Mostra Internacional de Teatro 2011.

Teatro Delusio. Familie Floz. Foto: Eckard Jonalik. Divulgação.
Renato Acha

A Mostra Internacional de Teatro 2011 (MIT) reafirma junho como mês dedicado ao teatro no CCBB, que estabeleceu parceria com o FILO – Festival de Teatro de Londrina para enriquecer a programação que acontece de 9 a 26 de junho, com espetáculos de companhias da Alemanha, Finlândia, Portugal e Argentina. A curadoria é de Luiz Bertipaglia, diretor do Festival Internacional de Londrina.

A criatividade, divesidade e ousadia marcam as peças que integram a agenda de quinta a sábado, às 21 horas, e no domingo, às 20 horas, com algumas exceções.

Amar. Foto: Maria Sábado. Divulgação.

A estréia acontece com Amar, em cartaz de 9 a 12 de junho, com direção do argentino Alejandro Catalán, um dos grandes nomes do teatro contemporâneo na América Latina, que retira o véu de uma montagem teatral e revela ao ao espectador o outro lado da cena, em uma experiência de teatro crua e real, onde são mostrados os truques de iluminação, a troca de personagens, em meio á trama. Conforme define o próprio diretor, Amar é “um malabarismo de atores e uma obra; o truque de alguns magos que revelam que atuar não oculta nada”.

Persona. Foto: Joana Linda. Divulgação.

Nos dias 16 e 17 de junho é a vez de Persona, produzida pelo Teatro Turim (Portugal). A clássica obra homônima de Ingmar Bergman ganha adaptação dirigida pelo cineasta João Canijo, e alterna trechos do filme com cenas ao vivo, à medida que acentua a história, que vai sendo construída pelo conjunto de atrizes, do teatro e do cinema.

Keskusteluja. Foto: Petri Virtanen VTM-KKA. Divulgação.

WHS – Ville Walo & Kalle Hakkarainen (Finlândia) apresenta Keskusteluja (Discussions), nos dias 18 e 19 de junho, em uma abordagem sobre o fenômeno da incomunicabilidade contemporânea, com a utilização de elementos do ilusionismo, da dança, do teatro, projeções de vídeo, malabarismo e teatro de marionetes.

Para encerrar a Mostra em grande estilo, a Familie Floez, da Alemanha, apresenta Teatro Delusio, que faz uso de máscaras variadas combinadas ao trabalho corporal dos atores em uma gama de diferentes jogos teatrais. O mundo do teatro é posto em cena a partir da visão de três técnicos que atuam nos bastidores.

Programação:

De 9 a 12 – AMAR (Argentina)

Quinta e sexta, às 21h; sábado, às 18h30 e 21h; domingo, às 20h

Dias 16 e 17 – PERSONA (Portugal)

Quinta a sexta, às 21h

Dias 18 e 19 – KEKUSTELUJA (Finlândia)

Sábado e domingo, às 21h

De 23 a 26 – TEATRO DELUSIO (Alemanha)

De quinta a sábado, às 21h; domingo, às 16h

Sinopses:

AMAR – Encenação de Alejandro Catalán – Argentina

Duas cadeiras, um ramo de árvore, microfones e lanternas. Seis atores, três homens e três mulheres, surgem vestidos para sair como casais. A partir daí, inicia-se um jogo intenso, mágico e radical. Os próprios atores iluminam seus companheiros, com lanternas que destacam não apenas a cena, mas dão a dinâmica da narrativa. Uma proposta de atuação crua e real, que expõe a relação entre os casais durante uma festa ou o processo de seis seres que veem como uma noite os modificará.

A oficina que Alejandro Catalán coordena desde 1999 constitui um espaço imprescindível na cena teatral de Buenos Aires. A frase “estudei com Catalán” se ouve muito entre os atores portenhos. Catalán desenvolve um teatro autoral, marcado pela experimentação. O diretor nunca parte de um tema. Sua intenção é ver o ator se despir da exterioridade, conhecer seu imaginário expressivo. Catalánnasceu em Buenos Aires em 1971. É diretor, ator, professor e teórico.

Autor: Alejandro Catalán

Elenco: Edgardo Castro, Lorena Vega, Natalia López, Toni Ruiz, Federico Liss, Paula Manzone

Classificação indicativa: 16 anos

PERSONA Ingmar Bergman – Encenação de João Canijo – Produção: Teatro Turim – Portugal

Depois de deixar de falar durante uma representação teatral, a atriz Elizabeth Vogler é internada e uma jovem enfermeira, Alma, é contratada para cuidá-la. As duas começam a desenvolver uma estranha relação. Inicialmente, Alma tenta preencher o vazio provocado pelo silêncio de Elisabeth, falando incessantemente sobre sua vida. Mas depressa se torna óbvio que o interesse de Elizabeth é mais do que mera educação ou curiosidade voyeurista. Ela está, de fato, querendo absorver a identidade de Alma. Persona é uma provocação altamente cerebral e artisticamente complexa à identidade humana.

