Exposição celebra os 50 anos de carreira de Elifas Andreato.

Adoniran Barbosa. Divulgação.
Estudo para a capa de Adoniran Barbosa e Convidados (1980).
Ao ver o estudo que Elifas Andreato havia feito para seu disco pendurado na parede do produtor Fernando Faro, Adoniran ligou para o artista: “Eu sou esse palhaço triste aqui, não aquele alemão que você desenhou no disco”. Divulgação.

A mostra Elifas Andreato, 50 Anos ocupa o Museu Nacional dos Correios de 4 de fevereiro a 3 de março. A exposição reúne alguns dos principais trabalhos elaborados pelo artista paranaense ao longo de meio século de carreira, em uma trajetória que se liga à fase áurea da música popular brasileira, à luta contra o regime militar e pela afirmação da identidade cultural brasileira.
Arte para encarte do disco Clementina e Convidados (1979), de Clementina de Jesus.
Arte para encarte do disco Clementina e Convidados (1979), de Clementina de Jesus.

A mostra tem início com uma linha do tempo, que narra desde os primeiros trabalhos, realizados ainda nos tempos de operário, até as mais recentes produções, passando por alguns dos principais capítulos da história da música, do teatro e da política no Brasil.
Cartaz da Semana Elis (1983), que marcou o primeiro aniversário da morte de Elis Regina.
Cartaz da Semana Elis (1983), que marcou o primeiro aniversário da morte de Elis Regina.

No campo musical, estão presentes trabalhos feitos para alguns dos mais importantes nomes da MPB, como Paulinho da Viola, Elis Regina, Martinho da Vila, Tom Zé, Chico Buarque, Adoniran Barbosa e Vinicius de Moraes, entre outros.
Retrato de Gilberto Gil para a revista japonesa Latina, cujas capas Elifas assina desde o início dos anos 1980.
Retrato de Gilberto Gil para a revista japonesa Latina, cujas capas Elifas assina desde o início dos anos 1980.

Em estações multimídia, os visitantes podem selecionar e assistir a depoimentos do artista sobre a realização de alguns de seus principais trabalhos para a música: capas de disco, coleções de fascículos, projetos culturais.
Retrato de Chico Buarque para a coleção de CDs e fascículos MPB Compositores, da Editora Globo, que Elifas concebeu e produziu.
Retrato de Chico Buarque para a coleção de CDs e fascículos MPB Compositores, da Editora Globo, que Elifas concebeu e produziu.

Os visitantes podem ainda sentar-se em torno de estações digitais para ouvir discos que Elifas embalou, a partir de um aplicativo que reproduz as velhas vitrolas, seus característicos chiados e sua forma de operação.
Capa do disco "Arca de Noé 2" (1981), com músicas de Vinicius de Moraes.
Capa do disco “Arca de Noé 2” (1981), com músicas de Vinicius de Moraes.

O trabalho do artista voltado para o universo infantil também está representado, com destaque para uma reprodução em grande escala da arca e dos bichinhos que compõem a capa do inesquecível Arca de Noé, de Vinicius de Moraes. Crianças e adultos podem se colocar dentro da capa, em uma proposta expográfica que desdobra os planos da obra, quase como em um livro pop-up.
Capa do jornal da imprensa alternativa Opinião, publicada em janeiro de 1974.
Capa do jornal da imprensa alternativa Opinião, publicada em janeiro de 1974.

A mesma experiência de adentrar os trabalhos de Elifas os visitantes tem com discos como Canto das Lavadeiras, de Martinho da Vila, e de cartazes para Elis Regina e para a peça Rezas de Sol para a Missa do Vaqueiro.
Cartaz da peça de Arthur Miller “Morte de um Caixeiro Viajante” (1977), com direção de Flávio Rangel.
Cartaz da peça de Arthur Miller “Morte de um Caixeiro Viajante” (1977), com direção de Flávio Rangel.

A contribuição para o teatro ganha espaço também com a reprodução de cartazes como A Morte de Um Caixeiro Viajante, de Arthur Miller, com direção de Flávio Rangel; Mortos Sem Sepultura, de Jean-Paul Sartre, dirigida por Fernando Peixoto; e Murro em Ponta de Faca, de Augusto Boal, com direção de Paulo José.
Capa do jornal da imprensa alternativa Movimento, publicada em setembro de 1976.
Capa do jornal da imprensa alternativa Movimento, publicada em setembro de 1976.

A atuação política, sobretudo durante o regime militar, tem espaço com a reprodução de alguns dos trabalhos que ilustraram a resistência à ditadura no período, como capas para publicações alternativas que fundou e dirigiu: os jornais Opinião e Movimento e a revista Argumento.
25 de Outubro, pintura de 1981, que denuncia o assassinato do jornalista Vladimir Herzog pelo regime militar.
25 de Outubro, pintura de 1981, que denuncia o assassinato do jornalista Vladimir Herzog pelo regime militar.

Como denúncia dos crimes cometidos pelo regime, comparecem 25 de Outubro (1981), que escancarou em tela o assassinado do jornalista Vladimir Herzog nas instalações do DOI-CODI, e o majestoso painel A Verdade Ainda que Tardia (2012), encomendado pela Comissão da Verdade da Câmara, presidida pela deputada federal Luiza Erundina.
Cartaz para arrecadar recursos para o fundo de greve do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, 1979.
Cartaz para arrecadar recursos para o fundo de greve do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, 1979.

A exposição traz ainda um raro exemplar do Livro Negro da Ditadura Militar, com capa assinada pelo artista, além de outras reproduções e objetos valiosos que ajudam a recontar a trajetória de Elifas Andreato e seu compromisso com a cultura e a história do País.
Retrato de Rita Lee para a coleção de CDs e fascículos MPB Compositores, da Editora Globo, que Elifas concebeu e produziu.
Retrato de Rita Lee para a coleção de CDs e fascículos MPB Compositores, da Editora Globo, que Elifas concebeu e produziu.

Serviço: Elifas Andreato, 50 Anos
Visitação: De 4 de fevereiro a 3 de março
De terça a sexta, das 10 às 19 horas. Sábado, domingo e feriados, das 12 às 18 horas
Local: Museu Nacional dos Correios (Setor Comercial Sul, Quadra 4, Bloco A, nº 256)
Entrada franca
Classificação indicativa: Livre
Informações: (61) 3213-5076.