Walmor Correa inaugura a mostra “Memento Mori” na Caixa Cultural.

    Divulgação.

    Caixa Cultural Brasília apresenta a instalação “Memento Mori”, de Walmor Correa. A exposição do artista plástico é baseada na construção de figuras supostamente impossíveis. Refaz a antiga união entre arte, ciência e mito e joga com os referenciais do passado, subvertendo-os mediante uma inquietante exatidão. Desenhos, pinturas, objetos, mobiliários, peças escultóricas e itens cenográficos poderão ser visitados de 29 de outubro a 28 de novembro de 2010, na Galeria Piccola I. A abertura para imprensa e convidados será na quinta-feira (28), a partir das 19h.

    Walmor Correa cria um ambiente de extrema coerência. Ele alude aos Wunderkammern (gabinetes de maravilhas) da Europa Ocidental dos séculos XVI e XVII que são embriões dos museus modernos.

    Figuras mitológicas em atlas de ciências, vísceras aparentes, organismos detalhados por meio de desenhos e textos descritivos como se tratassem de seres reais. Sua fatura estabelece jogos de vai e vem com a história da arte. Elas são elaboradas ao modo do Renascimento, criando volumes e reentrâncias através de sfumatos e veladuras.

    Serão criadas no espaço de exposição, num ambiente que remete a um espaço do passado, palaciano e carregado, com papéis de parede em cores fortes. Os Atlas do Ipupiara, do Capelobo, da Ondina – figuras do folclore nacional – colocados sobre a parede do fundo, bem como as redomas das caixinhas de música e a vitrine, que ocupam o centro do espaço, todos criam um contexto dúbio, de distanciamento museológico e de atração pelo insólito. Essa sala nega o cubo branco moderno, mas vai além das atuais cenografias expositivas: ela faz parte da obra, constituindo, com os objetos, uma instalação contemporânea, uma obra in situ.

    Seres bizarros e, no entanto, de uma familiaridade desconcertante. Entes fantásticos inspirados no reino animal, no imaginário popular, na mitologia – e até mesmo em personagens da cultura pop – capturados numa estética naturalista, precisa, que um discurso cientificista igualmente preciso apresenta.

    Walmor Correa encontrou na fauna, sobretudo em sua codificação e classificação pela ciência, aquele que viria a ser o vetor estrutural de sua poética”, escreve o crítico de arte Guy Amado, curador da exposição. Para ele, “o desenho preciso, convergindo para um alto grau de domínio técnico”, torna crível o inverossímil.

    Mas esta exposição não é composta só de desenhos: as representações pictóricas da sereia Ondina, da Cachorra da Palmeira, da Upiara, do Homem Aranha e do Pinguim, o inimigo do Batman, compartilham o espaço expositivo com as improváveis ossaturas do Schnabelspringer, do Amphibiem mit Schnabel e do Pelagius Sonhatorum Chin.

    Correa utiliza técnicas clássicas que combinam pintura e desenho e concebe e executa objetos e peças escultóricas. Seu trabalho resulta não apenas da observação atenta e minuciosa, mas também de pesquisa em fontes científicas. A caligrafia e o teor dos textos descritivos dão aos seres fantásticos que cria uma verossimilhança perturbadora. Desenhos, esqueletos, objetos. As peças se encaixam nesse universo de ficção e estranheza; até mesmo a ambientação – o artista projeta móveis para a exibição de determinadas séries, a exemplo da Biblioteca dos Enganos e seu conteúdo assombroso.

    Encenando uma poderosa e instigante fusão entre preceitos da História Natural, com seu léxico e vocabulário gráfico característicos, o artista aposta em uma instância de estranhamento que embaralha a percepção do espectador a partir de doses de ficcionalização que introduz habilmente neste repertório”, observa Amado. As obras de Correa, para o crítico, “parecem sempre algo deslocadas, quase inadequadas ao contexto de uma exposição de arte contemporânea, imersas que parecem estar em uma temporalidade alheia à experiência sensória acelerada da atualidade”.

    Ao longo de sua trajetória, o artista criou “um bestiário de criaturas fascinantes em seu hibridismo singular”, informa Amado. São “fragmentos de um mundo suspenso, habitado por toda uma gama de criações de existências improváveis e ao mesmo tempo no limite do plausível, ‘cientificamente’ – e por isso mesmo de grande fascínio”. Parte deles pode ser vista na exposição.

    Serviço: Exposição “Memento Mori” de Walmor Correa

    Curadoria: Guy Amado

    Local: CAIXA Cultural Brasília – Galeria Piccola I

    Abertura para convidados e imprensa: 28 de outubro de 2010, às 19h

    Visitação: de 29 de outubro a 28 de novembro de 2010

    Horários de visitação: De terça-feira a domingo de 09h às 21h.

    Endereço: SBS Qd. 4 lote 3/4, anexo do edifício Matriz da CAIXA

    Telefone: (61) 3206-9448

    Agendamento de visitas monitoradas: (61) 3206-9892 (de terça-feira a sexta-feira, de 09h às 16h)

    Classificação etária: livre

    Entrada franca

    Acesso para portadores de necessidades especiais