Fotografias de Mário Fontenelle e do colecionador Joaquim Paiva em duas mostras que abrem na Caixa Cultural.


Mário Fontenelle

A Caixa Cultural Brasília expõe de 21 de abril a 23 de maio a mostra “O Passageiro da Esperança”, do fotógrafo Mário Fontenelle. As imagens apresentam a memória visual dos primeiros momentos da construção de Brasília, resgatando, para os cinquenta anos da cidade, o valor histórico do trabalho do fotógrafo, que chegou à Brasília com Juscelino Kubitschek. A abertura para imprensa e convidados acontece na terça-feira (20), às 19 horas. A curadoria é de Denis Scoot.

Fontenelle é o autor da foto histórica dos dois eixos se cruzando no cerrado ainda inabitado, feita em julho de 1957. É dele também a foto de Lúcio Costa e JK encostado numa placa da Avenida Monumental, em abril de 1957. Seu olhar preciso e a sensibilidade de captar, a bordo de um avião, o símbolo de posse de uma cidade desconhecida do Brasil, nascida do gesto singular de seu inventor, Lucio Costa, assinalam a primeira fase do trabalho do “Passageiro da Esperança”.

As imagens ambientam-se nos espaços expositivos sem preocupação cronológica, agrupando-se em cenas que interagem entre si e com o público – retratos de um tempo sem parâmetros na história do povo brasileiro. Passeando pela Mostra, é possível sentir esse momento, em que as lentes de Fontenelle estão focadas na monumentalidade das obras de Oscar Niemeyer, no cotidiano dos candangos, nos canteiros de obras, nos acampamentos pioneiros e na despojada Cidade Livre; rostos anônimos – esperança, suor, labuta e euforia – mesclam-se a personalidades e a figuras ilustres.

Passada a grande epopéia – os anos pós JK, Fontenelle foi condenado ao esquecimento e atormentado por lembranças de um tempo de glória, em que era considerado “autoridade”. Foi-se isolando e passou a fotografar rostos desconhecidos e a fazer fotomontagens, segunda fase do seu trabalho.

Vivendo seu tempo ou esquecido no tempo, Fontenelle foi um grande profissional. Brasília deve a ele as homenagens pelo precioso acervo, doado ao Patrimônio Histórico, de fundamental importância para a memória visual da cidade, exibido nesta mostra à população como prêmio à capital de todos os brasileiros.

Joaquim Paiva (1970)

No mesmo período também está em cartaz na Galeria  Vitrine, a mostra de fotografias de Joaquim Paiva, “Foto na Hora“. Em homenagem aos 50 anos de Brasília, a exposição reúne imagens representativas do trabalho desenvolvido pelo fotógrafo durante mais de 30 anos na cidade.

Nascido em 1946, em Vitória (ES), Joaquim Paiva mudou-se para Brasília para concluir o curso de Direito que havia começado na Universidade do Estado da Guanabara, no Rio de Janeiro. Seu primeiro trabalho fotográfico tem como tema o Núcleo Bandeirante, cidade-satélite do Distrito Federal que abrigou os operários que trabalharam na construção da capital.

Atualmente, Joaquim Paiva é o maior colecionador de fotografia brasileira contemporânea. Seu acervo é composto por cerca de 2.000 imagens, de mais de 130 fotógrafos. Às atribuições de colecionador e fotógrafo, somam-se as de pesquisador e ensaísta. É de Joaquim Paiva a tradução do conhecido Ensaios sobre a Fotografia, de Susan Sontag. O livro de entrevistas Olhares Refletidos, lançado em 1989, também é de autoria do fotógrafo.

Serviço:

Exposição “O Passageiro da Esperança”, de Mário Fontenelle –  Galeria Principal

Exposição “Foto na Hora”, de Joaquim Paiva – Galeria Vitrine

Visitação: de 21 de abril a 23 de maio
Horário de visitação: de terça-feira a domingo, das 9h às 21h
Endereço: SBS Qd 4 lote 3/4, anexo do Edifício Matriz da Caixa
Entrada franca