Talvez o filme mais perturbador e experimental de Bergman, Persona é levado ao palco como “uma partitura”. Ao espectador é dada a possibilidade de escolher se quer ver a peça ou o filme, projetado do início ao fim do espetáculo, com os movimentos das atrizes em palco coordenados com a tela. O diretor João Canijo é cineasta, nascido em 1957, e ocasionalmente faz incursões no teatro. Ele já encenou obras de Eugene O’Neill e David Mamet. Em Persona, une suas duas grandes paixões.

Autor: Ingmar Bergman

Direção: João Canijo

Elenco: Katrin Kaasa, Teresa Tavares e Anabela Moreira

Classificação indicativa: 16 anos.

KESKUSTELUJA (Discussions) – WHS – Ville Walo & Kalle Hakkarainen – Finlândia

Dia 18, às 21h, e dia 19, às 20h

Um espetáculo de Novo Circo sobre a comunicação e seus fracassos. O malabarista Ville Wallo e o mágico Kalle Hakkarainen, dois artistas da consagrada companhia finlandesa WHS, utilizam elementos visuais fortes para refletir sobre a passagem do tempo. O espetáculo começa com duas cadeiras vazias no palco e uma trilha sonora que remete à sonoridade industrial – presente ao longo de todo o espetáculo e que vai se tornando cada vez mais forte. Os intérpretes vão, isoladamente, alternando suas intervenções, vivendo as suas próprias histórias, entre virtuosos malabarismos e interações com o vídeo (um dos momentos mais bonitos acontece quando o ator em palco se relaciona com a atriz de um filme mudo). O palco vai-se multiplicando em telas, ora mais próximas ora mais afastadas do espectador, criando novas leituras e dramaturgias à projeção. As dimensões temporais e os diferentes níveis de realidade se entrelaçam e se fundem, num trabalho que passeia pelo malabarismo, teatro de marionetes, ilusionismo e dança.

A companhia já excursionou pela Noruega, Alemanha, França, Portugal, Espanha e Croácia, além do Brasil – o espetáculo Odutustila foi apresentado em Brasília, como atração da mostra Planeta Circo, realizada pelo CCBB em 2004. Keskusteluja é uma produção feita em parceria com Cirko (o Centro do Novo Circo na Finlândia) e o Centro de Artes do Circo de Basse-Normandie.

Criação: companhia WHS

Elenco: Ville Walo e Kalle Hakkarainen

Classificação indicativa: 14 anos

TEATRO DELUSIO – Familie Floez – Alemanha

De 23 a 25, às 21h, e dia 26, às 16h

Espetáculo que joga com as infinitas facetas do universo teatral, entre o palco e os bastidores, entre a ilusão e a desilusão, criando um espaço mágico, cheio de humanidade. Em suntuoso vestuário de época e com opulenta cenografia, uma companhia encanta a platéia com a emoção de dramas de eterna beleza. Nos bastidores, três técnicos levam uma existência sem brilho e sem sonhos. A anos-luz das estrelas da cena, os três se entregam incansavelmente à busca da própria felicidade. Bob é jovem e hábil, forte e imprevisível; Bernd é doente, com um cansaço crônico, andando sempre de lado para outro, cumprindo ordens; e Ivan é um acomodado, de apetite insaciável, e não quer perder o controle que exerce no teatro.

Os trabalhos da Familie Floez não partem de uma base teatral. Os intérpretes-criadores se ocupam da modulação de figuras e situações teatrais. Assim surgem espontaneamente as máscaras, manancial de formas e afirmação de conteúdos. Cada máscara tem características únicas e compõem personagens difíceis de esquecer. A grande variedade de histórias e as muitas personagens nascem do trabalho de três atores, que se revezam em trocas de roupas num ritmo vertiginoso.

Criação: Paco González, Björn Leese, Hajo Schüler e Michael Vogel

Direção: Michael Vogel

Elenco: Paco González, Björn Leese, Jesko von den Steinen, Hajo Schüler, Sebastian Kautz

Classificação indicativa: 14 anos

Serviço: Mostra Internacional de Teatro 2001 (MIT)

Data: de 9 a 26 de junho de 2011

Local: Teatro do Centro Cultural do Banco do Brasil Brasília

Horários: de quinta a sábado, às 21h; domingo, às 20h – com exceções: ver programação

Ingressos: R$ 15,00 (inteira) e R$ 7,50 (meia)

Informações: (61) 3310. 7087.