Festival Bananada 20 anos é marcado pela diversidade e pela inclusão.

Edição 2018 - 20 anos

Os 20 anos do Festival Bananada reforçaram a mistura de estilos que o evento propôs nos últimos anos. A diversidade musical do festival continua ampliando seu alcance e atingindo diferentes públicos.

A edição 2018 foi marcada pela invasão de visitantes de todo o país, o que comprova o crescimento e o reconhecimento do Bananada com o um dos mais importantes festivais de música do Brasil.

Quem frequenta o Bananada há vários anos não deixou de perceber as dificuldades causadas pela mudança de local. O novo espaço não foi suficiente para comportar a grande quantidade de público. Mesmo assim, quem compareceu para curtir os shows, presenciou grandes momentos em cada um dos 3 dias de festival.

Melhores shows pelo Acha Brasília

Quem abriu a programação do Palco Chilli Beans foi o mestre Gilberto Gil, com o show Refavela 40. Organizado por Bem Gil, o show trouxe novos arranjos ao disco lançado em 1977 e reuniu uma banda de peso, formada por nomes como Moreno Veloso, Mestrinho, Sofia Freire e Anelis Assumpção, que após uma performance solo, se posicionou no palto como backing vocal de Gil. A trupe conduziu as primeira partes do show, o que acabou incomodando algumas pessoas que estavam ali exclusivamente para ver Gilberto Gil. A lenda viva da música brasileira, que arrastou uma multidão para o festival, só entrou no palco na 11ª música. Cheio de desenvoltura aos 75 anos e com uma simpatia ímpar, Gil cantou sucessos, exaltou a cultura afro-brasileira e, como esperado, foi o grande destaque da primeira noite do Bananada.

A banda Francisco el Hombre, formada pelos irmãos mexicanos Sebastian e Mateo Piracés-Ugarte, e pelos músicos Andrei Kozyreff, Rafael Gomes e Juliana Strassacapa trouxe seu rock’n roll marcado por influências latino-americanas ou, como eles mesmo descrevem, seu “transculturalismo transamericano ruidoso”. Uma das bandas do circuito independente de maior destaque na atualidade, a Francisco el Hombre fez um show cheio de energia, com aura de magia, embalado por seu toque percussivo. Destaque para a interpretação forte de Strassacapa ao cantar o hit da banda e hino feminista, indicado ao Grammy Latino 2017, “Triste, louca ou má”.

Na sexta, conferimos ainda o show de Emicida, que trouxe ao Bananada uma performance diferenciada, no formato DJ/MC. O que vimos foi um Emicida mais solto e um show mais pesado e impactante, diferente do que ele vinha apresentando nos últimos tempos. Estiveram com ele no palco, em participações especiais, a cantora Drik Barbosa e o rapper Coruja BC1.

O sábado começou com a força feminina de Ava Rocha. Uma fusão de Pomba Gira, Hélio Oiticica, Tropicália e Rock embalada por uma voz potente, carregada de verdades rasgadas sobre as várias mulheres que compõem o universo feminino, e presença de palco hipnotizante. A banda que acompanha a cantora reforça o furor de sua performancede com arranjos que incluem guitarras distorcidas e momentos totalmente experimentais.

Na mesma noite, os baianos do ATTOOXXA mostraram a vigor e a renovação da música baiana. Com uma mistura inusitada entre o pagode, recheado de influências baianas, e a batida eletrônica, a banda levantou o astral e fez o público rebolar sem parar durante todo o show. Destaque para um dos maiores hits do verão 2018, “Elas Gostam” (Popa da Bunda). Mais um motivo mais que genuíno para se jogar no carnaval de Salvador no próximo ano.

Como sempre acontece, o Carne Doce foi um dos destaques do festival. Como ocorre tradicionalmente nos shows, principalmente nos realizados em Goiânia, onde a banda surgiu, Salma Jô arrebatou a plateia, que acompanhou a vocalista cantando todas as músicas a plenos pulmões. Além de sucessos do álbum “Princesa”, lançado em 2016, a banda mostrou faixas inéditas que farão parte de seu próximo disco.

Em um dos shows mais esperados da noite de sábado e da edição 2018 do Bananada, Pablo Vittar mostrou porque é uma das artistas mais celebradas da atualidade. A estrela pop trouxe uma performance cheia de sensualidade e fez do palco Chilli Beans uma grande festa. Estiveram com ela a sensação do kuduro, Titica, a drag Aretuza Lovi e o goiano Mateus Carrilho, ex-integrante da Banda Uó.

A última noite do Bananada foi marcada por shows memoráveis, a começar pela apresentação da goiana Boogarins, destaque no circuito mundial. As músicas levaram o público a uma viagem psicodélica comandada pelo vocalista Dinho. Mais um momento de intensa participação da plateia. A banda aproveitou o show no Dia das Mães para homenagear as suas mães, que estavam no show, cantavam todas as músicas e registravam a performance com seus celulares.

O domingo também foi marcado pela força feminina com o show do coletivo Rimas e Melodias, que trouxeram suas palavras de ordem e letras que reforçavam o empoderamento da mulher negra. No palco Mayra Maldijan, Tatiana Bispo, Drik Barbosa, Karol de Souza, Stefanie, Tássia Reis e Alt Niss fizeram de suas rimas e beats uma mensagem de igualdade de gênero e raça. “O racismo não acabou, mas a gente vai acabar com ele”.

Na sequência, a cantora Larissa Luz manteve o tom e trouxe a representatividade da mulher negra que constrói seu território livre do machismo e do racismo. Larissa é um vulcão. Com sua movimentação forte e sua poesia certeira, fez do Bananada um palco de reflexões e atraiu todas as atenções.

Os veteranos do Nação Zumbi abriram o show com a música Refazenda, de Gilberto Gil, apresentada com uma batida Manguebeat, característica do grupo. Cantando grandes sucessos, que comprovam que a banda continua totalmente relevante, o Nação deixou a galera aquecida para o show do BaianaSystem que pela segunda vez consecutiva fez o Bananada tremer. Como todos os lugares por onde o Baiana passa, Goiânia não ficou imune à performance de Russo Passapusso, que fez o público pular, cantar e abrir as já tradicionais e impressionantes rodas de pogo, que envolvem centenas de pessoas em um movimentação quase uniforme. A comemoração de 20 anos do Bananada não podia ser encerrada de forma mais vigorosa e alto astral.