Lenine fala ao Acha Brasília.

Texto de Renato Acha e Fotos de Marcelo Dischinger.

Foto de Marcelo Dischinger.

Lenine é figura recorrente em Brasília. Em menos de um mês ele fez dois grandes shows com entrada franca para um público entusiasmado mesmo diante do frio.  Sua última apresentação na festa julina da Caixa reuniu cerca de cinco mil pessoas que cantaram em coro em clima festivo.

O Acha Brasília fez uma entrevista exclusiva onde Lenine falou de sua relação intuitiva com a música bastante influenciada pela imagem.

Foto de Marcelo Dischinger.
Foto de Marcelo Dischinger.

Acha – Você canta músicas que mencionam o olhar, como “Olhos Negros” e “Olhos de Raio X”. Qual a sua relação com o olhar?

Lenine – “Quem percebeu este olhar foi o seu olhar. “Olhos Negros” foi uma homenagem a uma amada e “Olhos de Raio X” funciona como uma metáfora ou protesto.”

Acha – Seus discos são bem resolvidos graficamente, alguns tem texto de apresentação. Você se preocupa com o conceito na confecção do trabalho?

Lenine – “Eu não penso muito em como funciona este processo de criação. Me deixo influenciar pela intuição. A reflexão vem mesmo depois do trabalho pronto. A trajetória da minha vida é toda aberta. A força da experiência enriquece muito e você vai adquirindo bagagem.

Uma canção pode incorporar um pouco de tudo, o que gosto, o que mais ouço. Nunca planejo muito o que vou fazer. Vem do estímulo e na maioria das vezes eu faço pelo olhar, o que remete a sua primeira pergunta. Uso a imagem como mola propulsora da criação. Em todos os meus discos as imagens nasceram antes das composições de minhas músicas, com exceção de “Labiata” em que me propus a fazer uma canção por dia. Entrava no estúdio sem saber bem o que fazer. Criava de maneira mais direta cada canção, o que o fez o diferencial no disco, pensava em cada uma como um projeto arquitetônico diferente.”

Foto de Marcelo Dischinger.

Acha – Qual o próximo trabalho?

Lenine – “Vamos fazer um projeto colaborativo que registre a coletânea de mais ou menos vinte anos de trabalho e música, com um foco documental.”

Foto de Marcelo Dischinger.

Acha – Qual sua relação com Brasília?

 Lenine – “Brasília é da pesada! Estive na cidade recentemente no Brasil Rural Contemporâneo. Eu sou um ano mais velho que a cidade que tem um público cosmopolita. Ela é o reflexo de cada parte do Brasil. A cara do lugar é este público. A música que faço encontra ecos neste lugar rico em arte moderna.”