriedade rural em General Rodríguez, subúrbio de Buenos Aires, quase esquecido de seu passado de cineasta, participante de um ativo círculo experimental nos anos 70 – cujas atividades foram interrompidas pela ditadura militar.

MONTONEROS, UMA HISTÓRIA (Montoneros, a Story), de Andrés Di Tella (Argentina, 90 min). 1995 Através da história pessoal de Ana, uma ex-militante dos Montoneros, principal grupo armado argentino contra a ditadura militar dos anos 70/80, reconstitui-se a memória coletiva não só dessa organização, como do próprio país num momento de crise e fragmentação social e política.

RETROSPECTIVA BRASILEIRA: Coutinho: O Caminho até “Cabra”

CABRA MARCADO PARA MORRER, de Eduardo Coutinho (Brasil, 119 min). 1984 Em 1964, o golpe militar interrompe na Paraíba as filmagens por Eduardo Coutinho de um longa ficcional sobre o assassinato de um líder das Ligas Camponesas, João Pedro Teixeira. Vinte anos se passaram até que Coutinho, agora documentarista, revisite os negativos preservados e reconstitua o destino da familia Teixeira durante o regime militar.

PROGRAMAS ESPECIAIS

CARRIÈRE 250 METROS (Carrière 250 Meters), Juan Carlos Rulfo (México, 88 min). 2011 O escritor e roteirista Jean-ClaudeCarrière inicia em, sua terra natal no interior francês, um percurso que o levará a Paris, Nova York, ao México e à Índia. Seguindo a cronologia de sua própria vida, reconstitui as pegadas de personagens essenciais de suas memórias, como o diretor de teatro Peter Brook, o cineasta Milos Forman e o garçom de um hotel mexicano em que se hospedou com Buñuel (para quem roteirizou filmes como “A Bela da Tarde” (67) e “O Discreto Charme da Burguesia” (72).

O ESTADO DAS COISAS

JARDINS LAWNSWOOD (Lanwnswood Gardens), de Pawel Kuczynski (Polônia, 53 min). 2011 Pouco depois da morte de sua mulher, Janina – autora do celebrado livro “Inverno na manhã – Uma jovem no gueto de Varsóvia” -, o famoso sociólogo polonês Zygmunt Bauman, um dos mais consistentes críticos da pós-modernidade, passa a limpo sua vida e obra, discorrendo sobre a sociedade de consumo, o amor, a ética, e sobre momentos cruciais de sua vida, como o abandono da Polônia em 1968, após ter artigos e livros censurados pelo regime comunista.

Serviço: É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários

Data: de 10 a 15 de abril de 2012

Local: Cinema do Centro Cultural Banco do Brasil Brasília (SCES, Trecho 02, lote 22)

Horário: ver programação

Entrada Franca

Informações: 3108. 7630.