MPB Petrobras abre temporada com Henrique Neto, Roberta Sá & Trio Madeira.

Roberta Sá. Foto: Pedro Henrique Sassi.
O projeto MPB Petrobras abriu a temporada de 2011 em grande estilo e lotou a Sala Villa-Lobos na última sexta (18 de fevereiro) com o show de Roberta SáTrio Madeira.

A abertura da apresentação ficou por conta do violonista Henrique Neto, com seu violão de sete cordas, uma vara de condão nas mãos do sensível artista de 23 anos, que funde samba, jazz, choro e ritmos africanos com leveza e personalidade e prova que Brasília é um grande berço de virtuoses da música instrumental.

Henrique Neto. Foto: Paula Pratini.

Tempo Feliz (Baden Powell e Vinícius de Moraes) foi executada com a acompanhamento do percussionista brasiliense Rafael dos Santos, que deu à composição um ar ainda mais nobre. Em seguida, Henrique apresentou La Catedral (Agustin Barrios), uma melodia que tomou a plateia em um crescendo dominado pela sensibilidade do músico que traz em si elementos que fundem violão cigano e graves de baixo.

“A minha trajetória dentro da música começou dentro do choro. Meu pai é o Reco do Bandolim, que vem desenvolvendo um trabalho maravilhoso no Clube do Choro“, comentou diante do mentor, presente na primeira fila com brilho nos olhos.

Em seguida apresentou Odeon (Ernesto Nazareth) e um pout pourri de Luíza (Tom Jobim) e Modinha (Vinícius de Moraes) em um raro momento que tomou a plateia e o músico de emoção. Para finalizar a apresentação, Rafael dos Santos voltou ao palco para juntos executarem Lamento do Morro (Garoto).

“Em março vou lançar meu disco e vai ser um prazer divulgá-lo para pessoas tão sensíveis como as que estão aqui”, encerrou Henrique com um gosto de quero mais.

Roberta Sá. Foto: Pedro Henrique Sassi.

Após um breve intervalo, eis que adentram no palco os músicos do Trio Madeira e dois percussionistas vestidos de branco pelo estilista Ronis Hansen. Roberta Sá surge tal qual uma divindade em look Isabela Capeto e entoa músicas de Roque Ferreira, compositor do Recôncavo Baiano em interpretações que fundem diversos ritmos brasileiros e africanos.

A cantora e o Trio Madeira (Ronaldo do Bandolim no bandolim, Marcello Gonçalves no violão de sete cordas e José Paulo Becker no violão) fizeram uma linda homenagem.

“Muita gente pergunta o porquê da gravar composições do Roque. São três cariocas e uma potiguar e a gente fez pela música e por este universo dele. Convidamos vocês para entrarem neste universo com a gente”, emendou ao justificar o tributo alquimíco que transita do coco à ciranda, do tango ao afoxé, com momentos de fortes atabaques acompanhados pelas palmas do público.

“Gostaria de agradecer ao projeto MPB Petrobras, pois pra gente é um prazer fazer shows no Brasil todo com ingressos a este preço. É tudo o que a gente quer nesta vida”, comentou antes de encerrar a apresentação que resgata a cultura popular e lhe dá uma roupagem peculiar com a qual todos os brasileiros se identificam.

No backstage Roberta reafirmou a importância do projeto e citou uma frase de Gilberto Gil: “O povo sabe o que quer mas o povo também quer o que não sabe”.

A cantora revelou que vai continuar com a turnê do disco paralela a uma outra, em que interpreta composições de Chico Buarque ao lado de outras cantoras da MPB. Em maio e junho segue para a Europa e em setembro para o Japão. Roberta Sá e o Trio Madeira vão aguçar os sentidos de plateias privilegiadas em ouvir uma diva e um trio que levam bandeira do Brasil com propriedade.