Gravuras de Tomie Ohtake reunidas em exposição no Centro Cultural TCU.

De 20 de fevereiro a 4 de maio.

Sem título. Litogravura. Divulgação.

O espaço de exposição do Tribunal de Contas da União em Brasília recebe um panorama da obra de Tomie Ohtake, recorte de quase meio século de sua prática em gravura, organizado em parceria entre o Instituto Itaú Cultural e o Instituto Tomie Ohtake. O conjunto com cerca de 70 obras evidencia como a gravura sempre foi um campo inesgotável de experiências para a artista. Experimentalismo incomum para a técnica milenar, a obra em gravura de Tomie surpreende não só pela inovação, como também por uma fecunda produção que resultou em centenas de séries. “A coreografia cuidadosa de texturas e ritmos pictóricos, passando por processos de multiplicação e recombinação de formas esboçadas em recortes e colagens, ganhou especial ressonância na obra gráfica de Tomie Ohtake”, afirmam Paulo Miyada e Carolina De Angelis, curadores da mostra.

Sem título. Gravura em metal.

A artista dominou a técnica da gravura quando já era uma consagrada pintora, no final dos anos 60, utilizando-se da serigrafia e da litografia. Porém foi na gravura em metal, a partir de 1987, que encontrou a mesma liberdade do pincel e com a qual seguiu trabalhando. Tomie extraiu todo o proveito sugerido por esta forma de arte: fez uma série em que unia três gravuras de mesma imagem com cores diferentes, resultando em trabalhos com quase três metros de altura; recortou imagens e, ao colocá-las a alguns centímetros da parede, criou novas formas com a sombra produzida pela luz direta; inventou uma obra para duas paredes, trabalhos com dobra em ângulo reto, propondo novas perspectivas. Entre as várias composições reunidas na exposição, que apontam a potência de uma linguagem singular reinventada ao longo de cinco décadas (1969 – 2008), destaca-se ainda o álbum Yu-Gen (1997), composto por doze poemas de Haroldo de Campos, inspirados no Japão, traduzidos no campo plástico por Tomie. Uma obra realizada a quatro mãos, na qual os textos manuscritos pelo próprio poeta também viram imagens e contracenam em equilíbrio com os desenhos e cores criados pela artista.

Sem título. Gravura em metal.

As gravuras de Tomie ganharam reconhecimento internacional a partir de 1972, quando foi convidada a participar da sala Grafica D’Oggi na Bienal de Veneza – exposição que contou com a presença dos mais importantes artistas do mundo, como os norte-americanos da Pop Art -, além de sua participação na Bienal de Gravura de Tóquio, em 1974, tradicional mostra internacional desta técnica.

Com a sua obra – pintura, gravura e escultura – fundada no abstracionismo informal, Tomie criou um universo de imagens em suspensão e, conforme Merleau-Ponty aponta em O visível e o invisível, nem tudo pode ser desvelado pela consciência perceptiva, pois há sempre o invisível, o oculto. E é justamente neste “intermundo” que flutuam os traços, as cores e as formas inventadas por Tomie.

Sem título. Gravura em metal.

Exposição: Instante – cores gravadas de Tomie Ohtake
Abertura: 19 de fevereiro (terça) às 19 horas
Visitação: De 20 de fevereiro a 4 de maio, de segunda à sexta de 9 às 19 horas
Centro Cultural TCU – Instituto Serzedello Corrêa (SCES Trecho 3, Lote 3)
Entrada franca
Agendamento de visita das escolas: (61) 3316-5221
Informações: (61) 3316-5874