Mostra de Arte Sensorial e Inclusiva.

Garça CCp. Corpo sobre tela. Divulgação.
Garça CCp. Corpo sobre tela. Divulgação.

A primeira Mostra de Arte Sensorial e Inclusiva acontece de 21 a 26 de janeiro no CCBB. O convite foi feito a companhias e artistas que constroem obras e espetáculos em formas que fogem às convencões e interagem com diferentes linguagens e públicos, ao potencializar o sistema sensorial e quebrar a lógica dominante de que todos os sentidos são sempre necessários para perceber e participar do processo de produção e fruição artística.

A programação inclui oficinas, palestras, intervenções e espetáculos direcionados para todos os públicos, produzidos na iminência do corpo e das experiências diversas (por pessoas com deficiência ou não). Espetáculos que rompem com a linearidade que se estabelece entre as formas convencionais de produzir e experimentar a arte. O projeto pretende contribuir para consolidar a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, principalmente no que toca às disposições do artigo 30 aprovadas em 2008 pelo Congresso Nacional;

Teatro Cego. Foto: Ana Righi. Divulgação.
Teatro Cego. Foto: Ana Righi. Divulgação.

Programação:

21/01/2014 às 21h no Teatro I – Corpo sobre tela – Marcos Abranches (SP) – Inspirado na vida e obra do pintor irlandês Francis Bacon, Corpo sobre Tela é um solo primoroso, criado pelo bailarino Marcos Abranches, em parceria com Rogério Ortiz, que assina a direção artística. Neste espetáculo de Abranches, da Cia. Vidança, os gestos singulares do bailarino expressam dramaticidade e movimentos pulsantes, impregnados de cores e sentimentos inquietantes. Autonomia, singularidade e intrepidez são algumas das questões que emergem da obra.

22/01/2014 às 21h no Teatro I – Cia Dança Eficiente (PI)– Meu corpo não é mudo – Atualmente a Cia. de Dança Eficiente (Corpo Inclusivo), é mantida pela Organização Ponto de Equilíbrio – OPEQ em parceria com a Associação dos Cadeirantes do Município de Teresina – ASC AMTE. O trabalho do grupo tem como objetivo principal propiciar as pessoas com deficiência o desenvolvimento e exposição dos seus potenciais artísticos, elevando a auto-estima e oferecendo ao público um trabalho original, criativo e pioneiro no Estado do Piauí.

23/01/2014 às 21h no Teatro I – Expressividade Cênica para deficientes visuais (Londrina- PR) – Olhares Guardados. – O próprio nome do grupo londrinense traz uma particularidade que normalmente chama a atenção do público: Projeto Expressividade Cênica para Pessoas com Deficiência Visual. Todos os atores da peça são cegos. Os atores usam todo um processo que vai desde a cenografia, adereços de cena e sonorização. Como são deficientes visuais, automaticamente têm o tato, a audição e o olfato muito mais desenvolvidos e trabalham muito com o tato na peça. Entre as estratégias usadas está um piso de borracha que liga vários pontos do cenário, fazendo ao mesmo tempo parte da cenografia e servindo de referência de localização para os atores. Eles também atuam muito com a audição usando vários sinais sonoros. A história mostra um fotógrafo que desembarca de trem num pequeno vilarejo. Na estação, ele encontra um grupo de pessoas instigantes: um músico, uma costureira, um escritor e um comerciante de antiguidades. Ao fazer fotos de cada um, o fotógrafo estabelece relações com suas histórias pessoais.

24/01/2014 – Das 16h às 22h na Galeria 3 – Grupo Sensus (SP) – Kinesis é uma performance “ambulante”. O público é convidado a entrar numa instalação e percorrer um trajeto conduzido pelos atores que, além de guiá-los, interpretam textos, e os estimulam sensorialmente através do tato, olfato, audição e paladar. Como é característico do Grupo Sensus em seus sete anos de existência, o espectador é vendado na entrada. Nessa performance, é acompanhado por vários “atores-guias”, num trajeto, e percorre a instalação se deliciando com a obra literária de vários autores consagrados. Um espetáculo que permanece “acontecendo” por várias horas, permitindo que o público tenha liberdade de entrar na hora que desejar e também repetir o trajeto quantas vezes quiser.

25/01/2014 às 21h no Teatro I – Signatores (RS) – Através do teatro, utilizando a poesia e jogos de improviso, seis atores surdos contam suas histórias de vida no espetáculo Memória na ponta dos dedos. A peça é uma realização do Grupo de Pesquisa Teatral Signatores, formado por pesquisadores ligados a Universidade Federal do Rio Grande do Sul que buscam investigar o teatro e a educação com pessoas surdas. A montagem foi construída dentro da Oficina de Teatro para surdos. Por meio de entrevistas realizadas com os atores, o grupo criou um espetáculo dividido em três eixos: infância, primeiro contato com a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e desejos para o futuro. Em cada um desses momentos, são abordadas questões marcantes na vida dos surdos, como idas ao médico, incompreensão de familiares e amigos, escolha entre escola inclusiva ou escola para surdos, uso de aparelho de surdez, a construção de uma identidade dentro de um grupo, entre outras temáticas. A atração é encenada em Libras e terá o apoio de um narrador-personagem, que acompanhará os ouvintes pela narrativa. Riso, drama, sátira e crítica são alguns dos elementos que se compõem a peça Memória na ponta dos dedos, um convite para compreender o mundo a partir da percepção daqueles que escutam com o olhar e expressam suas identidades através do corpo e da alma.

