Brasília vai representar a América Latina no International Festivals Academy na Escócia.

Guilherme Tavares.

Guilherme Tavares. Arquivo pessoal.
Guilherme Tavares. Arquivo pessoal.

Recentemente, o British Council abriu inscrições para bolsa de estudos no Reino Unido voltada a produtores de festivais. Um profissional brasileiro foi selecionado para participar de curso intensivo e de rede internacional de profissionais de festivais na Escócia. A boa nova é que Brasília ganhou o páreo e o escolhido foi o produtor Guilherme Tavares, que aterrisa em Edimburgo para participar do curso intensivo International Festivals Academy (IFA), na capital global de festivais na Escócia.

O IFA é uma iniciativa do British Council em conjunto com o Edinburgh Festivals, que pretende atrair uma audiência internacional. Guilherme Tavares vai integrar um time de participantes com uma ampla gama de habilidades, tendo em vista a indústria cultural e global contemporânea, com acesso a treinamento profissional com doze líderes selecionados dos festivais de Edimburgo, experiência prática, baseada em palestras, debates, estudos de caso, e visitas a festivais, além de contato com uma rede internacional de alunos e profissionais, para compartilhamento de conhecimento e experiências. Os tópicos a serem trabalhados incluem: programação, modelos de negócios, avaliação de impacto, captação de recursos, marketing e desenvolvimento de público.

Cena Contemporânea. Foto: Rede Brasil de Festivais. Divulgação.
Cena Contemporânea. Foto: Rede Brasil de Festivais. Divulgação.

Antes de embarcar para Edimburgo, entre os dias 21 e 25 de março, Guilherme Tavares conversou com o Acha Brasília:

Acha – Como surgiu a ideia de se inscrever para a seleção do British Council?

Guilherme Tavares – Bem, eu sempre nutri muito respeito pelo British Council, sobretudo depois de ter trabalhado com eles em 2013, em uma coprodução que assinamos no Cena Contemporânea, junto à companhia Vanishing Point, do Reino Unido. Vi o edital que lançaram para jovens produtores e logo aderi. Minha grande surpresa foi ter sido aceito para o IFA (International Festivals Academy).

O edital buscava jovens produtores de festivais latino-americanos para participar do IFA, em Edimburgo, a cidade dos festivais na Europa. Eles têm 12 grandes festivais de múltiplas linguagens ao longo do ano. E a proposta do IFA é levar produtores de festivais de outros países para uma troca com os selos escoceses. Vamos debater modelos de negócios, marketing, captação e produção de festivais de todo o mundo, aprendendo, muito e com certeza, com os selos de Edimburgo.

Acha – O que pretende levar da nossa cultura para este intercâmbio?

Guilherme Tavares – Bem, a ideia é representar a América Latina em Edimburgo. Sou o único representante de nosso continente no IFA. E estou levando o Cena Contemporânea, nosso festival de teatro de Brasília, e o Favela Sounds, primeiro festival internacional de cultura de periferia do Brasil, para lá. Pretendo estabelecer trocas com os produtores que participarão, seja de Edimburgo, seja de outros cantos do mundo. Tornar os selos que represento conhecidos entre estes produtores e, principalmente, entrar em contato e por em prática modelos criativos de negócios que serão apresentados por lá, já que estamos passando por um processo de mudanças significativas na gestão de projetos culturais aqui no Brasil.

O Favela Sounds é o meu primeiro selo autônomo. O festival surgiu de uma vontade antiga de ver modelos de negócios e projetos culturais de periferias de todo o mundo sendo contrastados e postos lado a lado. Sabemos que as periferias do mundo muito têm a ensinar aos grandes mercados culturais, e a ideia é tê-los juntos aqui na capital do país, mostrando boa música, boas performances e outras linguagens que nos inspiram.