Farnese de Andrade em mostra na Caixa Cultural.

Fotos: Tadeu Fessel. Divulgação.
Fotos: Tadeu Fessel. Divulgação.

A exposição Farnese de Andrade – Arqueologia Existencial está em cartaz na Caixa Cultural até 11 de janeiro de 2015. A curadoria de Marcus de Lontra Costa reafirma a linguagem única e singular do artista, de forma a mostrar sua personalidade e trajetória fundida com as fases de sua obra. A mostra traz um conjunto de obras pertencentes a coleções particulares e dos herdeiros do artista, em um mapeamento de sua produção ao longo dos anos 1970, 1980 e 1990.

Farnese de Andrade foi um artista múltiplo, cuja produção, vida e arte se enlaçam de maneira inseparável dando origem a uma obra densa, de caráter fortemente autoral. Começou sua carreira como desenhista e gravador e, a partir de 1964, cria objetos ou assemblages com cabeças e corpos de bonecas, santos de gesso e plásticos, todos corroídos pelo mar, coletados nas praias e nos aterros. Passa a comprar materiais como redomas de vidro, armários, oratórios, nichos, caixas e imagens religiosas em lojas de objetos usados, de antiguidades e depósitos de demolição. Utiliza com freqüência velhos retratos de família e postais, e começa a realizar trabalhos com resina de poliéster, sendo considerado um pioneiro da técnica no Brasil.

Apontado como dono de uma personalidade difícil e de um trabalho marcadamente auto-biográfico, Farnese revelou nas obras sua densa trajetória pelas memórias de infância, do pai, da mãe, dos irmãos, da sagrada família mineira e de sua fase oceânica, além de um certo aspecto libertário e transgressor, a partir de sua mudança para o Rio de Janeiro.

Enclausurado na própria solidão, expressou principalmente o embate dos seus medos, dores, tristezas, rancores, complexos, perdas, depressões, recalques, pânicos, relações, fetiches, libidos, euforias e alguma alegria. A poética de Farnese de Andrade, pautada no inconsciente, contrasta com as de outras tendências do período, como as da arte construtiva e concreta. Construiu assim, uma obra na qual o lirismo oscila do concreto ao abstrato e o bruto consegue ser gentil.

Farnese de Andrade - Foto Tadeu Fessel - Tábua 1994 - Coleção Sebastião Aires de AbreuFarnese de Andrade - Foto Tadeu Fessel - Sem título 1995 - Coleção Sebastião Aires de Abreu

Praticamente esquecido nas ultimas décadas, Farnese foi regularmente premiado de 1962 a 1970, como no Salão Nacional de Arte Moderna de 1970 – Prêmio de viagem ao exterior, e mais recentemente em 1993 – Prêmio Roquette Pinto de Os Melhores de 1992, pela exposição “Objetos”.

Farnese é um dos mais valorizados artistas brasileiros e tem obras nas maiores coleções particulares e museus do Brasil e do mundo, como: Coleção de Arte Latino-Americana da Universidade de Essex – Inglaterra, Instituto de Arte Contemporânea de Londres, MAC Niterói – RJ, Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA), MAM RJ, Museu Nacional de Belas Artes, MAM SP, etc. Com uma produção ininterrupta participou de diversas Bienais internacionais e nacionais e suas obras hoje são disputadas entre grandes colecionadores, figurando na rara constelação dos artistas plásticos mais valorizados da arte brasileira.

Farnese de Andrade contribuiu de forma decisiva para a história da arte brasileira e agrega valores internacionais na construção das questões vanguardistas do século XX. Considerado um dos mais expressivos artistas de sua geração, a exposição propõe o resgate de sua memória através de uma mostra abrangente, de qualidade relevante e propriedades curatorias únicas.

Farnese de Andrade - Foto Tadeu Fessel - Discurso 1994 - Coleção Sebastião Aires de Abreu

Serviço: Exposição “Farnese de Andrade – Arqueologia Existencial”
Local: Caixa Cultural Brasília – Galerias Piccola I e II (SBS Quadra 4, Lotes 3/4 – Edifício Anexo à Matriz da Caixa)
Visitação: de 26 de novembro de 2014 a 11 de janeiro de 2015, de terça-feira a domingo, das 9h às 21h
Informações: (61) 3206-9448 e (61) 3206-9449
Agendamento de visitas monitoradas e oficinas: (61) 3206-9892
Classificação indicativa: Livre para todos os públicos
Entrada franca.