A vanguarda sobre a diáspora africana na retrospectiva do cineasta John Akomfrah.

De 21 de novembro a 10 de dezembro.

Sete Canções para Malcolm X (1993). Foto: Smoking Dogs Films, cortesia da Lisson Gallery.

A retrospectiva O cinema de John Akomfrah – Espectros da diáspora chega ao cinema do CCBB de 21 de novembro a 10 de dezembro. John Akomfrah foi um cineasta pioneiro na abordagem de vanguarda sobre a diáspora africana. A mostra incentiva o debate durante o mês da Consciência Negra e traz ao país, pela primeira vez, o renomado historiador de arte Kobena Mercer (Universidade de Yale). Especialista na arte sobre diáspora, ele apresenta aula magna gratuita sobre a obra de Akomfrah em 28 de novembro, às 19:30, no CCBB.

São 16 obras do cineasta, a maioria inédita no Brasil, entre filmes de ficção, documentários e videoinstalações. A obra de Akomfrah é reconhecida por atentar à luta contra a opressão racial e denunciar as ramificações contemporâneas do colonialismo. Partindo da cinematografia do realizador ganês-britânico, o CCBB apresenta um amplo painel sobre a disseminação das culturas de matiz africana no ocidente, traçando um percurso que cobre desde as raízes da escravidão, em trabalhos como Tropykos (2015), a obras de ficção científica de inspiração afrofuturista, como no filme O último anjo da história (1995).

Último Anjo da História (1995).

Nascido em Gana em 1957, Akomfrah emigrou para a Inglaterra ainda na infância. “As agruras comuns à experiência migratória, tais como a nostalgia da terra natal e as tensões inerentes à condição de ser negro numa Grã-Bretanha do pós-guerra, fortemente marcada pelo racismo, teriam impacto profundo na vida e na produção do cineasta”, detalha Rodrigo Sombra, que assina a curadoria da mostra em parceria com Lucas Murari.

Durante a década de 1980, ainda na universidade, Akomfrah participou intensamente do movimento de cineclubes e oficinas de cinema que emergia nos bairros de imigrantes da Inglaterra. Neste período, fundou o Black Audio Film Collective, coletivo de artistas cuja atuação seria decisiva para dar visibilidade à questão diaspórica no interior da cultura inglesa.

“Ao ocupar salas de cinema, galerias e a televisão, o Black Audio dava vazão a um projeto de radicalidade estética e política realizado de uma perspectiva negra até então inédita no cinema britânico”, explica o curador Lucas Murari. É o caso de As Canções de Handsworth (1986), primeiro longa dirigido por Akomfrah. Eleito pela revista Sight and Sound um dos 50 melhores documentários da história, o filme investiga como questões de raça e imigração eram representadas na mídia hegemônica.

As Canções de Handsworth.

Além do aspecto estético, os filmes de Akomfrah são celebrados pelo forte apelo literário. Em As Nove Musas (2011), que agrega mitologia grega e aspectos das migrações de caribenhos à Grã-Bretanha no segundo pós-guerra, o artista faz referências a escritores cuja sensibilidade dialoga com a obra. “Em seus filmes, Akomfrah cita Virginia Woolf, Joyce, Emily Dickinson, Shakespeare, Milton, invoca todos esses autores britânicos para afirmar a sua própria britanidade. Sente-se à vontade tanto para convocar Malcolm X quanto Samuel Beckett na tentativa de formular perguntas inquietantes a respeito da condição diaspórica, do lugar do imigrante em nosso tempo”, detalha Rodrigo Sombra.

Além dos filmes de Akomfrah, serão exibidas ainda obras de Reece Auguiste, um dos mais proeminentes artistas do Black Audio Film Collective.

A mostra terá três exibições acessíveis para pessoas com deficiência. No dia 5 de dezembro, às 15h30, a sessão de Borderline será acompanhada de audiodescrição, recurso de narração de informações que auxilia pessoas com deficiência visual na compreensão da narrativa.

