Joseph Beuys em mostra no Museu Nacional da República.

Capri Batterie, 1985. Divulgação.
Capri Batterie, 1985. Divulgação.

Joseph Beuys é considerado um dos artistas mais influentes na segunda metade do século XX, tendo explorados diversas técnicas, dentre escultura, fluxus, happening, performance, vídeo e instalação. Brasília recebe uma grande mostra do artista alemão, de 14 de janeiro a 9 de fevereiro, no Museu Nacional do Conjunto Cultural da República (MUN).

O público vai conferir mais de cem obras na mostra “Res-Pública: conclamação para uma alternativa global”, onde o fundamento gira em torno de um homem que defendia a elevação de cada pessoa à posição de artista com objetivo de provocar um engajamento político em favor da democracia direta e da participação individual.

Trenó, 1969.
Trenó, 1969.

A mostra, que já esteve em exibição no Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC), foi concebida pelos curadores Silke Thomas, Claudia Seelmann, Rafael Raddi, Luiz Guilherme Vergara (diretor do MAC) e Wagner Barja (diretor do MUN). De Brasília, a exposição segue para Buenos Aires.

O grupo de curadores focou nos temas da arte e da vida de Beuys com grande significado para o debate local e global e para os desafios do papel e lugar da arte na sociedade contemporânea, com a dicisão em tópicos especialmente críticos para a grande mudança política, social e ambiental no Brasil. Afinal Beuys é reconhecido por seu engajamento político e por ser de grande importância na fundação do Partido Verde na Alemanha.
La rivoluzione siamo Noi,  1972Terno de Feltro,  1970

1 – La rivoluzione siamo Noi, 1972.                                                                                     2 – Terno de Feltro, 1970.

Wagner Barja acentua a experiência do artista alemão, que quase morreu na II Guerra Mundial quando o avião que pilotava foi alvejado, impressiona pela composição de elementos das ciências políticas e das artes. “Com o artista, esses segmentos nunca ousaram se aproximar tanto, num estatuto paritário de potências, ambos – arte e sociedade – dialogaram com veemência e grande força de expressão sobre suas questões epistêmicas, muitas das quais em oposição: entre a arte e o cientificismo, a crença doutrinária e a opinião política”.

Por quê,  1955Gruene Violine, 1974

1 – Por quê,  1955.                                                                                                                 2 – Gruene Violine, 1974.

“As suas obras, no entanto, não são apenas importantes no campo artístico, mas também têm grande significado social. Beuys defendeu a ampliação da definição de arte com o potencial de mudar a sociedade como um todo”, conta Silke Thomas, curadora da Gallerie Thomas Modern, ao destacar a produção artística multifacetada, que transita entre formas tradicionais de arte, tais como escultura, pintura e desenho, quanto grandes instalações e performances públicas.

“Quase 30 anos depois de sua morte, a vida e obra desse artista continua a instigar um sentimento e análise crítico intenso e passional. Líder carismático e controverso, sempre polarizou opiniões. Sendo para Beuys o ensino sua principal obra, através da arte buscou atingir ao máximo de pessoas com seu ‘conceito ampliado de arte’”. Comenta Rafael Raddi, também curador da mostra e diretor-presidente do Instituto Plano Cultural, ao voltar-se patra o artista provocador, transmissor e comunicador de pensamentos, ideias e conhecimento.

Para ajudar o visitante a compreender a obra do artista, a exposição está dividida em cinco tópicos:

– Criatividade e Liberdade Humanas Tripartidas – Pensamento, sentimento e vontade (“Todo homem é um artista”, “Libertar as pessoas é o objetivo da arte; portanto a arte para mim é a ciência da liberdade”);

– Plástica Social/Escultura Social – Ensino & Educação (Universidade Internacional Livre), Teoria da Escultura;

– Defesa della Natura: Natureza – Energia – Meio Ambiente & Energia (“plantamos árvores e as árvores nos plantam“);

– Cura – Xamanismo – Espiritualismo Material;

– Democracia Direta – Utopia Concreta (filmes e vídeos de Beuys), colaboração e solidariedade.

A equipe do Museu Nacional também preparou um ciclo de atividades múltiplas durante o período da mostra.

No dia 14 de janeiro, (terça), às 20h, performance de Suyan de Mattos, Fernando Villar, Mariana Brites, José Eduardo Garcia de Moraes, Bené Fonteles, Renato Acha e Cirilo Quartim, com duração de 2h30.

No dia 15 de janeiro, (quarta), às 19h30, palestra e mostra de vídeos com Anna Bella Geiger, com duração de 1h30.

O diretor do MUN, Wagner Barja, acrescenta que, paralelamente, as performances de Beuys serão sempre trazidas ao primeiro plano por meio de fotografias e filmes selecionados. “Inspirados pelas ideias de Beuys, o museu está aberto como um lugar de encontro para um fórum permanente sobre criatividade, educação, democracia direta, consciência ambiental e cura por espiritualidade material e energia”.

A mostra Res-pública, no Museu Nacional do Conjunto Cultural da República, revela ao público um extenso repertório desse que, sem dúvida, está entre os maiores ícones do pensamento estético contemporâneo.

Serviço: Res-Pública: conclamação para uma alternativa global
Abertura: 14 de janeiro, às 19h30.
Data: 15 de janeiro a 9 de fevereiro de 2014.
Visitação: de terça a domingo, das 9h às 18h30.
Local: Museu Nacional do Conjunto Cultural da República (Setor Cultural Sul, lote 2)
Entrada franca
Livre para todos os públicos.