Lobo Fest tem os escombros como tema e homenageia Márta Mészáros em edição híbrida gratuita

“Herança” (Sri Lanka). Divulgação.

O Lobo Fest – Festival Internacional de Filmes chegou a 2021 em formato híbrido, com exibições presenciais e online. Toda a programação é gratuita. Este ano, o evento tem os escombros como tema. Tanto a cidade quanto os corpos sofrem com o envelhecimento, a degradação, o desprezo, o abandono. Da utopia de concreto e sangue aos pesadelos da contemporaneidade em forma de escombros e entulhos, da ruína, sai a nova edição do Lobo Fest como uma fonte insistente de resistência, beleza e poesia.

“Turtle Bay” (França).

O 13º Lobo Fest traz um painel, formado por fragmentos fílmicos, estilhaços vindos de todas as regiões do globo, que tão bem representa essa geleia geral do presente. São 54 filmes, entre curtas-metragens e curtíssimos (formato inaugurado pelo próprio festival) que radiografam a humanidade sob uma perspectiva quase apocalíptica. Alguns deixam traços luminosos de esperança, outros nem tanto. O público pode votar em seus favoritos pela plataforma InnSaei.tv e os filmes escolhidos pelo júri oficial e pelo voto popular recebem prêmios em serviços técnicos de audiovisual.

“A filha de Deus dança” (República da Coreia)

A programação on-line, que poderá ser assistida gratuitamente no site www.lobofest.com.br. As 54 produções da programação do 13º Lobo Fest foram escolhidas entre 4 mil obras, brasileiras e internacionais, inscritas na plataforma Film Freeway – entre elas, filmes de nações pouco ou nada representadas nas telas de cinema de Brasília. A curadoria foi realizada pelos produtores do festival, Josiane Osório e Ulisses de Freitas. Também será exibido como programação especial o filme convidado “Rua Ataléia” , de André Novais Oliveira.

As temáticas dos filmes também espelham o conceito desta edição, com produções que abordam temas como o envelhecimento, fanatismos diversos, laços de memória e afetividade, e ainda a cobiça e a ganância.

Márta Mészáros.

Nesta edição, o Festival homenageia uma grande dama do cinema, uma lenda viva. Pioneira, a húngara Márta Mészáros foi a primeira mulher a ganhar o cobiçado Urso de Ouro no Festival de Cinema de Berlim, em 1976. Aos 90 anos, só recentemente teve sua obra reconhecida no Brasil. No dia 27, encerramento do festival, haverá exibição de sua última obra, Aurora Boreal: Luzes do Norte (2017), que ficará disponível apenas nessa data.

Nascida em Budapeste em 19 de setembro de 1931, filha do escultor vanguardista László Mészáros, Mészáros. Foi criada em um orfanato russo depois de perder o pai e a mãe. Voltou para a Hungria após a guerra. Iniciou a sua carreira a trabalha com cinema documental. Estreou na direção com A Garota (1968), o primeiro filme húngaro dirigido por uma mulher, que ganhou o Prêmio Especial do Júri no Festival Internacional de Cinema de Valladolid. Com “A adoção”, de 1976, Marta Mészáros ganha o mundo ao conquistar o prêmio máximo em Berlim.

Sua trajetória se confunde com seus elaborados dramas realistas protagonizados por mulheres fortes, em especial em seus filmes-diários que compõem a trilogia formada por “Diário para minha criança” (1984, prêmio do júri no Festival de Cannes), Diário para meus amores (1987) e Diário para meu pai e mãe (1990).

Seu cinema realista mas poético, é ímpar, personalíssimo. Suas personagens são complexas, rebeldes e enfrentam com uma força pouco vista as adversidades e o mal estar social.

“Conspiração” (Rússia).

13º Lobo Fest – Festival Internacional de Filmes
Até 27 de novembro
Programação gratuita
Visite: www.lobofest.com.br
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