México – Exposição de fotos de Juan Rulfo abre com palestra no Instituto Cervantes.

O Instituto Cervantes, em parceria com a Editora Lunwerg e a Fundação Juan Rulfo, durante o ano 2010 apresentará a exposição México. Juan Rulfo, fotógrafo em sua rede de centros no Brasil, iniciando sua itinerância em Brasília.

Pela primeira vez, praticamente, nos é revelada a vocação fotográfica do grande escritor mexicano e a beleza impactante de suas imagens. As setenta fotografias que compõem a exposição recuperam todo o povoado  de  seus romances Pedro Páramo  e El Llano en Llamas. Através de suas fotografias de desertos, arquiteturas, rostos e muros lisos veremos a  constante relação  que existe entre sua fotografia e sua obra literária.

17/03, 20h
Palestra: Juan Rulfo:
literatura e fotografia

Com Víctor Jiménez, diretor da Fundação Juan Rulfo (México)

Uma das questões que mais provoca curiosidade no público que se aproxima da fotografia de Juan Rulfo é a de suas possíveis relações com a sua própria literatura. É inevitável ouvir uma afirmação: as imagens tiradas por Rulfo provêem do mundo de seus contos e romance. Porém, demonstrar é mais difícil e, se aprofundarmos no tema, é possível encontrar o oposto. O único em comum entre ambas as vertentes da atividade artística de Juan Rulfo provem do fato de ter realizado suas fotos e sua narrativa no México. E isso não resolve a questão que interessa a certa parte do público. A conferência apresenta imagens e dados que permitem seguir estas duas rotas paralelas que, assim sendo, se mantêm próximas, mas não se tocam. O resultado desta revisão apresenta conclusões surpreendentes sobre a autonomia de ambos os campos na criação artística de Juan Rulfo.

Víctor Jiménez: Arquiteto pela Escola Nacional de Arquitetura da Universidade do México. Foi diretor de Arquitetura no Instituto Nacional de Belas Artes do México (1993-1998).

É autor de numerosos livros, artigos e traduções sobre a história da arquitetura mexicana bem como da investigação sobre a obra de Rulfo. Desde 1998 é diretor da Fundação Juan Rulfo.

De 18/03 a 24/04
EXPOSIÇÃO: MÉXICO
por JUAN RULFO – FOTÓGRAFO

Juan Rulfo (1918, Apulco, Estado de Jalisco-1986, Cidade do México) é um dos grandes escritores do século XX. Publicou apenas um livro de contos EL LLANO EN LLAMAS, em 1953, e o romance PEDRO PÁRAMO, em 1955. É associado aos primeiros narradores do chamado “realismo mágico” latino-americano.

Proveniente do mundo rural mexicano, Rulfo testemunhou os horrores da revolta dosCristeros que o deixou órfão no final dos anos vinte. Depois de viver em um orfanato, tenta ingressar na Universidade de Guadalajara, mas devido a uma greve que duraria anos, se transfere para a Cidade do México a fim de continuar com os estudos. Vive sob a guarda de um tio e, ao ver que não revalidavam seus estudos de nível médio, começa a trabalhar no Departamento de Migração e também a escrever. Entre 1945 e 1946, publica os contos “Nos han dado la tierra” e “Macario”, que logo aparecerão junto a outros quinze em “El llano en llamas“.

Em 1947, se casa com Clara Aparicio com quem terá quatro filhos.  Primeiramente trabalha como viajante e, em seguida, no departamento de publicidade da companhia Goodrich. Antes da publicação de Pedro Páramo, mais três contos foram publicados bem como dois fragmentos do romance que havia pensado em chamar LOS MURMULLOS. A partir de 1958, as traduções dos contos e do romance foram acontecendo em um ritmo crescente. Rulfo fará colaborações ocasionais para roteiros cinematográficos e publicará um ou outro texto, mas já não voltará a publicar sob a forma de livro, apesar dos rumores de que estaria terminando um romance cujo título seria LA CORDILLERA. A partir de 1964, começa a trabalhar no Instituto Nacional Indigenista e a sua fama “irá crescendo com cada livro que não publica”. Em 1970, recebeu no México o Prêmio Nacional de Literatura e, em 1983, o Prêmio Príncipe de Astúrias.

Desde a década de sessenta, entre atividades e descansos, Rulfo, em suas pausas, se dedicou a fazer fotografias de um mundo parecido ao que havia descoberto em suas ficções escritas; um mundo de tempos simultâneos, polivalente e fechado, fatalista e sugestivo, a ponto de explodir e estático. É como se a brevidade de sua obra literária, concebida com a mais intensa economia de recursos se desmontasse do escrito, com uma brevidade ainda maior, dizendo, tão somente, que valeria a pena tropeçar mais uns nos outros e, de passagem, em nós próprios. Talvez, dentro de pouco, – terminou  dizendo em Chiapas, em 1965, em uma das poucas conferências que proferiu – na literatura contemporânea, no conto, no romance a até na poesia, vejamos a face obscura da lua e talvez nos afundemos em sua obscuridade. O realismo, podemos segurá-lo, a magia não: está em cada um de nós.

Para maiores informações acesse a Sala de Imprensa, no site do Instituto Cervantes pelo link:
http://brasilia.cervantes.es/es/cultura_espanol/Imprensa/Informacoes/Cultura/informacoes_culturais.htm