A mostra “Hereros – Angola” traz um raro registro de Sérgio Guerra ao Museu da República.

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Renato Acha

Os Hereros são povos seminômades que vivem espalhados entre Angola, Namíbia e Botsuana. Têm longa tradição no continente africano, mas também são um dos grupos mais esquecidos. A obra do premiado fotógrafo Sérgio Guerra lança luz sobre o assunto na exposição Hereros – Angola, em cartaz no Museu Nacional da República de 14 de setembro a 23 de outubro.

São 110 fotos em tamanhos diversos e plotagens em grandes dimensões. Os visitantes serão recepcionados por uma holografia Vikuit 3M que apresenta uma mulher da etnia Muhakaona. A mostra revela uma criteriosa seleção dentre um universo de mais de 30.000 imagens colhidas nas províncias do Namibe e Cunene. O público ainda verá roupas, adereços, utensílios diversos e um documentário sobre essa etnia, composta pelos grupos Mukubais, Muhimbas, Muhakaonas e Mudimbas.

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“Apesar de uma aparência muito diferente, os Hereros são todos da mesma raiz, da mesma família, como gostam eles próprios de definir a matriz comum”, explica Sérgio Guerra, que fez o primeiro contato com a etnia no ano de 1999, quando integrou um programa de comunicação institucional do Governo de Angola.

Desde o início Guerra se impressionou com o que viu. “Ali, com a câmera em punho, entorpecido pela novidade, fiz as primeiras imagens dos Mukubais, mas a dimensão do que me estava a ser revelado eu só teria capacidade de perceber muito mais tarde, sete anos depois”, revela Guerra.

O fotógrafo e o personagem tem uma forte cumplicidade, como afirma o curador Emanoel Araújo ao abordar a obra de Sérgio Guerra. O povo nômade mais antigo da África é representado em um misto de beleza e aridez tão peculiar, que só a realidade do continente africano poderia proporcionar.

“A natureza plena desse povo banhado de sol, da cor da terra, contém uma visão estética grandiosa que a África ainda detém que é esse sentimento essencial das coisas, dos adornos que se fundem com o próprio corpo, com a própria alma pungente desse belo povo Herero. Eis aqui um povo de corpo e alma, livre e belo como esculturas talhadas no barro vermelho, de olhar profundo e de adereços que se integram no corpo como se a ele sempre pertencesse e da fascinante aventura desse povo que sabe a natureza, de tão espontaneamente fazem parte da eternidade da vida”, interpreta Araújo.

Nas palavras do curador, o trabalho de Sérgio Guerra é uma ode à vida “pulsando em cada momento para a realidade se tornar visível nesse extraordinário ensaio fotográfico”.

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A mostra fica em cartaz no Museu Nacional da República de 14 de setembro a 23 de outubro de 2011Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes, tem curadoria de Emanoel Araújo, artista plástico e Diretor Curador do Museu Afro Brasil.

Serviço: Hereros – Angola. Ensaio fotográfico de Sérgio Guerra sobre o povo nômade mais antigo da África.

Data: 14 de setembro a 23 de outubro de 2011

Visitação: De terça a domingo, das 9h às 18h30.

Local: Museu Nacional do Conjunto Cultural da República (Galeria do Térreo, Setor Cultural Sul, Lote 2 – Esplanada dos Ministérios).

Entrada franca.

Classificação indicativa: livre.

Informações: 61 3325-5220 e 3325-6410.