A exposição “Geometria da Transformação” apresenta um raro acervo da arte construtivista brasileira.

Antônio Dias.

Renato Acha

Quando se fala em grandes coleções de arte brasileira, certamente vem à mente o nome de Sérgio Fadel, advogado carioca que possui mais de 1.500 itens que começaram a ser agrupados em sua juventude. Não se trata do maior acervo no país em quantidade de obras, tal qual a coleção Gilberto Chateaubriand, que se destaca pela arte moderna ou a coleção do empresário Paulo Geyer, repleta de obras do século XIX. A coleção Fadel possui relevância pelo apuro na escolha de artistas que representam um papel histórico fundamental na história da arte brasileira.

Maria Leontina.

A exposição Geometria da Transformação, em cartaz no Museu Nacional da República, apresenta 142 obras de 55 artistas entre pinturas, desenhos, gravuras e esculturas da arte construtivista, com peças que datam do início da década de 1950 ao final da década de 1980, período que também marca o nascimento da nova capital do país.

Willys de Castro.

Os brasilienses já tiveram a oportunidade de conhecer parte do rico material reunido por Fadel. Isto ocorreu há dez anos, quando a exposição Arte Brasileira na Coleção Fadel – da Inquietação do Moderno à Autonomia da Linguagem aterrisou no CCBB DF e consagrou obras que datavam do século 16 aos anos 1970.

Família Fadel Foto Renato Acha
Ecilda, Sérgio, Martha, Marcelo e Márcia Fadel. Foto: Renato Acha.

Quando se fala em Brasília e em arte construtivista, as ideias se convergem em vértices tão precisos quanto a matemática. A mostra traz obras criadas durante a construção e o desenvolvimento da nova capital. “É com grande orgulho que apresentamos pela primeira vez nosso acervo de arte construtiva que, ao longo dos últimos trinta anos, pudemos reunir e, nesta oportunidade em que comemoram os 52 anos de Brasília, expor no belo museu criado pela arte e imaginação do poeta das linhas e formas”, comemora Sérgio Fadel.

Max Perlingeiro Foto Renato Acha
Max Perlingeiro. Foto: Renato Acha.

O curador Max Perlingeiro foi convidado a traçar um olhar relacional entre Brasília e este acervo que dialoga com elementos desta jornada no Planalto Central:

“Para mim é um privilégio receber o convite da família Fadel para criar esta exposição, que não tem um curador, ela tem um co-realizador. A curadoria na realidade nasceu da vontade do proprietário desta coleção e da generosidade dos espírito público dos colecionadores de ceder um núcleo tão importante de sua convivência diária e sem dúvida nenhuma dar um presente à cidade de Brasília na ocasião de seu aniversário de 52 anos, de um período da arte brasileira que hoje está tão em voga no mundo inteiro.

Lygia Pape.

A possibilidade de reunir pela primeira vez este conjunto e de forma inédita nesta exposição tinha que nascer em Brasília. Esta exposição Geometria da Transformação poderia ganhar um novo título. Para mim poderia ser ‘Brasília e as Vanguardas Artísticas Brasileiras nas décadas de 1950 e 1960’.

Brasília foi pensada, construída e inaugurada exatamente no mesmo momento que estes artistas, sob a orientação de Mário Pedrosa, crítico de arte, jornalista e escritor homenageado nesta mostra, produziam estas obras. Um homem extremamente importante que com sua visão soube fazer com que 60 anos depois a arte brasileira deste período tivesse uma visão e uma importância internacional muito grande.

Hélio Oiticica.

Esta é uma exposição pensada para este espaço extraordinário e de uma forma muito compreensível para o público em geral, feita tanto para eles quanto para os iniciados. Aqui nós podemos ter contato com artistas que vieram da Academia Real de Belas Artes, como Belmiro de Almeida, que em 1908 produz talvez a primeira obra geométrica feita na arte brasileira.

Com o advento da Bienal de São Paulo, os grupos se organizam e a arte geométrica brasileira ganha uma força muito grande, no final de década de 60. Esta é uma exposição muito importante pela forma em que foi construída e por ter nascido em Brasília”.

Kazmer Fejer.

A mostra representa o melhor presente que nossa cidade poderia ganhar na área das artes visuiais. Uma visita obrigatória para admiradores de uma arte tipicamente nacional e uma excelente aula para estudantes de qualquer faixa etária, com a possibilidade de uma abordagem interdisciplinar, ao relacionar arte e matemática de forma criativa e espontânea.

Serviço: Geometria da Transformação

Visitação: Até 24 de junho de 2012

De terça a domingo, das 9:00 às 18:30

Local: Museu Nacional (Setor Cultural Sul, lote 2, Esplanada dos Ministérios)

Entrada Franca.

Foto: Volpi.