Em 3 de dezembro, às 19h30, e em 7 de dezembro, às 15h30, a mostra exibirá o longa O projeto Stuart Hall com legendagem descritiva, que indica, para pessoas com deficiência auditiva, ruídos e sons importantes do filme.

Em 30 de novembro, o CCBB promove também discussão sobre a mostra, que reunirá as professoras Ângela Prysthon (Universidade Federal de Pernambuco) e Kênia Freitas (Universidade Católica de Brasília), para uma conversa com o público. O debate ocorrerá às 19h30, no CCBB, com mediação do curador da mostra Rodrigo Sombra, e será acompanhada por tradução em LIBRAS. A entrada é gratuita.

Durante a mostra, será lançado livro-catálogo com informações sobre a retrospectiva, textos e entrevistas de Akomfrah inéditos no País. A publicação contará com artigos dedicados a Akomfrah escritos por ensaístas, críticos e curadores estrangeiros publicados no Brasil pela primeira vez, incluindo nomes como o próprio Kobena Mercer, Kodwo Eshun e Okwui Enwezor, curador da Bienal de Veneza de 2015. Todo o material ficará disponível no site.

O Silêncio (2014).

Programação:

21 de novembro – Terça-feira
19h30 – Signos do Império, Signs of Empire, de John Akomfrah, 1983, 26 min, DCP.
As Canções de Handsworth , Handsworth Songs, de John Akomfrah, 1986, 59 min, DCP.
Classificação indicativa 14 anos.

22 de novembro – Quarta-feira
19h30 – Cidade do Crepúsculo, Twilight City, de Reece Auguiste, 1989, 80 min, DCP.
Classificação indicativa 14 anos.

23 de novembro – Quinta-feira
19h30 – Martin Luther King e a Marcha para Washington, Martin Luther King and the March on Washington, de John Akomfrah, 2013, 60 min, DCP. Classificação indicativa 14 anos.

24 de novembro – Sexta-feira
19h30 – O Chamado da Névoa, The Call of Mist, de John Akomfrah, 1998, 11 min, DCP.
Quem Precisa de Um Coração, Who Needs a Heart, de John Akomfrah, 1991, 80 min, DCP.
Classificação indicativa 14 anos.

25 de novembro – Sábado
17h30 – As Nove Musas, The Nine Muses, de John Akomfrah, 2011, 94 min, DCP. Classificação indicativa livre.

19h30 – O Silêncio, The Silence, de John Akomfrah, 2014, 16 min, DCP.
Sete Canções para Malcom X, Seven Songs for Malcom-X, de John Akomfrah, 1993, 52 min, DCP.
Classificação indicativa 14 anos.

26 de novembro – Domingo
17h30 – Sala da Memória 451, Memory Room 451, de John Akomfrah, 1997, 22 min, DCP.
Último Anjo da História, The Last Angel of History, de John Akomfrah, 1995, 45 min, DCP.
As Crônicas do Genoma, The Genome Chronicles, de John Akomfrah, 2008, 33 min, DCP.
Classificação indicativa 14 anos.

19h30 – Martin Luther King e a Marcha para Washington, Martin Luther King and the March on Washington, de John Akomfrah, 2013, 60 min, DCP. Classificação indicativa 14 anos.

Peripeteia (2012).

28 de novembro – Terça-feira
17h30 – Testamento, Testament, de John Akomfrah, 1988, 79 min, DCP. Classificação indicativa 12 anos.
19h30 – Aula Magna com Kobena Mercer, professor da Universidade de Yale, nos Estados Unidos. Com tradução consecutiva. Acesso gratuito mediante retirada de ingressos na bilheteria a partir das 18h30. Classificação indicativa livre.

29 de novembro – Quarta-feira
19h30 – As Nove Musas, The Nine Muses, de John Akomfrah, 2011, 94 min, DCP. Classificação indicativa livre.

30 de novembro – Quinta-feira
19h30 – Último Anjo da História, The Last Angel of History, de John Akomfrah, 1995, 45 min, DCP.
Sessão seguida de debate com ngela Prysthon (Universidade Federal de Pernambuco) e Kênia Freitas (Universidade Católica de Brasília). Mediação de Rodrigo Sombra (curador). Com tradução em LIBRAS. Entrada gratuita.
Classificação indicativa 14 anos.

