“Altar para as Mortas e os Mortos” apresenta Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade no Museu Nacional.

Fotos e texto: Renato Acha

A UNESCO reconheceu o culto aos mortos, um dos traços da cultura dos povos pré-hispânicos, como Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade. A Embaixada do México aproveitou o ensejo para apresentar o Altar para as Mortas e os Mortos para o público brasiliense em uma mostra no Anexo do Museu Nacional da República, em cartaz até o dia 13 de novembro. A celebração se relaciona ao calendário agrícola como a única festa realizada no início da colheita.

A vida e a morte são consideradas um uno e o falecimento não é um fim ou algo negativo, mas a trancendência da alma para um plano mais elevado. A religião dos antigos mexicanos tinha no culto à morte um de seus fundamentos primordiais. A passagem do Mictlán, lugar dos mortos que esperavam como destino o paraíso do Tlalocan, era objeto de dor e angústia, prova disto é a enorme quantidade de símbolos gravados na arquitetura, cerâmica e escultura.

A Oferenda dos Mortos é uma tradição vivaz no México até os dias de hoje e reafirma a veneração que este povo tem pelos seus entes queridos falecidos. No período colonial, a data de 2 de novembro foi incorporada à tradição como o dia em que as almas dos seres tem permissão para visitar a família.

Estes espíritos são recebidos com uma grande festa com as comidas prediletas dos falecidos, bem como bebidas, cigarros, doces, velas, todos dispostos em um altar na entrada da casa ou nas sepulturas dos mortos.

A alquimia se faz presente na representação dos quatro elementos: água, terra, fogo e ar. Uma vasilha para os mortos se lavarem ao chegar do caminho empoeirado que separa o reino dos vivos dos mortos representa o elemento água. As velas que iluminam o caminho são a representação do fogo. O ar é representado pelo papel de seda picado que decora todo o espaço de culto. A terra está presente nos frutos.

O altar fica repleto de doces em formato de caveiras. Eles retratam os membros da família e tem seus nomes inscritos na fronte. A cruz de cal situada à frente do altar tem o centro vazio para onde convergem os quatro caminhos que conduzem ao mar profundo. O ritual ainda inclui o pão dos mortos, que tem a forma redonda devido à dualidade vida-morte, pois nada tem fim. A vida continua para além de um estado consciente.

Alejandra Lapati (Adida Cultural da Embaixada do México) e Alejandro de La Peña (Embaixador do México).
Duban Monfort (Espanha), Luisa Aguilar e Damian Aguilar (México).

Serviço: Altar para as Mortas e os Mortos.

Local: Anexo do Museu Nacional da República (Setor Cultural Sul)

Visitação: Até 13 de novembro de 2011, de 9:00 às 18:30

Entrada Franca.