Longa que teve estreia mundial no Festival de Veneza marca a abertura do Festival de Brasília.

De 14 a 23 de setembro.

O Festival de Brasília do Cinema Brasileiro começa nesta sexta-feira (14/9) com a tradicional cerimônia de abertura para convidados. Em 2018, a solenidade de abertura será conduzida pelos atores Chico Diaz e Letícia Sabatella, convocados especialmente para guiar o público à imersão nesta, que é 51a edição do Festival. Na primeira noite do evento, estreia nas telas brasileiras o longa-metragem ‘Domingo’, de Clara Linhart e Fellipe Barbosa. O filme fez sua estreia mundial em 2 de setembro, durante a Mostra Competitiva Horizontes do Festival de Veneza, e agora ganha primeira sessão no Brasil na abertura do Festival de Brasília.

Festival de Brasília do Cinema Brasileiro
Domingo Foto: Still

O longa de ficção se passa no dia da primeira posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, e mostra o que parece ser um típico domingo, no qual duas famílias gaúchas almoçam em uma velha mansão. Segredos e frustrações se misturam a hormônios da adolescência, uma chuva repentina e uma caixinha de cocaína esquecida no armário da dona da casa. No elenco, o filme conta com Camila Morgado, Chay Suede e uma das homenageadas da noite, a veterana no Festival de Brasília, Ittala Nandi.

Quem também estreia nas telas brasileiras durante a mostra Hors Concours do Festival de Brasília e antes da exibição de ‘Domingo’ é o curta metragem documental ‘Imaginário’, de Cristiano Burlan. A obra faz um apanhado de discursos políticos marcantes sobre a vida política do país desde os anos 1940, em diálogo com a situação política atual.

Festival de Brasília do Cinema Brasileiro
Imaginário Foto: Ana Carolina Marinho Dantas

A noite de abertura também terá a estreia do Prêmio Leila Diniz. A premiação foi criada com inspirações na memória da atriz que, embora tenha vivido apenas 27 anos, foi um importante nome do imaginário brasileiro, sendo considerada grande ícone da liberação feminina ante a secular opressão machista. Leila estrelou o filme ‘Todas as mulheres do mundo’, exibido em 1966 no Festival de Brasília, por onde passou como um furacão à época. O Prêmio Leila Diniz celebra o fortalecimento do feminino no cinema brasileiro e homenageia mulheres cruciais para o desenvolvimento do audiovisual nacional, seja na frente ou atrás das câmeras.

Em 2018, quem recebe o Prêmio Leila Diniz são Ittala Nandi e Cristina Amaral. Após importante trajetória no teatro, Ittala estreou como atriz no cinema com ‘O Bandido da Luz Vermelha’, de Rogério Sganzerla, filme que ganhou o prêmio principal do Festival de Brasília há exatos 50 anos. Além de vários outros papeis marcantes nos palcos, telas e na TV, a atriz também dirigiu documentários e trabalhou como produtora e dramaturga, tendo ainda sido professora e coordenadora de cursos de cinema.

Cristina Amaral aparece como premiada pela sua importância como montadora de cinema, carreira na qual atua há mais de 40 anos. Entre suas parcerias mais constantes e profícuas incluem-se trabalhos com Andrea Tonacci, Carlos Reichenbach e Edgard Navarro. Cristina recebeu inúmeros prêmios, inclusive o Candango em Brasília, por ‘Sua Excelência o Candidato’ e ‘Alma Corsária’.

Outro grande momento da cerimônia é a entrega da medalha Paulo Emílio Sales Gomes que, em sua terceira edição, será concedida aos mestres Ismail Xavier e Walter Mello. A premiação existe desde o 49º Festival de Brasília e leva o nome de Paulo Emílio, crítico e professor de cinema, além de um dos fundadores do curso de cinema da Universidade de Brasília e da Semana do Cinema Brasileiro, que viria se tornar, mais tarde, nosso prestigiado Festival de Brasília. A proposta da medalha é reconhecer, anualmente, personagens históricos no ensino, crítica e difusão do cinema brasileiro.

Professor Emérito da Escola de Comunicações e Artes da USP, orientado academicamente por Paulo Emílio e Antonio Candido, especialista na obra de Glauber Rocha e um dos colaboradores para a difusão planetária da estética do Cinema Novo no campo acadêmico, Ismail Xavier tem textos traduzidos em todo o mundo e será celebrado pela sua contribuição e compromisso com a memória e o futuro do cinema nacional.

Cidadão honorário de Brasília e idealizador do Arquivo Público do Distrito Federal, Walter Mello também recebe a medalha Paulo Emílio Salles Gomes por sua contribuição ao desenvolvimento do cinema nacional. Arquivista baiano, Mello foi um dos criadores do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro quando ainda se chamava Semana do Cinema Brasileiro e, pelo interesse no cinema, ocupou cargos de júri em importantes festivais, como o de Berlim.

A noite de 14 de setembro também marca a abertura da exposição Momento em Movimento, de Mila Petrillo. A coletânea faz parte do projeto Por outras lentes e apresenta registros de grandes personagens do cinema nacional que passaram pelo Festival de Brasília desde a década de 1980, registrados pelas lentes cuidadosas desta, que é uma das mais célebres fotógrafas radicadas no Distrito Federal. A exposição funcionará das 10h à 0h, na área externa do Cine Brasília. Na ocasião, também será lançado o site que disponibiliza parte do acervo da fotógrafa ao grande público.

Festival de Brasília do Cinema Brasileiro – 51ª edição
Data: De 14 a 23 de setembro
Programação completa