01 de dezembro – Sexta-feira
19h30 – Mistérios de Julho, Mysteries of July, de Reece Auguiste, 1991, 52 min, DCP.
Sala da Memória 451, Memory Room 451, de John Akomfrah, 1997, 22 min, DCP
As Crônicas do Genoma, The Genome Chronicles, de John Akomfrah, 2008, 33 min, DCP.
Classificação indicativa 14 anos.

02 de dezembro – Sábado
17h30 – Peripeteia, Peripeteia, de John Akomfrah, 2012, 18 min, DCP.
Tropikos, Tropikos, de John Akomfrah, 2015, 37 min, DCP.
Tudo o que é Sólido, All That Is Solid, de John Akomfrah, 2015, 30 min, DCP.
Classificação indicativa 16 anos.

19h30 – Borderline, Borderline, de Kenneth MacPherson, 1930, 63 min, DCP. Classificação indicativa livre.

03 de dezembro – Domingo
17h30 – Peripeteia, Peripeteia, de John Akomfrah, 2012, 18 min, DCP.
Tropikos, Tropikos, de John Akomfrah, 2015, 37 min, DCP.
Tudo o que é Sólido, All That Is Solid, de John Akomfrah, 2015, 30 min, DCP. Classificação indicativa 16 anos.

19h30 – O Projeto Stuart Hall, The Stuart Hall Project, de John Akomfrah, 2013, 95 min, DCP. Com legendagem descritiva. Classificação indicativa livre.

Borderline (1930).

05 de dezembro – Terça-feira
15h30 – Sessão comentada: Borderline, Borderline, de Kenneth MacPherson, 1930, 63 min, DCP. Com audiodescrição. Classificação indicativa livre.

19h30 – Cidade do Crepúsculo, Twilight City, de Reece Auguiste, 1989, 80 min, DCP. Classificação indicativa 14 anos.

07 de dezembro – Quinta-feira
15h30 – Sessão comentada: O Projeto Stuart Hall, The Stuart Hall Project, de John Akomfrah, 2013, 95 min, DCP. Com legendagem descritiva e LIBRAS. Classificação indicativa livre.

19h30 – Mistérios de Julho, Mysteries of July, de Reece Auguiste, 1991, 52 min, DCP. Classificação indicativa 14 anos.

08 de dezembro – Sexta-feira
19h30 – Signos do Império, Signs of Empire, de John Akomfrah, 1983, 26 min, DCP.
As Canções de Handsworth , Handsworth Songs, de John Akomfrah, 1986, 59 min, DCP.
Classificação indicativa 14 anos.

09 de dezembro – Sábado
17h30 – O Chamado da Névoa, The Call of Mist, de John Akomfrah, 1998, 11 min, DCP.
Quem Precisa de Um Coração, Who Needs a Heart, de John Akomfrah, 1991, 80 min, DCP.
Classificação indicativa 14 anos.

19h30 – O Silêncio, The Silence, de John Akomfrah, 2014, 16 min, DCP.
Sete Canções para Malcom X, Seven Songs for Malcom-X, de John Akomfrah, 1993, 52 min, DCP.
Classificação indicativa 14 anos.

10 de dezembro – Domingo
19h30 – Testamento, Testament, de John Akomfrah, 1988, 79 min, DCP. Classificação indicativa 12 anos.

Tropikus (2016).

Serviço: O cinema de John Akomfrah: Espectros da diáspora
Data: De 21 de novembro a 10 de dezembro
Local: Cinema do CCBB (SCES, Trecho 02, lote 22)
Valor do ingresso para as sessões: R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia)
Atenção: acesso gratuito à aula magna (28/11) e ao debate (30/11). Para a aula magna, será necessária retirada de ingresso na bilheteria do CCBB a partir das 18h30.
Horários e classificação indicativa disponíveis no site
Informações: (61) 3108-7600.