Depois de um hiato de 10 anos, o Grupo Corpo, maior companhia de dança do país, volta à capital com o espetáculo Gira, inspirado nos movimentos da umbanda. A apresentação, que promete emocionar os fãs tem qualidade impecável, e une a coreografia de Rodrigo Pederneiras, a cenografia de Paulo Pederneiras, a iluminação de Paulo e Gabriel Pederneiras e os figurinos de Freusa Zechmeister, acontece em 9 de setembro no auditório master do Centro de Convenções Ulysses.
Os ritos da umbanda – a mais cultuada das religiões nascidas no Brasil, resultado da fusão do candomblé com o catolicismo e o kardecismo – são a grande fonte de inspiração da estética cênica de Gira.
Exu, o mais humano dos orixás – sem o qual, nas religiões de matriz africana, o culto simplesmente não funciona – é o motivo poético que guia os onze temas musicais criados pelo Metá Metá para Gira.
Mergulhar no universo das religiões afro-brasileiras para se alinhar ao tema proposto pelo Metá Metá foram as primeiras providências dos criadores do Grupo Corpo – através da literatura e, em seguida, numa pesquisa de campo, com visitas a terreiros de candomblé e umbanda. Por ser mais sincrética e brasileira, a umbanda foi se impondo. E Gira foi-se moldando como uma visão poética da necessidade atávica do homem de se conectar com o divino ou simplesmente com o oculto.
A cena se traduz em um “quadrado” de linóleo negro, de 13m X 9m, intensamente iluminado – representação simbólica de um terreiro, a grande nave da liturgia afro-brasileira. Não há coxias: nas laterais e no fundo do palco, 21 cadeiras se perfilam em uma área imersa nas sombras e que forma uma semi arena. Sobre cada cadeira, uma luz tênue sinaliza uma presença incorpórea. Um não-cenário assinado por Paulo Pederneiras é coberto de tule negro, tecido que também envolve os bailarinos sempre que estão fora de cena.
Logo no início de Gira, um grupo de sete bailarinas ocupa o centro da cena. Mãos cruzadas sobre a lateral esquerda do quadril, olhos fechados, troncos que pendulam sobre si mesmos em vaguíssimas órbitas, tudo nelas sugere o transe. Está estabelecido o caráter volátil do que se passará no palco dali para frente.
Mas engana-se quem pensa que vai assistir a uma representação mimética dos cultos afrobrasileiros. Alimentado pela experiência em ritos de celebração tanto do candomblé quanto da umbanda (em especial as giras de Exu), Rodrigo Pederneiras (re)constrói o poderoso glossário de gestos e movimentos a que teve acesso, fundindo-o com maestria ao vasto vocabulário edificado em mais de três décadas de prática como coreógrafo residente do Grupo Corpo.
Riscadas por trios, duos ou solos brevíssimos, as formações de grupo (frequentemente em número de sete) serão recorrentes. Em uma trilha eminentemente rítmica, duas grandes respirações melódicas abrem espaço para a materialização de solos femininos imperiosos, dançados sobre a voz de instrumentos igualmente solitários –o baixo acústico de Marcelo Cabral, em Agô Lonan, e o sax tenor de Thiago França, em Okuta Yangi I.
Nos figurinos, Freusa Zechmeister adota a mesma linguagem para todo o elenco, independente do gênero: torso nu, com a outra metade do corpo coberta por saias brancas de corte primitivo e tecido cru.
Grupo Corpo – “Gira”
09 de setembro de 2023 (sábado) às 22 horas
Centro de Convenções Ulysses
Acesso ao local: 20 horas
Classificação indicativa: 14 anos
Ingressos: Poltrona Superior: R$ 80,00*
Poltrona Especial: R$ 140,00*
Poltrona VIP: R$ 160,00*
Poltona Gold: R$ 200,00*
Poltrona Premium: R$ 250,00*
*Ingressos sujeitos à alteração de preços sem aviso prévio.
*Meia-entrada: Estudantes, professores, idosos, pessoas com deficiência, profissionais da saúde e ingresso solidário doando1kg de alimento não perecível.
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