Monique Gardenberg encena “Hora Amarela” no teatro do CCBB.

Deborah Evelyn. Fotos: André Wanderly. Divulgação.
Deborah Evelyn. Foto: André Wanderly. Divulgação.

Drama e ficção científica se encontram no espetáculo Hora Amarela, que estreia no CCBB Brasília em temporada de 22 de maio a 21 de junho. O texto do norte-americano Adam Rapp ganha direção de Monique Gardenberg e elenco conta com as presenças de Deborah Evelyn, Isabel Wilker, Michel Bercovitch, Darlan Cunha, Daniel Infantini e Daniele do Rosario.

Esta é a segunda vez que Monique Gardenberg dirige uma obra do dramaturgo norte-americano Adam Rapp. Dez anos após o sucesso de ‘Baque’ (2005), a diretora volta a trabalhar com Deborah Evelyn, após dirigi-la em Baque. A primeira experiência da diretora com o autor norte-americano foi ‘Inverno da Luz Vermelha’, montado em 2011.

O texto ganhou tradução de Isabel Wilker, que também está no elenco. A atriz Mônica Torres, que assistiu à montagem original e adquiriu os direitos do texto, é a idealizadora do projeto. A peça já fez temporada no Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. Após a sessão do dia 13 de junho, haverá um bate-papo da série Encontros Vivo EnCena, com a participação do elenco com o público e mediação de Expedito Araujo, curador artístico do projeto.

“Hora Amarela é diferente de tudo que já fiz. Logo que recebi o convite de Deborah e Mônica fiquei resistente. Nunca havia imaginado encenar uma ficção científica. Mas aos poucos fui me dando conta que, embora a história se passe no futuro, tudo o que acontece em cena já foi, de uma forma ou de outra, produzido pelo homem, tem uma base real que a torna assustadora e nos faz refletir sobre os caminhos da humanidade’, conta Monique sobre o texto, cuja ação se passa em uma New York sitiada e arrasada por uma guerra misteriosa e violenta.

‘Quando assisti à montagem americana, me despertou novamente a vontade de produzir, adormecida há quase duas décadas. Quis trazer para cá esta discussão que o Adam Rapp propõe sobre intolerância, religião, fanatismo e preconceito. É um momento muito oportuno’, conta Mônica Torres, que logo mandou o texto para Deborah e as duas convidaram Monique para assumir a direção da empreitada.

Escondida há três meses no porão de seu prédio, Ellen (Deborah Evelyn) faz de tudo para sobreviver e não perder a esperança de rever o marido desaparecido. No desenrolar da peça, ela é surpreendida com a chegada de diferentes personagens, como Maude (Isabel Wilker), jovem viciada em drogas à procura de abrigo, o professor Hakim (Michel Bercovitch), que traz notícias do mundo externo e um fugitivo Sírio (Daniel Infantini) que não consegue se comunicar por não falar outra língua. A situação se torna cada vez mais desoladora e Ellen tenta desesperadamente seguir em frente e se manter viva.

Michel Bercovitch e Isabel Wilker. Foto: Clarissa Lambert.
Michel Bercovitch e Isabel Wilker. Foto: Clarissa Lambert.

Para recriar este ambiente de extrema destruição, Monique convidou Daniela Thomas (cenografia), Cassio Brasil (figurinos) e Maneco Quinderé (iluminação), parceiros da diretora em ‘Inverno da Luz Vermelha’ (2010). ‘Estamos em um bunker fechado e claustrofóbico. Daniela trabalhou em cima desta ideia, a de um porão fechado abaixo do solo. A vida se passa, portanto, sobre a cabeça dos atores’, diz Monique, ressaltando que a luz virá quase sempre de fontes em cena, como luminárias, lanternas e resistências.

Outro ponto fundamental para o desenvolvimento dos conflitos é a trilha sonora, composta especialmente para o espetáculo pelo músico paulista Lourenço Rebetez. Segundo Monique, o som ‘comenta’ toda a peça: ‘Quando li o texto, pensei: tem que ser rápido, doloroso e muito tenso. A forma de criar esta tensão seria através da trilha sonora, algo que precisaria ser composto. Por coincidência, antes de começarem os ensaios, assisti a um ballet do coreógrafo Ricardo Linhares musicado pelo Lourenço. Além de um profundo conhecimento musical, ele é um pensador inquieto. Eu precisava desta combinação’, conta a diretora.

