Gustav Liliequist – Adaptação.

Gustav Liliequist inaugura a mostra Adaptação nesta quarta (12 de janeiro) no Espaço Cultural Contemporâneo. O fotógrafo de origem sueca mora em Brasília há alguns anos e revelou detalhes sobre a exposição individual em que apresenta vinte fotografias em grandes formatos em que funde arquitetura e a figura feminina de maneira bem peculiar.

A performer presente nas obras é a brasileira Liliá Liliequist, artista visual, designer de marca própria (Punk Poney) e responsável pelos figurinos que integram as fotografias.

A dupla participou do Salão de Arte Contemporânea do Iate Clube de Brasília em 2009 e foi premiada.

Gustav conversou com o Acha Brasília sobre a mostra que permanece em cartaz até o dia 20 de fevereiro de 2011.

Acha – Quando surgiu a idéia de criar a mostra Adaptação?

Gustav – O início foi em 2009 e o projeto começou de forma orgânica. Saímos para fotografar com máscaras e fizemos várias fotos. Antes de começar o projeto mesmo, começamos a trabalhar no campo teórico.

Acha – Um projeto feito a quatro mãos.

Gustav – Sim. A ideia básica é trabalhar com a questão da identidade e a adaptação. Você tem alguns processos ligados a isto, como a relação entre o sujeito e o ambiente aonde ele vive. Hoje em dia, principalmente na Psicologia, se fala do inato e do adquirido, até que ponto o que você é vem da sua natureza ou do exterior e assim o indivíduo pode ser produto do meio. Pela escolha do figurino e do ambiente o personagem é o sujeito. Um é tão preso neste quanto o outro e eles batalham pelo seu olhar na foto.

Todas as fotos utilizam ambientes que se caracterizam pela presença da geometria. Há linhas e arcos neste espaço onde se insere este sujeito. Até que ponto este sujeito tem se adaptado a este ambiente?

Acha – Existe alguma relação com o mimetismo?

Gustav – É um tema interessante, pois é aplicado tanto à Biologia quanto à Psicologia. Este processo pode ser instintivo e lento. Um animal vai para um ambiente e pode se adaptar.

Este projeto tem relação com o poder do ser humano. A gente tem a habilidade de se adaptar a vários ambientes. É interessante este processo de adaptação, que pode ser natural, mas no caso do ser humano isto pode ser premeditado, como na escolha de roupas e o uso de máscaras.

Acha – E o elemento arquitetônico?

Gustav – A ideia foi pegar prédios que não tem fortes elementos modernistas, mas sim aspectos geométricos interessantes. Estes ambientes junto à figura feminina ajudam a criar cenários lúdicos que podem de atormentar, algo um pouco assustador.

Nestas fotos você encara os prédios de frente e também o sujeito. Os dois estão te olhando e você é forçado a encarar aquilo. Foi um desafio achar prédios assim.

Acha – Quais foram as locações escolhidas?

Gustav – Os Setores Bancários Sul e Norte e o Setor de Autarquias Sul, que são lugares pouco fotografados e não muito óbvios.

Acha – Por que a figura feminina?

Gustav – É um lado estético, simplesmente acho atraente e fica mais forte na foto e o vestido traz a feminilidade ao ponto máximo. Poucos figurinos podem ser tão femininos como os vestidos e estes são longos e escondem muito o corpo e eu gosto de mistério.

Existe uma relação com a natureza, que sempre é considerada um elemento feminino. Enfatizo a relação entre a natureza e o urbano, o inato e o adquirido.

Acha – E a máscara?

Gustav – A máscara é algo que você coloca para atingir um efeito, para se adaptar a um certo ambiente e você pode colocar esta máscara para fazer o oposto. Optamos pelo uso de máscaras de animais justamente pela relação com a natureza.

Serviço : Adaptação de Gustav Liliequist
Data: de 13 de janeiro a 20 de fevereiro de 2011.
Visitação: de terça a domingo, de 9 às 19 horas
Local: Espaço Ecco (SCN, Qd. 03, Bloco C)
Mais informações: 3327 2027 ou
www.eccobrasilia.com.br
Classificação Indicativa Livre
Entrada Franca.