26/01/2014 às 20h na Galeria 3 – Teatro Cego (SP) – O grande viúvo – é um espetáculo inédito no Brasil em que a apresentação acontece em um local completamente escuro, fazendo com que os espectadores, sem poderem contar com a visão, tenham que se valer de todos os seus outros sentidos (olfato, tato, paladar e audição) para compreenderem o conteúdo da peça. Um espetáculo com forte apelo social que conta com deficientes visuais no elenco e na produção.

Atividades paralelas

Mesa 01: Arte e inclusão: deficiência, corpo e diferença
Data: 22/01/2013, das 14h30min às 17h30min.

O objetivo da mesa de discussão é problematizar as formas hegemônicas de fazer arte, que apontam um corpo “ideal” como protótipo da construção dos espetáculos. Rompendo com os limites da homogeneidade dos sentidos, a mesa trará uma discussão sobre outras noções de corpo e diferença, andentrando assim para o conceito de deficiência para além das limitações corporais. Com um outro olhar sobre os processos que historicamente construíram a deficiência com base nas “limitações corporais”, a mesa abordará a temática sob o prisma da diferença e, a partir disso, realizará proposições das formas possíveis de inclusão pela arte. Ou seja, a mesa possui uma dupla tarefa: a primeira, de desconstruir a noção de deficiência e corpo a partir da quebra do conceito hegemônico de sentidos; segundo, de refletir sobre as possibilidades e limites da arte na tarefa da inclusão das pessoas com deficiência.

Para isso, convidará atores que estão participando da Mostra e outros acadêmicos e artistas envolvidos com a temática para, em um debate entre aspectos teóricos conceituais e práticos, produzir elementos para repensar as formas como a arte pode servir como ferramenta de inclusão e transformação social.

Panorama: sabemos da capacidade (ou da possibilidade) da arte em transformar a sociedade ou, em pelo menos, propor outros olhares sobre as diversas facetas da vida social. Porém, temos visto que ela ainda está centrada em certos padrões de construção de sua “cena” que não levam em consideração as diversidades das experiências e das vivências corporais. Ainda, notamos a importância da inclusão das pessoas com deficiência, seja como espectadoras de espetáculos, seja como protagonistas deles, no setor de arte e cultura. A 1a. Mostra de Arte Sensorial e Inclusiva do DF também tem esse desafio e reuniu grupos e companhias que dialogam com a temática e rompem com os padrões de “corpo perfeito” e a mesa pretende utilizar esse conhecimento acumulado para levantar a discussão na sociedade em geral.

Público alvo: estudantes (especialmente de artes) do DF e entorno; profissionais da arte e cultura do DF; gestores de políticas públicas; militantes de movimentos sociais; população em geral.

Valdemar Santos – Cia Dança Eficiente (PI)
Paulo Braz – Expressividade cênica para deficientes visuais de Londrina (PR)
Éverton Pereira – doutor em antropologia (UnB)
Outra pessoa (precisamos definir)

Mesa 02: Políticas de Inclusão
Data da mesa: 24/01/2013, das 14h30min às 17h30min.

O objetivo da mesa de discussão é apontar as várias formas como o Estado brasileiro vem trabalhando com a questão da diversidade corporal e das experiências da deficiência, especialmente no que tange o acesso à arte e a vida em sociedade. Propomos, com essa mesa, instrumentalizar a plateia quanto as políticas em curso e promover um debate frutífero entre as várias instâncias da organização democrática sobre futuros das ações de integração de pessoas com deficiência. Especificamente, o objetivo é construir um panorama atual das políticas de inclusão e projetar perspectivas e desafios futuros, tendo como panorama o debate entre as experiências bem sucedidas e as inúmeras possibilidades inerentes da vida plena das pessoas com deficiência aos direitos sociais, especialmente ao acesso à arte e a cultura.

Panorama: sabemos das mudanças paradigmáticas trazidas pela Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência no que tange à garantia de direitos dessa população e temos dimensão dos avanços promovidos pela implamentação do Plano Nacional Viver Sem Limites. Ao mesmo tempo, temos conhecimento dos imensos desafios de tornar realidade que estes dois documentos apontam na transformação da qualidade de vida da população com deficiência no Brasil. Também, temos consciência da importância de ações no campo da arte e da cultura na garantia dos direitos das pessoas com deficiência e apostamos que a descontrução de algumas categorias são essenciais para que possamos construir uma sociedade mais inclusiva e menos limitadora das potencialidades individuais. A proposta da 1a. Mostra de Arte Sensorial e Inclusiva do DF é uma iniciativa que visa contribuir nessa questão questão e a mesa aqui proposta é uma das etapas da reflexão.

Público alvo: população em geral, especialmente sujeitos envolvidos com políticas públicas no DF (gestores e produtores culturais, gestores de outras políticas), estudantes universitários e integrantes de movimentos sociais.

Representante da Secretaria Nacional de Direitos Humanos
Representante da Subsecretaria de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência do GDF
Representante do Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência (CONADE)
Representante do Conselho Distrital dos Direitos das Pessoas com Deficiência do DF (CODDED)

Data a definir – Mesas redondas sobre deficiência, arte, educação e inclusão para professores das Redes Públicas de Ensino e gestores da área de educação e cultura do DF.

ccbb

Serviço Mostra de Arte Sensorial e Inclusiva
Data: 21 a 26 de janeiro de 2014
Local: Centro Cultural Banco do Brasil (setor de Clubes Sul, Trecho 2, Lote 22)
Os espetáculos são gratuitos (mediante retirada de senhas)
Classificação indicativa: 12 anos