‘Through the Yellow Hour’ estreou em 2012 em Nova Iorque e surpreendeu público e crítica com a terrível visão de um futuro possível para o país. A guerra apresentada – entre uma potência desconhecida e os Estados Unidos – atinge proporções aterradoras. O espectador pode até supor que o exército invasor seja muçulmano – os soldados usam turbantes, tem a barba comprida e rezam ao amanhecer –, mas a intenção de Adam Rapp é mostrar que, na hora de tentar saber quem nos apavora, lidamos apenas com as nossas próprias suposições.

Michel Bercovitch .
Michel Bercovitch. Foto: Clarissa Lambert.

Em entrevista recente, Rapp revelou que quis escrever o texto depois de ler sobre a guerra civil na Síria e sobre os conflitos recentes no Egito e em todo o Oriente Médio. ‘São lugares onde há tanta incerteza e caos que pensei: ‘e se trouxéssemos isso tudo de uma maneira estranha e misteriosa para cá? Como lidaríamos com isso? Como se sobrevive em um mundo como este? Como se manter vivo? Como se manter são’, disse o autor.

Ao imaginar o cenário de destruição, guerra e ruína de ‘Hora Amarela’, Rapp parece sugerir que a humanidade caminha para um futuro sombrio. No entanto, a resiliência de sua protagonista diz o contrário. É uma qualidade de nossa espécie: a força de lutar, como Ellen, para sobreviver dentro de uma realidade aterradora.

Encontros Vivo EnCena – Após a apresentação do dia 13 de junho, acontece mais uma edição da série “Encontros Vivo EnCena” em Brasília, que conta com a participação do elenco do espetáculo a partir do tema “Teatro e Transformação”, com mediação de Expedito Araujo, curador artístico do projeto. Como uma ação cultural integrada, gratuita e exclusiva, com o tema “Teatro e Transformação”, pretende envolver o público para realizar trocas de experiências a partir de temas do espetáculo. O objetivo é a discussão entre criadores e público a partir de um espetáculo que retrata obsessão por manipulações e opressões em uma sociedade que caracteriza nossa realidade desde os tempos mais remotos. Baseado nas relações inerentes do fazer teatral irá proporcionar maior reflexão sobre o lugar de respeito e do afeto a individualidade, assim como promover esclarecimentos para boas práticas em confronto com as tendências que a peça teatral apresenta.

Ficha técnica:

Texto: Adam Rapp
Tradução: Isabel Wilker
Direção: Monique Gardenberg
Cenografia: Daniela Thomas
Figurinos: Cassio Brasil
Iluminação: Maneco Quinderé
Elenco: Deborah Evelyn, Isabel Wilker, Michel Bercovitch, Darlan Cunha, Daniel Infantini e Daniele do Rosario.
Realização Monica Torres & Calligaris Produções Literárias e Artísticas

Michel Bercovitch e Deborah Evelyn. Foto: Clarissa Lambert.
Michel Bercovitch e Deborah Evelyn. Foto: Clarissa Lambert.

Serviço: Hora Amarela
Local: Teatro I do CCBB (SCES, Trecho 02, lote 22)
Datas e horários: De 22 de maio a 21 de junho
De quinta a sábado, às 21 horas, e domingos, às 20 horas
Duração: 80 minutos
Classificação indicativa: 16 anos
Gênero: Drama
Capacidade: 327 lugares
Mais informações: (61) 3108-7600
Valores: R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia-entrada)
Clientes Vivo Valoriza tem 50% de desconto em até dois ingressos.
Horário de funcionamento bilheteria CCBB: de quarta a domingo, de 13h às 21h. Os ingressos começam a ser vendidos no dia 09 de maio.
Classificação: 14 anos
Duração do espetáculo: 80 minutos
Capacidade do teatro: 327 lugares

O CCBB disponibiliza ônibus gratuito, identificado com a marca do Centro Cultural. O transporte funciona de terça a domingo. Consulte todos os locais e horários de saída no site e no Facebook.
O CCBB funciona de quarta a segunda-feira, das 9h às 21h, com fechamento às terças-feiras.
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