Lina Bo Bardi é homenageada com releituras de obras icônicas em São Paulo

Catarina Bessel.

No dia 20 de março se completam 30 anos da morte de uma das mais importantes arquitetas do país, Lina Bo Bardi, ou Achillina Bo como foi nomeada pelos pais, em Roma, quando nasceu em 1914 e naturalizada brasileira após a Segunda Guerra Mundial. Para festejar seu imenso legado, o site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br convidou três ilustradoras, Carla Caffé, Catarina Bessell e Eliana Bianco, para desenharem três de suas obras que se tornaram ícones de São Paulo: o Masp, na avenida Paulista, o Sesc Pompéia, alocada em uma antiga fábrica do bairro que lhe dá nome, e a Casa de Vidro, situada no Morumbi.

Eliana Bianco.

A Casa de Vidro, residência por mais de 40 anos de Lina e seu marido, Pietro Maria Bardi, construída quando o Morumbi era praticamente desabitado, foi refeita pela artista e arquiteta Carla Caffé. Ela diz: “tentei priorizar a relação da casa de vidro com o ambiente do jardim representado pela relação com a árvore e revelar partes ocultas da planta, um assunto muito atual. Acho que a Lina embarcaria nesses estudos contemporâneos que ampliam a nossa relação com a natureza”. Hoje a casa é sede do Instituto Bardi e é aberta para visitação. Ela guarda além de um vasto acervo sobre a arquiteta, diversos móveis projetados e utilizados por ela.

O Masp, um dos corações de São Paulo, foi redesenhado pela artista gráfica Catarina Bessell. “Na faculdade de arquitetura, o que mais me impressionou no trabalho dela – e talvez seja a grande lição que tirei estudando os espaços que ela projetou – é que as pessoas são o mais importante”, diz ela. “A imagem que fiz é uma grande brincadeira: as pessoas na fotografia são reais. Elas doaram sua foto voluntariamente para participarem dessa ilustração”.

Carla Caffé.

Catarina ainda utiliza na composição da ilustração, obras do acervo permanente do museu, que ganham vida e interagem entre si e referencias do local, como a Saracura, pássaro que deu nome ao que um dia foi o rio que passava no vale onde hoje é a Avenida Nove de Julho. “Esse rio corria até o Bexiga, bairro tradicional de São Paulo, e é mascote da Vai-Vai, escola de samba localizado na região. O Masp é como uma ponte que acontece no seu vão”, reflete.

Por sua vez, a adaptação de uma antiga fábrica de tambores, que se transformou no Sesc Pompéia, rendeu a Lina o prêmio de sexta melhor construção em concreto do mundo, pelo jornal inglês The Guardian. Para a artista plástica Eliana Bianco, o que mais encanta nesse projeto da arquiteta foi a sua capacidade de unir a preservação da história do lugar integrando o Córrego das Águas Pretas que passa por baixo do Deck-Solarium, e transformá-lo num dos espaços de convivência mais charmosos e democráticos da cidade.”