Festival de Cinema e a cena local.

Renato Acha

O Teatro Nacional acolheu um Festival de Brasília do Cinema Brasileiro atípico e instigante. A presença da totalidade da programação facilitou a mobilidade, pois livrou todos da locomoção do centro para a Asa Sul. As tranformações também se estenderam ao selecionados para integrar a programação deste ano.

A Mostra Brasília, na Sala Martins Pena, efervece a partir de duas da tarde, com salas entupidas da plateia mais democrática do país. A  nova safra local é próspera e se contrapõe a alguns com títulos considerados mornos, presentes na Mostra Competitiva.

Os diretores da cidade se manifestaram em seus discursos de abertura e a mira foi o deslocamento da verba do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) para festas de oficiais, ingrediente que se juntou à quase não presença da cidade na Mostra Competitiva. “Eu adoro Natal, Revéillon e Carnaval, mas o dinheiro do FAC é da cultura” – declarou a diretora Adriana de Andrade, que abriu o precedente para uma série de intervenções pertinentes no que concerne ao reconhecimento da cultura produzida na cidade.

Sem glamour, o evento se retroalimenta pelo seu público exigente, não só no que tange à programação, mas também no conforto de uma exibição com um som e imagens dignos do porte do evento. A programação pode dividir o público, mas o formato não. Todos sabem da história do Festival, que neste ano homenageia seu fundador, Paulo Emílio Salles Gomes, ao mesmo tempo em que convive com dissonâncias que se opõem ao  seu propósito original, de valorizar tanto o cinema local quanto o nacional.