O espetáculo “Filha, Mãe, Avó e Puta – Uma entrevista” chega ao CCBB.

 

Foto: André Gardenberg. Divulgação.

Renato Acha

A prostituição é uma das mais antigas profissões e talvez umas das mais polêmicas sob olhares conservadores. Gabriela Leite, fundadora da ONG Davida e da grife Daspu, é referência quando se trata de uma liderança política à frente da luta pela defesa dos direitos de uma classe menosprezada.

Sua trajetória é o mote do espetáculo Filha, Mãe, Avó e Puta – Uma entrevista, em cartaz no CCBB, de 12 de janeiro a 5 de fevereiro, com entrada franca. O elenco traz Alexia Dechamps e Louri Santos, sob a direção de Guilherme Leme.

A montagem tem como fundamento o livro homônimo publicado em 2009 e revela diversas fases que marcaram a vida de Gabriela, saída da alta sociedade com destino à prostituição, até se tornar uma liderança política mundialmente reconhecida.

Filha de um aristocrata e de uma dona de casa, a paulistana Gabriela Leite estudou nos melhores colégios e foi leitora assídua de grandes escritores, como Machado de Assis e Gilberto Freyre. Durante a ditadura militar, foi aprovada em segundo lugar para a USP, onde passou pelos cursos de Filosofia e Sociologia.

Ainda frequentou os barzinhos da Praça Roosevelt, conheceu Plínio Marcos e cantou nas rodas de Chico Buarque. Mas uma gravidez acidental deu início às mudanças em sua vida. Punida pela mãe, que a proibia do contato com a boêmia, Gabriela decidiu sair de casa e viver à sua maneira. Cansada também da desinteressada rotina de secretária e ansiosa para experimentar sua liberdade sexual, aos 22 anos, ela abandonou o emprego e, corajosamente, foi trabalhar nos prédios do Boca do Lixo, baixo meretrício de São Paulo.

Tempos depois, Gabriela Leite mudou-se para o Rio de Janeiro, onde passou a viver, como prostituta, na Vila Mimosa. Ainda que condenada pela sociedade e também por sua família, ela não se intimidou diante dos preconceitos e passou a defender com a garra necessária sua categoria. Indignada com os maus tratos sofridos silenciosamente pelas prostitutas, começou a articular com suas colegas um movimento pela regulamentação da profissão e pela inclusão social delas.  Com uma brilhante atuação na condução de seus objetivos, Gabriela Leite ganhou respeito e fama – no Brasil e no mundo – e acabou fundando a primeira Associação Brasileira de Prostitutas, a ONG Davida e a irreverente grife Daspu.

Mesmo após enfrentar tantas barreiras ao longo da vida, como a necessidade de deixar de lado as filhas para seguir com seus sonhos, Gabriela Leite não se sente vítima das próprias escolhas. Hoje, é uma avó dedicada e uma das maiores lideranças mundiais ativas em campanhas de combate a Aids e direitos humanos das prostitutas.

Serviço: Filha, Mãe, Avó e Puta – Uma entrevista

Data: De 12 de janeiro a 05 de fevereiro – de quinta a domingo, às 19:30

Local: Teatro II do Centro Cultural Banco do Brasil

Preço: R$ 6,00 (inteira) e R$ 3,00 (meia)

Classificação indicativa: 14 anos.

Informações: 3108-7600.

Fotos: André Gardenberg. Divulgação.